C10 | Comida

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Meu orgulho é tudo que tenho
Estou dizendo, amor
Por favor, tenha piedade de mim
Pegue leve com meu coração
Mesmo que não seja sua intenção me machucar
Você continua acabando comigo

Mercy | Shawn Mendes

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Leif

- Leif, seu estado está ficando completamente deteriorado. Preciso do dinheiro.

- Espere só um pouco, por favor. Só mais alguns meses e terei tudo.

- Nós não temos a porra de alguns meses!

- ... - Merda. Cerro os punhos, forçando a voz a permanecer firme. - Vou dar um jeito.

Contorno a esquina da cafeteria em passos calmos contrariando a ansiedade irritante e empurro a porta giratória temática. O cheiro de grãos recém torrados preenche o local num aroma nostálgico. As paredes divididas em partes por tinta bege e papéis de parede floridos criando um contraste inteligente com as mesas rústicas de madeira. Oswer, infelizmente, estraga o ambiente, encostado no balcão, tomando seu café como o babaca despreocupado que é.

Não sei como não desconfiei que não fosse irmão de Simon. O tom de loiro dele parece ridículo caso preste atenção suficiente. Ridiculamente falso. E fora isso, os dois não tem nada em comum. Talvez eu seja mais burro do que meu ego me deixou notar. Observo-o por um segundo, procurando pontos fracos. Ombros relaxados e pés totalmente desequilibrados, embora eu tenha certeza que viu quando entrei.

- Desembucha. - É a primeira e única coisa que digo para ele pelos cinco minutos que seus olhos passeiam por mim.

- Uh, nenhum indício que você tenha caído na cama daquela vadia ainda, impressionante.

- Adeus. - Viro as costas, pronto para deixá-lo afundar na própria merda.

Sim, Nylah é uma mulherzinha mandona e um labirinto de conflitos na forma de uma mulher, mas xingar alguém pelas costas não passa de um ato covarde que não merece atenção. E ouvi-lo se referir à O'Connel nesse tom nojento faz com que a vontade de socar seu rosto fique maior.

Pelo menos o trabalho de pés e equilíbrio dela estão milhares de níveis acima do seu, canalha.

Inclino a cabeça para trás ao ouvir a cadeira arrastar pelo chão perfeitamente limpo, mesmo que seja de tarde e o piso deveria estar cheio de migalhas de lanche à essa altura. Oswer agarra o encosto e senta, preguiçoso. Ergo a sobrancelha e, suspirando, sento em outra, sem ter uma opção melhor já que preciso saber o que esse idiota quer.

Um pequeno frasco de vidro brinca entre seus dedos e desliza pelo tampo de madeira.

- Isto - O maldito sorri em divertimento. - é o que você vai colocar na comida de Nylah O'Connel quando tiver uma abertura.

- Não. - Empurro o recipiente de volta pela mesa. - Não vou usar veneno, essa covardia está além do meu limite.

Oswer sorri, zombando silenciosamente.

- Pensei que um assassino formado em química fosse mais flexível quanto à esse tipo de tentativa.

Nossas cadeiras são próximas o suficiente para que ele sinta a ponta da faca quando a pressiono contra seu estômago.

- Pensei que pessoas como você fossem mais espertas. Investigar meu passado não é um bom começo para prolongar a própria vida, Oswer. - Respondi numa voz cortante.

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