C11 | Paz, por enquanto.

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Diga o que quiser, eu não desisto
Deixe meus lábios correrem,
fugir com meu sorriso
Eu digo o que eu quero
quando eu quero
Pego o que eu quero
quando eu quiser
Você diz que eu sou muito selvagem, mas, baby, esse é apenas o meu estilo

No filter | Black Coast feat.
Madison Love

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Nylah

Espreguiço o corpo perfeito, admirando o cruzar das pernas expostas quando me ajeito no assento próximo à piscina de águas turquesas. Deveria chamar Leif para treinar comigo algum dia. Se eu alimentá-lo bem talvez consiga fazer com que fique ainda maior. Que pensamento aleatório. Deslizo os dedos entres as mechas de cabelo molhado.

Tenho a impressão de que deixei minhas emoções aflorarem em demasiado. Patética. Pareço patética perdendo o controle desse jeito. Julguei que conseguiria dobrar um assassino como dobro um homem normal. E confiei demais.

A realidade não é um parque de diversões, afinal.

Ódio e rivalidade são comuns no meu meio. Cresci como a princesa da máfia. Organizações diferentes sempre lutam por espaço, trabalhos, conquistas e territórios. Nesta grande família nós protegemos uns aos outros e destruímos as ameaças de fora. Mas se você trai a sua família, isso também não te torna uma ameaça de fora?

— Sua cara séria me dá medo. Pare com isso. — Frédéric bate o dedo no vidro, da mesinha redonda, de forma ritmada. Encara o tablet em minhas mãos igualmente observaria o mensageiro da morte. — Se ia ficar tão irritada, então não deveria ter mandado espionar Bradford.

Irritada? Um sorriso lento espalhou-se por meus lábios, abrindo espaço para um risada. Ah, não. Isso acabou de ficar divertido. Desafios são competições sem regras. Sempre vencer, não importa a competição. É minha primeira regra. E Leif tornou-se o desafio número um da lista. Observo o frasco de vidro correndo pela mesa de madeira do café, graças as gravações das câmeras de segurança facilmente obtidas. Então estão te mandando me envenenar, anjinho. Que falta de criatividade.

Possuo uma longa experiência com confiança. De forma proporcional, a confiança aumenta em igual medida que a visibilidade do todo diminui. Percebi que deveria prestar atenção em Leif assim que as fotos dele com Oswer foram entregues. Não vou me permitir perder a visão de toda a situação. A pequena parcela de confiança que recebeu ainda não é o suficiente para deixar tudo nas suas mãos.

Achou que eu sentaria quietinha e assistiria, perdendo todo o trabalho sujo? Apenas esperando você me entregar o homem por trás de tudo? Sorri. Assassinos não deveriam ser tão inocentes.

— Seguiu Oswer? — Indago Fred, parado ao meu lado, aguardando a deixa para falar ou recolher o tablet. Sempre o empregado eficiente, embora tenha o infeliz costume de dizer o quanto pareço assustadora, de vez em quando.

— Sim. O sujeito sabe evitar as câmeras dos estabelecimentos por meio dos pontos cegos, porém, felizmente, temos vários informantes pela cidade. — Ele puxa o elástico de cabelo. Ajeita a gravata. O vídeo na tela começa a repetir para o início, com todas as outras partes do dia a dia cortadas e apenas as importantes selecionadas. Fréderic bate o dedo novamente na mesa de vidro. — Esse sorriso também é assustador, só para a sua informação.

— Faça um resumo, não temos muito tempo até Bradford voltar com a comida. — Aceno, pedindo para que ele ande logo. Ignoro a observação. Porque não sou assustadora. Linda, incrível, astuta e maravilhosa, nunca assustadora. Pelo menos não agora.

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