Cap. 3 - Cap. 47_Oitava Semana

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"Vamos conversar um momento."

Quando ele estava prestes a sair da sala, Alice veio do corredor. Karlyle, que ainda estava confuso, olhou para Alice como se estivesse surpreso.

Então, ele olhou para sua mãe, que estava usando seu cabelo preto curto. Na memória de Karlyle, Alice sempre foi assim. Karlyle não via Alice tantas vezes por ano, vendo-a com muito menos frequência do que seu pai, Jonathan. Certamente porque ambos estavam sempre ocupados.

"...Desculpe tê-la envergonhado."

"Eu, hã, eu queria te dizer que..."

Alice ficou sem palavras. Havia uma leve ruga em seu rosto, que era tão inexpressivo quanto o de Karlyle. Seus lábios pintados de vermelho se fecharam e depois se abriram novamente. E depois de repetir o mesmo gesto várias vezes, Alice levantou a mão e cobriu os olhos. Karlyle ficou intrigado ao ver aquela expressão em seu rosto pela primeira vez.

"...Mãe?"

"Sente-se, Karlyle."

Alice, baixou a mão e disse com firmeza. Apontando para o sofá, Karlyle recusou cautelosamente.

"O Sr. Stewart deve estar esperando por mim. Tenho de voltar e..."

"Pedi-lhe para ir embora..."

Karlyle piscou. Ele não entendeu as palavras que acabara de ouvir.

"Desculpe, mas você pode repetir?"

"O noivado foi cancelado. Quero que saiba, vou contar ao meu pai, então não se preocupe."

"Mamãe?"

A voz se elevou um pouco. Era difícil aceitar o que Alice estava dizendo agora.

"O que quer dizer com isso? Não tem sentido. Nossas negociações com Stewart..."

"De qualquer forma, os requisitos não foram preenchidos adequadamente. Uma das condições levantadas eram inadmissíveis."

A voz de sua mãe parecia zangada. Foi constrangedor. Ele se sentiu muito envergonhado. Ele nunca tinha visto Alice demonstrar tantas emoções em sua vida. Ele nunca a tinha visto assim, desde que Kyle foi sequestrado.

"Lembro que não havia condições contrárias no pré-contrato."

Como havia sido assinado um acordo pré-nupcial, não havia problema com o conteúdo dos documentos que foram trocados antes do noivado. A parte comercial também foi discutida com um advogado e surgiu uma proposta de consulta. Alice balançou a cabeça. E quando ela olhou para fora da porta, disse friamente.

"A condição era que se ocorresse algum problema, o noivado seria rompido imediatamente, para prosseguir com a busca de outro parceiro mais adequado..."

Karlyle ficou intrigado. Ele pensou que tinha conseguido escapar antes de desmaiar, para um lugar fora do alcance do olhar das pessoas, mas aparentemente não era o caso. Parecia que havia muitas testemunhas oculares. Portanto, a situação atual era compreensível. Ter que se comprometer com um parceiro que parece ter muitas falhas é...

"Karlyle." Alice o chamou. Karlyle se virou. "Posso perguntar quem era a pessoa que estava ao seu lado?"

Alice disse de repente. Quando ela perguntou sobre Ash, Karlyle fechou a boca.

"Kyle me disse que é pessoa que você ama."

Karlyle franziu a testa. Seu irmão era muito adorável, provavelmente foi ele quem trouxe Ash hoje. Ele não queria que ele se envolvesse nesse tipo de coisa.

"Você não precisa se preocupar com isso."

Alice ficou em silêncio por um tempo. Ela continuou com a boca fechada, se virou e olhou para Karlyle. Os olhos azuis claros que Kyle tinha herdado se inclinaram como se estivessem com dor, enquanto olhava para Karlyle. Era como se ela fosse outra pessoa. Alice nunca tinha mostrado aquela expressão para Karlyle.

