“Eu e você de novo, querida” era a frase que ressoava em minha cabeça em um looping infinito que já estava me deixando tonta, enquanto eu tentava focar em meu almoço.
- E então, como foi lá na casa do Descamps? - Simoni perguntou enquanto comia suas batatas com gosto.
- Tão ruim quanto eu achei que seria. - Me limitei a responder, voltando a focar em meu prato. Por algum motivo, eu não queria entrar em detalhes sobre esse assunto.
- Ele parece ser bem idiota. - Annick deu sua opinião, não parecendo muito interessada.
- Vocês tiveram a sorte de fazerem o trabalho juntas. Enquanto eu estou fadada a passar mais tempo ao lado daquele… - Não encontrei um adjetivo capaz de suprir minhas necessidades odiosas naquele momento. - Bem, vocês tiveram sorte.
- Mas pelo menos ele ficou charmoso com o tapa-olho. Ele é como um pirata sexy agora. - Encarei Simoni indignada pela admiração que ela foi capaz de sentir pelo crápula.
- Você delira às vezes, Simoninha. - Annick riu enquanto Simoni deu de ombros. O almoço passava sempre rapidamente, nos fazendo precisar comer sem enrolação.
[...]
As aulas seguintes foram tranquilas considerando o fato de que eu não conseguia me concentrar em nada. Quando o último sinal do dia tocou, eu me assustei um pouco, pois já havia perdido a noção dos horários.
Minhas duas melhores amigas me abraçaram antes de irem juntas embora. Eu gostaria de poder morar perto delas também.
- Vamos pra biblioteca. - Joseph Descamps apareceu em meu campo de visão, evidenciando sua expressão como uma ordem que eu, aparentemente, deveria acatar.
- Você quer começar o trabalho hoje? Loucura! Ainda temos tempo.
- Quanto antes começarmos mais rápido eu me livro de você, querida. - Ele passou a caneta que estava sendo segurada por sua mão direita por entre os meus fios longos e loiros. O tapa-olho marrom. As roupas terrosas e foscas e seu cabelo castanho e brilhante. Ele levou a caneta para entre seus dentes enquanto me lançava um sorriso irônico.
- Não vá se apaixonar. - Ele cantarolou indo até seu lugar, guardando suas coisas.
- Não há nada pelo o que se apaixonar em você.- Obviamente, nem a clara combinação perfeita de seu tom de pele levemente caramelizado pelo sol que voltou a tomar em junção ao tom de avelã tão presente em si. A forma como as cores de outono combinavam com ele parecia tão natural e intrínseca. Como se fosse algo dele. Obviamente, nem isso era um motivo para se apaixonar.
- Vamos logo. - Ele saiu da sala e eu o segui até a biblioteca do colégio.
A biblioteca era um local não muito grande, mas bem silencioso. Honestamente, o lugar possuía uma iluminação que deixava a desejar. Com certeza eu ficaria com dor na vista mais tarde. Haviam diversas pinturas espalhadas pelas paredes e tons amadeirados de marrom forte predominava o local. Os livros se encontravam dispostos pelas prateleiras e mesas e o segundo andar, possivelmente, estaria coberto por uma imensidão ainda maior de prateleiras abarrotadas de livros diversos.
Em um silêncio esquisito eu e o rapaz a minha frente começamos a procurar os livros que retratassem mais detalhadamente o cenário da Revolução Francesa. Pela importância do tópico para a França, não demoramos a encontrar uma boa quantidade de material.
- Lemos em voz alta o que for mais importante e então partimos para o resumo? - Ele sugeriu, colocando todos os livros escolhidos na mesa. Eu assenti e demos início ao combinado.
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Mixte 1963
FanficO Instituto Voltaire antes somente para meninos aderiu uma nova política de admissão: agora tornaria-se um colégio misto, forçando garotos acostumados a lidarem apenas com o mundo masculino, de repente, estarem rodeados de saias, laços e atrevimento...