Mirror|DRACO MALFOY

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Draco's POV

Eu já estava no meio do trajeto de volta quando ouvi os gritos. Me surpreenderia se alguém não os tivesse ouvido.

Voldemort e minha mãe me fizeram ficar mais um pouco porque tecnicamente eu era considerado do círculo de confiança. Enquanto todos os outros Comensais da Morte recomeçavam o ataque a Hogwarts, eu fingia que ouvia o que conversavam, sem me incluírem em nenhum momento.

Agora, em direção à cabana, meu coração pareceu parar assim que os gritos ecoaram por entre árvores. Eu poderia dizer que, na minha vida, nunca ouvira um som como aquele. Porque eu sabia a quem ele pertencia. Não que eu já tenha a ouvido gritar dessa forma, mas era sua voz. Eu a reconheceria em qualquer circunstância. E não era um grito só de dor. Havia sofrimento e isso é o que eu mais temia.
Correndo naquele solo pedregoso e barrento até os berros, eu só pensava que Lia precisava de mim. Ela estava sofrendo, em perigo. Se eu tivesse ficado com ela, se a tivesse protegido melhor... Como a encontraram? A cabana não só era bem escondida no mato mas também protegida por feitiços. Eu nunca contara a Lia sobre eles por serem contra as regras, mas eles estavam lá por precaução desde sempre. E se ela saíra por livre e espontânea vontade... Por quê? Ela me prometera que não iria.

Idiota, eu me repreendi. É a Lia. Uma corda não a prenderia por muito tempo. O plano dela nunca foi seguir o meu de tirá-la de lá.
Raízes enroscaram nos meus pés, tropecei em troncos, desviei de arbustos até chegar ao local.

- Crucio! - Ouvi uma voz de garota esganiçada ordenar, rindo. A voz de Pansy Parkinson.

A alguns metros, eu já podia ver a cena: Pansy gargalhando enquanto torturava uma Lia ensanguentada e com uma perna quebrada em vários pontos, largada no chão, toda suja.

No intervalo que Pansy levou para pronunciar a Maldição Imperdoável novamente, Lia me avistou, os olhos castanhos molhados de lágrimas de dor. Uma cena que eu nunca pensei presenciar em minha vida, ainda mais vinda da pessoa mais forte que já conhecera.

- Draco - ela murmurou. Sua voz quase não saiu, e Pansy parou no meio do movimento com a varinha para se virar e me notar.
Eu não percebi que continuava correndo, mas a distância entre nós parecia infinita. Eu não ia chegar a tempo. Eu não ia conseguir.

Pansy deu a impressão de sorrir, como se fizesse uma coisa boa. Sacudiu a varinha e Lia foi lançada no ar.

- Pansy, não! - berrei o mais alto que pude. Meu contrafeitiço não a alcançaria dali. Só mais alguns passos, implorei.

- AVADA KEDAVRA! - Pansy amaldiçoou. Um clarão verde explodiu da ponta de sua varinha, atingindo o alvo. Foi como se tudo passasse em câmera lenta. Lia olhou profundamente em meus olhos sabendo o que ia acontecer, uma lágrima cristalina caiu e consegui ler seus lábios. Suas últimas palavras: eu te amo. E então parou com um sorriso fraco no rosto.

Eu achei que estava morrendo.
Porque a parte mais importante de mim morreu naquele momento.

- NÃO!

Lia ainda estava de olhos abertos, fixos nos meus. Enquanto ela despencava para o chão, minha visão ficou turva e alguma coisa dentro de mim foi despedaçada. Eu finalmente cheguei até ela, antes de atingir a terra, e Lia caiu em meus braços. Ela estava fria... vazia. Diferente de quem eu conheci.

Meu coração falhou.

- Lia! - falei, desesperado. Ela parecia tão frágil agora, esparramada. Não podia ser verdade. Aquilo não acontecera. - Lia, por favor, não, por favor... Você não pode me deixar. Eu preciso de você. - Por que ela não me respondia se ainda me olhava com aqueles olhos quase dourados? Porque agora ela está morta. - Não, não, não, NÃO! VOCÊ NÃO! - Pansy não parava de falar ao meu lado, eu não conseguia ouvir, não queria. A imagem da Lia sendo morta na minha frente acabou comigo. Assim que voltei a realidade, a voz irritante de Pansy entrou em minha mente sumindo com a voz doce de Lia.