Quando eu abri a porta do meu apartamento para o Luis Henrique, eu esperei todos os tipos de reações vindo dele, imaginei que ele surtaria, gritaria comigo, imaginei até um desmaio, mas nunca por momento nenhum eu imaginei que ele perguntaria se o bebê era dele. No mesmo momento eu quis responder a ele que não, que era do meu vizinho, mas alguém teve uma reação mais rápida que a minha.
— Ah não, ele pediu. - eu ouvi a voz de Lucas dizer atrás de mim.
Foi o tempo de eu pensar de onde a sua voz vinha para eu ver ele passando por mim e deixando um soco no nariz do próprio irmão. Rick caiu ao chão, provavelmente por não estar esperando o movimento e eu fui pra sua frente, não para protege-lo, mas sim porque não queria que aquilo virasse um show para meus vizinhos.
— Todo mundo pra dentro. Agora. - falei indicando a porta por onde Lucas entrou sendo seguido por Luis e por mim que fechei a porta atrás de mim.
— Lucas! - Ouvi Beatriz, falar quando entramos no apartamento.
— Eu não entendi - Lucas falou - O plano não era socar meu irmão?
— Era um plano meio que não literal filho. - Nick falou.
— É não era literal, mas ele mereceu. - Kyle falou.
— Eu também achei. - meu outro irmão respondeu na sala.
— Eu ainda não entendi muitas coisas aqui. - Rick falou passando a mão no nariz onde seu irmão tinha batido.
— Toma querido, coloca ai pra não ficar roxo. - minha mãe falou entregando um pano com pedras de gelo dentro pra ele colocar no nariz - Acho que vocês deveriam conversar filha.
— Também acho. - meu pai falou.
— No seu quarto filha, só vocês.
— Ah não Nalu. - meu pai reclamou.
— Ah sim Bruce. - falou com o ar de mãe que fazia qualquer um obedecer a ela - E Ninguém vai ouvir atrás da porta viu?
— A gente te dá cobertura pai. - Kyle falou pro meu pai.
— Isso ai quando sua vez chegar eu vou fazer bem pior com vocês tá? - ela falou apontando pros meus irmãos e Lucas - E vocês Bruce e Nickolas, eu e Beatriz sabemos como resolver isso com vocês depois. Agora vão vocês.
Eu não esperei pra ver a replica do meu pai, ou o quanto ele resmungaria por conta daquilo. Eu me virei e segui para o meu quarto sem olhar para trás esperando, torcendo para que Rick tivesse atrás de mim, o que eu não tinha certeza de se ele estava ou não. Quando cheguei ao fim do corredor onde meu quarto ficava eu abri a porta e então senti que ele estava atrás de mim, entrei no quarto deixando a porta aberta para que ele passasse por ela. Ele entrou e fechou a porta atrás dele e trancou com a chave.
— Antes que você pergunte - falei iniciando aquela conversa - Sim são seus.
— Meus? - ele perguntou.
— Seus Luis Henrique, mas se acha que não podemos fazer o teste de DNA agora, ou assim que eles nascerem. - falei me irritando mais do que deveria.
— Não estou duvidando de você Ava. - falou se sentando na ponta da minha cama - Eu estou questionando quanto ao plural.
— Ah, é porque são dois. - falei me esquecendo do impacto que isso tinha me dado ao primeiro momento e que provavelmente era o mesmo que ele estava tendo agora.
— Dois. - ele repetiu.
— É. Se você puder parar de repetir todas as últimas palavras das frases que eu estou falando eu agradeço e te conto toda a história. - falei - Quer dizer depois da parte de como eles vieram parar aqui porque essa parte você sabe.
— Sei. - falou respirando fundo.
Então eu contei a história toda pra ele, claro que omitindo as partes onde eu originalmente falaria mal dele, mas contei tudo e quando cheguei na parte do desmaio ele reagiu me perguntando se nós três estávamos bem e aquilo quase baixou minha guarda, mas eu não deixaria isso acontecer tão fácil, e então eu contei do primeiro ultrassom e de que os bebês estavam bem, que eu já tinha passado por outras ultra e que tinha fotos deles. Eu pedia em todas as consultas duas cópias das fotos, assim eu entregaria para ele, então eu caminhei até a caixinha que eu guardava tudo pra ele.
— Essa caixinha é sua. - falei entregando - Tem uma cópia de tudo, desde o primeiro exame até todas as fotos dos ultrassom. Eu anotei a quantidade de semanas atrás delas porque nem eu entendo isso de semanas muito bem.
— Obrigado - foi tudo o que ele me disse antes de abrir a caixinha. Rick olhou papel por papel que tinha ali, foto por foto, lembrança por lembrança e quando chegou na última eu vi que ele chorava. - Sabe eu vim aqui hoje pronto pra brigar com você, porque seu irmão, aquele boca de sacola me disse que você não estava vendo sua família e eu jurei que a culpa era do que tinha acontecido, mas agora eu não sei nem o que te dizer.
— Em partes a culpa é do que aconteceu. - falei.
— Você se arrepende? - ele perguntou.
— Deles? Em momento nenhum. - falei.
— E do resto? - perguntou.
— Eu não penso no resto. - menti, porque eu não diria pra ele que eu estava me esforçando todos os dias para esquecer da existência dele, enquanto torcia todos os dias para ele aparecer.
— Já da pra sentir? - perguntou.
— Ainda não, minha medica disse que provavelmente no próximo mês eu vá sentir. - falei.
— Eu posso tocar? - perguntou.
Antes que eu pudesse responder ele ouvimos batidas na porta e minha mãe avisando que a pizza tinha chego, eu agradeci aquilo, e falei para ele que deveríamos comer. Quando terminamos de comer ainda ficamos conversando um pouco como sempre acontecia quando estávamos todos juntos e então tia Beatriz perguntou como faríamos pra dormir todos em casa.
— Você e o tio Nick ficam no quarto ao lado do meu. - Falei indicando - Meus pais podem ficar na frente e os meninos podem dormir na sala. Pode ser?
— Claro. - meu irmão mais velho respondeu deixando um beijo na minha bochecha.
— E eu? - Luis Henrique perguntou.
— Você vai ficar? - perguntei.
— Era meu plano. - Falou - Eu posso dormir no seu quarto pra caber todo mundo aqui.
— Mais não vai dormir no quarto dela mesmo. - meu pai falou - Kyle, dorme com sua irmã.
— Desculpa te falar tio, mas o que eu poderia fazer com sua filha que tiraria a inocência dela eu fiz, ela está com dois filhos meus dentro dela.
E foi Luis Henrique terminar a frase pra receber um belo de um empurrão do meu pai e eu pensar que um dia eu contaria isso pras duas crianças que eu carregava em meu ventre.
— Tudo bem. - meu pai falou e eu olhei pra ele surpresa - Kyle, dorme na cama com sua irmã, o Rick vai dormir no colchão do lado da cama, e do seu lado da cama, ta filho?
— Pode deixar pai.
Eu soltei uma sonora risada, antes de caminhar pro meu quarto pensando que até essas crianças nascerem meu pai me deixaria doida.
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Predestinada
RomanceSem nenhum laço sanguíneo entre eles Ava e Rick tinham sido criados como primos. Luis Henrique Stone, ou Rick, sabia que seu coração e seu destino eram de Ava Smith, mas por conta de toda a relação familiar entre os dois, Rick deixava esse sentimen...