Capítulo 7

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Meus primos e os irmãos da Ava chegaram na minha casa fazendo a algazarra de sempre e logo estávamos todos na sala de cinema enquanto um filme de guerra passava na telona, e ali parecia que nada de ruim tinha acontecido nos últimos dias

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Meus primos e os irmãos da Ava chegaram na minha casa fazendo a algazarra de sempre e logo estávamos todos na sala de cinema enquanto um filme de guerra passava na telona, e ali parecia que nada de ruim tinha acontecido nos últimos dias. Era como se tudo estivesse normal, meus primos jogados no chão tirando sarro da Karol que chorava pela morte de um personagem, meu irmão, puxando as cobertas de todo mundo só para mostrar o quanto era chato, Kyle e Kaleb jogados num canto da sala cada um com seu celular nas mãos e dividindo um balde de pipocas e eu e Ava dividindo um pufe no chão, cobertas e pipoca, ali era meu lugar de segurança, onde nada me atingia.

Eu tinha ciência que meu lugar de segurança não era aquela sala, ou aquela casa, aliás, meu lugar de segurança nem era um lugar, era uma pessoa, era Ava. Parecia que tendo ela ao meu lado tudo se tornava fácil, simples. Eu sabia também que isso devia ser resultado de todo o amor que eu sentia por ela, porque eu tinha certeza que eu não sou simplesmente apaixonado por Ava, eu a amo e entre uma coisa e outra há uma grande diferença, eu já pesquisei no dicionário.

A Paixão é um sentimento humano, que costuma surgir quando um indivíduo encontra alguém que admira e faz com que seu coração bata mais forte. No entanto, o sentimento de paixão não é eterno, já o amor, pra mim não teve ninguém que o explicou tão bem quanto Camões quando ele disse "Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer."

E eu sabia que o que eu sentia por Ava não era passageiro, não era "fogo de palha" e não, eu não estava confundindo meus sentimentos, eu a amava, tanto, que eu sacrificaria a minha própria felicidade pela dela, e era isso que eu fazia constantemente escondendo meus sentimentos, é bem nesse ponto que entendia o trecho "é ferida que dói, e não se sente".

Eu fazia suaves carinhos no braço de Ava enquanto o filme passava na tela e eu refletia sobre meus sentimentos quando senti ela se arrepiar.

— Com frio? - Perguntei cochichando em seu ouvido.

— Um pouco - foi o que ela me respondeu enquanto abraçava o próprio corpo.

— Vem cá. - Puxei o cobertor para cima de nós dois e a passei o meu braço embaixo do seu pescoço, e a abracei.

Ava mais do que rápido virou seu corpo e descansou sua cabeça em meu peito, bem em cima do meu coração e eu fiquei pensando se ela conseguia ouvir o quão descompassado ele estava de estar assim com ela.

— Você está enfartando Rick? - Ela perguntou colocando a mão ao lado do seu rosto e sentindo por meio dela meu coração bater descompassado.

— Tudo bem comigo. - Falei.

— Seu coração está acelerado, bem acelerado. - Falou.

— Eu sei. - Falei voltando meu olhar para ela.

Foi como se meu olhar atraísse o dela porque em questão de segundo o olhar de Ava se voltou ao meu. Passamos algum tempo ali, um perdido no olhar do outro, os sons que estavam presentes na sala, as luzes que vinham do filme, nada do que acontecia naquele momento, éramos só nós dois ali e então aqueles olhares presos um no outro evoluíram, Ava levou a mão que até então estava em meu peito até o meu rosto e ali começou a acariciar, e eu puxei mais ainda o corpo dela em direção ao meu. Ava levantou mais seu rosto em direção ao meu e eu abaixei o meu em direção ao dela e então nossos lábios se encostaram. A mão de Ava foi rapidamente aos meus cabelos, onde ela agarrou e as minhas foram as duas para as suas costas onde comecei a acariciar. O beijo que era um simples selinho evoluiu rapidamente para eu saciando meus desejos, mas então todo o encanto foi quebrado por meus primos e irmãos batendo palmas que o filme havia acabado.

Ava voltou a deitar em seu lugar, agora um pouco mais longe de mim e eu me levantei para pegar o controle para colocar outro filme que foi o escolhido pela minha prima, "O diário de uma paixão" começava a passar na tela quando voltei ao meu lugar e Ava ressonava baixinho enquanto dormia agarrada a coberta.

Eu me deitei ao seu lado e fiquei alternando o olhar do filme para ela e pensando que ela não fazia ideia de como aquele momento tinha bagunçado tudo dentro de mim. Tirando tudo do lugar, tornado todas as certezas incertezas e todas as incertezas em certeza absolutas. Eu sabia que daquele momento em diante tudo mudaria. Eu tinha experimentado seu beijo e sentido seu sabor e eu sabia que aquela pequena dose não seria suficiente para aplacar meu sentimento, mas eu sabia também que jamais forçaria o meu sentimento garganta a baixo em Ava, então eu voltava ali à estaca zero.

Eu seguiria a amando em silêncio, venerando em silêncio e sendo seu maior torcedor. Viveria o que disse Camões "É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade." porque amar Ava me matava a cada dia e eu morria todas as vezes sorrindo.


No dia seguinte a leitura do testamento do avô Luis não foi nada surpreendente, foram deixados os imóveis para vovó, meu pai e meu tio, ele deixou também um valor em dinheiro para cada um, para o tio Bruce ele deixou uma casa e dinheiro algumas coisas de valor sentimental foram divididas entre os netos, Lucas ficou com a primeira moto Stone feita, eu achei justo, Rafael com a coleção de livros e a caneta especial dele, um relógio e a chácara foi deixado para Karol, JP ficou com a pistola de estimação do vovô, para Ava ele deixou um apartamento na cidade vizinha, um que tio Victor chamou de batcaverna, e para mim ele deixou os diários que ele tinha da época de fundação da Stone Motors, Kyle e Caleb também tiveram sua cota e ganharam a coleção de relógios do vovô.

A Stone Motors foi deixada ao meu pai e meu tio, com a condição de em um ano eles escolherem um dos netos para administrar, e era aí que eu entrava. Eu me dedicaria ao máximo para que no fim daquele um ano eu fosse o administrador da Stone, eu seria o CEO dela um dia, mas enquanto isso não acontecia eu me contentava em ser o COO.

Quando a reunião acabou, vovó fez com que todos nós ficássemos para que tivéssemos um almoço de família, eu tentei contestar já que tudo que eu queria era ir pra casa e me afogar naqueles diários que meu avô tinha deixado para mim porque eu sabia que a partir do momento que eu começasse a ler um deles, tudo mudaria.

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