"Eu pensei que você estava bem." Alice disse em um tom baixo "Você nunca disse nada. Você nem disse que estava doente. Eu sei, foi assim que te criei. Mas Karlyle..." Alice fechou os olhos com força, como se não conseguisse superar sua dor. Seus longos cílios tremularam. O som de sua respiração foi ouvido. Então, ela inadvertidamente estendeu a mão, abaixou-a e disse:

"No momento em que soube que você estava sobrecarregado de trabalho, a ponto de desmaiar sob estresse, eu..."

Seu pai, Jonathan, certa vez disse a Karlyle que ele era muito parecido com Alice. E então Karlyle de repente se lembrou de algo com o qual ele nunca foi capaz de se identificar, porque ele realmente se parecia muito com seu pai. Depois de prender a respiração trêmula, Alice abriu a boca novamente após um longo silêncio.

"Meu pai... costumava me dizer que se eu criasse você errado, te levaria embora. Ele pensou que deveria ser assim. Ele ficou surpreso com o fato de você ter nascido do relacionamento entre Alfas. Mas eu não queria que ele ficasse com você, Karlyle. Eu sei, porque fui criada por ele."

Alice se virou. Ela ficou de costas com os braços cruzados.

"Se eu te deixasse nas mãos do meu pai, você cresceria infeliz... era o que eu pensava. Mas agora que penso nisso, não parece diferente."

Alice colocou a mão no queixo. Seus dedos tremeram.

"Você foi mais infeliz comigo."

No final dessas palavras, Alice cobriu o rosto com a mão.

Karlyle, incapaz de encontrar algo para dizer a ela, olhou para a mãe e deu um passo à frente. Então ele estendeu a mão nervosamente, sentindo-se impotente. A agitação de sua mãe o deixou muito nervoso. Mas quando Alice ouviu seus passos, ela acenou com a mão e o parou.

"Estou bem."

Alice levantou a cabeça. Então, se virou. Ele viu seus olhos azuis lacrimejantes. Apesar de sua expressão fria, Alice parecia muito triste.

"Eu fiz Kyle infeliz também. É porque eu não sou boa o suficiente. Não me atrevo a pedir-lhe que me perdoe. Mas...."

As lágrimas, que Alice estava segurando, finalmente deslizaram por suas bochechas. Quando a viu, Karlyle sentiu vontade de chorar. Parecia que algo que havia sido amarrado firmemente estava se soltando aos poucos

"Jonathan e eu te amamos muito."

Essa também foi a primeira vez que ele a ouviu dizer isso.

"Jonathan e eu éramos muito imaturos, então não podíamos ser bons pais. Seria certo não ter filhos. Mas no momento em que ouvi que você crescia dentro de mim..."

Ele podia ver as lágrimas se acumulando em seu queixo e depois caindo no chão.

"Não podíamos rejeitar o milagre que veio até nós."

Alice suspirou profundamente. Então ela fechou os olhos e respirou fundo. A mão que ela estendeu para impedir Karlyle de se aproximar ainda estava lá. Um formigamento foi adicionado ao redor de seus olhos.

"Então, Karlyle, faça o que quiser..." Alice disse com uma voz calma.

"Mas..."

"Sinto muito."

Após o pedido de desculpas, Karlyle não conseguiu abrir a boca novamente. Ele estava com um nó na garganta. Alice levantou os dedos e silenciosamente enxugou as bochechas. E enquanto observava a expressão de sua mãe voltar ao normal, Karlyle engasgou.

"Eu...."

'Eu te decepcionei mãe?' A pergunta que ele não pode fazer, permaneceu em sua boca. Mas Alice balançou a cabeça como se entendesse. As palavras de Jonathan de que ele e Alice eram muito parecidos vieram à mente novamente. Então, ela saiu da sala, tão silenciosamente quanto quando entrou.

E, finalmente, Karlyle foi deixado sozinho. Naquele espaço parado e silencioso, ele olhou para o chão onde as lágrimas de Alice haviam caído. Sua mente estava confusa. Mas ele não se sentiu triste. A dor no estômago, que apertava em intervalos regulares, havia diminuído um pouco. Mas acima de tudo, o que mais o surpreendeu foi...

Era o fato de que ele não se sentia sozinho, mesmo estando sozinho ali naquela sala.

Continua....

디파인 더 릴레이션십Onde histórias criam vida. Descubra agora