Predestinada

Capítulo 3

Me convencer a viajar nem foi uma tarefa tão difícil para o Bruce, foi só ele colocar num lado da balança todas as possíveis coisas que poderiam acontecer com a Ava sozinha em uma cidade grande que eu mais do que rápido já tinha arrumado minhas malas e enchido o tanque do carro, claro que pra me convencer a viajar ele teve que arrumar alguém pra ficar no meu lugar na Stone Motors e isso ele conseguiu fácil, meu pai faria o meu trabalho, já que segundo meus pais eu precisava de uma vida além da empresa, e foi com toda essa pressão psicológica que na sexta feira eu estava com minhas malas prontas buzinando em frente a casa da Ava. 

-Minha filha não chama buzina moleque. - Bruce disse saindo de dentro da casa carregando uma das malas de Ava. 

-Nunca disse isso, mas acho que o senhor chama, já que toda vez que venho aqui e buzino você sai. - falei caçoando dele. 

-Moleque petulante, um dia eu acerto um tiro na sua bunda. 

-Ameaçando o Rick de novo papai? - Ava falou saindo de dentro da casa. - Oi Rick.

-Uma ameaça por dia, não posso deixar baixar minha média. - ele disse.  

-Oi Ava, só essa mala? - perguntei. 

-Jamais. - afirmou - Kyle e Caleb estão descendo com as outras duas. 

-Ava, é só um fim de semana. - lembrei ela. 

-Eu tenho as roupas da apresentação, por isso tanta coisa. - falou dando os ombros. 

-Tudo bem. - falei pensando que tinha acertado ao pegar um carro com o bagageiro grande. 

-Oi Luis Henrique. - Kyle e Caleb me cumprimentaram saindo da casa juntos.

-Oi. - respondi. - Tudo pronto?

-Sim. - Ava respondeu. - Cadê a mamãe? Ela não vai me dar tchau? 

-O drama eu tenho certeza que você puxou do seu pai. - Nalu saiu falando. - Oi Luis, como você está querido? 

-To bem tia, e a senhora? - perguntei. 

-Cada dia mais doida por culpa desses quatro, mas estou bem. - falou indo se despedir de Ava, quem via toda a comoção achava que nunca mais voltaríamos. 

-Luis Henrique Stone, estou entregando minha filha nas suas mãos, se Ava voltar com um arranhão, qualquer um que seja, ou se um fio de cabelo dela estiver fora do lugar pode ter certeza que eu vou provar pro seu pai quem é melhor atirando, então já aviso, muito cuidado. - falou Bruce me ameaçando como sempre fazia. - Façam boa viagem, e lembre sua amiga de me ligar quando chegar lá. 

-Claro. 

-Tchau família. - Ava falou entrando no carro. Dei um último beijo em tia Nalu e entrei novo carro logo após ela, logo o barulho do motor foi ouvido e nós dois pegamos a estada. 

Uma coisa que eu amava em Ava era que poderíamos ficar quietos horas um na companhia do outro, ela parecia saber quando eu precisava do silêncio e eu saber sobre ela, era natural. E foi no nosso silêncio reconfortante que fizemos a viagem, que era curta, cerca de uma hora, e logo entramos na cidade.

-Você sabe onde é o hotel, certo? - perguntou Ava - Se quiser posso colocar no GPS. 

-Não precisa, eu sei onde é. - falei.  

-Tudo bem. - ela falou. - Rick posso te fazer uma pergunta? 

-Essa já foi uma pergunta, mas sim você pode me perguntar o que quiser. - falei já imaginando o tipo de bobeira que Ava falaria. 

-Certo, você é feliz? - perguntou e começou a se explicar - Não digo de estar feliz, digo de ser, tipo, você está totalmente realizado com sua vida pessoal e profissional? 

-Você sabe a resposta Ava, sabe que quanto a realização profissional essa eu só vou ter quando comandar a Stone e a pessoal, eu não sei Ava, eu sonho em um dia me casar, ter minha casa, com um quintal grande e uns filhos, talvez dois, mas eu sou feliz Ava, como tudo o que tenho e tudo o que sou eu sou feliz. - afirmei. 

-Eu queria ter essa certeza. - ela disse encarando o nada - Tem tantas coisas que eu queria, que eu desejava e nunca vou ter. Eu queria ter avós, queria ter um abraço da minha mãe, pelo menos uma vez na vida. 

-Você tem o abraço da sua mãe, sempre vai ter, porque é isso que a tia Nalu é, e quanto a avó você tem aquele velho resmungão e se quiser mais eu empresto os meus, como diz a vó Patricia "sempre cabe mais um neto embaixo das asas dela". - falei - E acho que você, mocinha, não devia estar pensando em coisas assim num dia como esse, então vamos entrar nesse hotel, tomar um banho e sair conhecer a área. 

-Ok. - ela falou cedendo, mas eu sabia que dentro de Ava ela só estava adiando aqueles pensamentos. Deixamos o carro com o manobrista do hotel e fomos a recepção.

-Bem vindos ao Hotel Riviera, os senhores tem reserva? - a atende nos perguntou assim que entramos. 

-Temos sim, no nome de Luis Henrique Stone e Ava Smith. 

-Claro, só um minutinho. - ela digitou algo e logo pegou um cartão e nos entregou. 

-Quarto 197, quarto andar, tenham uma boa estadia. 

-Obrigado. - falei puxando Ava pela mão para o elevador. 

-Aposto com você que é um quarto com duas camas, tenho certeza. - ela disse. 

-Nem vou apostar porque também acho isso. - falei. 

Quando entramos no quarto vimos que nós dois estávamos certos, realmente Bruce tinha reservado um só quarto, mas dentro dele duas suítes. Ava saiu avisando que ia desfazer suas malas e eu fui tentar arrumar minhas coisas no closet queria manter pelo menos minha parte do quarto arrumado, já que a de Ava eu sabia que seria uma zona, foi então que meu telefone tocou. 

-Oi mãe. - falei atendendo e colocando no viva voz. - Você tá no viva voz. 

-Filho vocês já chegaram? - perguntou. 

-Acabamos de chegar, Ava foi desfazer as malas e eu to tirando minhas coisas para poder arrumar no closet. - falei - Por que? 

-Filho, vocês precisam voltar. 

-Por quê? - questionei ao mesmo tempo em que Ava vinha caminhando pra perto de mim. 

-Seu avô Rick, o seu Luis passou mal e foi internado. - falou e então eu percebi que minha mãe chorava. - Filho, nós não sabemos se ele aguenta dessa vez. 

Foi tudo o que ela precisou dizer e eu não precisei falar nada pra Ava vir correndo me abraçar dizendo que tudo ficaria bem. 

Voltei meus xuxus, e já voltei pedindo desculpas pela demora, foi um ano complicado, mas em 2021 juro que vou tentar ser mais presente e organizada. 

Beijinhos