Vol. 3 - Cap. 45_Oitava Semana

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Karlyle já havia se perdido antes. Talvez tenha sido naquele outono, quando tinha quatorze anos. Foi em uma reunião com a presença de todos os seus parentes, incluindo seus avós. Estava cavalgando pelas densas florestas ao sul e pelos vastos campos abertos.

Enquanto isso, Kyle, que acabara de aprender a andar a cavalo, desapareceu de sua vista. Para encontrar seu irmão, Karlyle conduziu seu cavalo na direção em que Kyle estava. A floresta do lado de fora parecia quente, mas depois que ele entrou, tornou-se um lugar completamente diferente. Árvores semelhantes se repetiam inúmeras vezes e as sombras eram ameaçadoras. Logo começou a chover e Karlyle se perdeu.

Crianças de famílias ricas e aristocratas recebem educação como preparação para várias coisas. Karlyle aprendeu desde cedo o significado de ser sequestrado ou ameaçado e outras formas de lidar com ameaças. Ele também aprendeu desde muito jovem como satisfazer seu parceiro ômega, como caçar e como encontrar pegadas de animais.

Mas Karlyle nunca aprendeu a ficar sozinho. Ele não sabia como ter medo de se perder em uma floresta daquelas. Na chuva, ele lutou para lembrar o caminho de volta em silêncio. Ele entrou na floresta para encontrar Kyle, mas não conseguia encontrar qualquer vestígios do irmão.

E antes que o céu ficasse completamente escuro, Karlyle conseguiu usar sua memória para escapar da floresta seguindo os rastros da ferradura e o formato das árvores. Se tivesse chovido um pouco mais forte, ele teria ficado em apuros.

Quando conseguiu voltar, Kyle já havia voltado sozinho para os braços da mãe. Kyle estava quieto mas quando viu Karlyle, abriu um grande sorriso. Olhando para Karlyle na chuva, Kyle perguntou se ele estava se sentindo bem. Ninguém tinha percebido que havia se perdido.

Mas mesmo que o medo e a solidão que estavam fervendo dentro dele ainda permanecessem em sua mente, Karlyle não mostrou suas emoções. Se seu avô descobrisse sobre isso, certamente o repreenderia. Então seu pai e sua mãe teriam que se desculpar em seu nome, dizendo que ele não era bom o suficiente.

Nenhuma criança gostaria de ver seus pais humilhados. Portanto, Karlyle decidiu permanecer em silêncio. O menino esfregou o cabelo molhado e caminhou até seu irmão. Então, ele gentilmente alisou o cabelo seco de seu irmão mais novo e disse que estava feliz por estar de volta.

Se afastou de Kyle alguns segundos depois, porque suas mãos estavam molhadas. Não queria que seu irmão mais novo pegasse um resfriado. Em seguida, foi para o quarto e tomou um banho.

Naquela noite, Karlyle pegou uma forte gripe. Para evitar que seu irmão também ficasse gripado, ficou sozinho em seu quarto durante toda a viagem. Mariam o disse que seus pais o visitavam todas as noites, mas ele nunca os via, então isso não fazia sentido para ele.

Nesse momento, sentiu uma solidão semelhante à que sentia na floresta, embora não estivesse perdido. Seu coração doía mais que seu corpo.

Desta forma, ele entendeu o dano causado pelas emoções. E enquanto observava os cavalos pela janela correndo pelos campos ao sol, Karlyle sabia que nunca mais queria se sentir assim novamente. Daquele dia em diante, o sorriso do menino começou a desaparecer gradualmente.

***

Depois de anunciar o noivado, Karlyle mal conseguia dormir, perseverou seguindo em frente. Desocupou a mansão e aumentou suas horas de trabalho. Tentou continuar comendo e se exercitando regularmente para não ter que interromper seu trabalho devido à tensão em seu corpo.

Fazer exercício era fácil, mas comer era um problema. Muitas vezes seu estômago doía tanto que ele tinha refluxo mesmo depois de engolir água. Então, ele se acostumou com o gosto amargo do suco gástrico. Essa foi de longe a primeira vez que lhe aconteceu algo assim.

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