Narrador
Lia estava andando pelo corredor, passando próxima ao banheiro com Dianna e Pandora quando ouviu um urro de dor conhecido que a fez arrepiar.
- Podem ir - Lia disse às duas amigas. - Eu preciso fazer uma coisa antes.
- Lia, não vá atrás dele. Nós vimos que você ficou mal naquela época mesmo não demonstrando - disse Pandora .
- Eu sei o que estou fazendo. Encontro vocês no jantar.
Dianna e Pandora assentiram e seguiram na frente. Lia se apoiou no batente da porta de forma que ninguém a visse e ela pôde observar Snape recitando algum feitiço de cura. Draco chorava de dor e isso partia o coração de Lia.
- Potter, fique aqui enquanto levo Draco para a ala hospitalar - ordenou Snape. - Curei uma parte de seus ferimentos, mas ainda não é o suficiente. Você deve ir a ala hospitalar e eu não posso te levar. Dumbledore convocou uma reunião de emergência e eu já estou atrasado.
Lia se escondeu e esperou Snape sair sem vê-la porque, se a visse, suspeitaria e sua pequena "encenação" com Draco não teria valido de nada. O garoto ainda gemia um pouco de dor. Ela se aproximou dele.
- Draco.. Ah meu Deus, venha, vou cuidar de você. - Lia apoiou Draco de forma que o sustentava e o levou a ala hospitalar. - Onde é que você se meteu dessa vez? - Lia ralhou com ele, baixo.
- Foi um acidente. Tinha que ser o Potter - resmungou Draco.
- Madame Pomfrey não está. - disse Lia a Draco. - Parece que ela teve uma emergência com um garoto da Lufa Lufa que passou muito mal. - disse Lia depois de ter verificado onde a mulher estava.
- Quer esperar ou... - Draco gemeu de dor mais uma vez.
- Ok, eu cuido de seus cortes.
Lia foi até a estante e pegou alguns remédios que conhecia. Sua mãe era médica no mundo trouxa, uma das melhores de Londres, na verdade. Lia pegou o algodão e o recipiente com o remédio, estava de costas para Draco.
- Acho melhor tirar sua blusa para eu... - ela se virou e deixou cair o algodão e o recipiente que, por sorte, estava fechado. Draco estava terminando de desabotoar a camisa, expondo seus músculos e o corte do seu peito até o umbigo. Lia começou a gaguejar e piscar involuntariamente. Draco riu da reação que ele causou nela. - Eu.. hmm.. acho melhor.. é.. - ela não conseguia formar frases completas e coerentes, apenas se abaixou para pegar o que havia derrubado.
- É incrível que mesmo depois de tantas noites juntos, ainda te causo esse tipo de reação. - ele riu.
- Na cabana estávamos a luz de velas e aqui, bom... - ela olhou para seu corpo bem definido. - Uau, quer dizer, a luz é melhor. - Após ter pego o algodão e o líquido, foi até ele. - Sinto muito, mas vai doer um pouco. - Draco assentiu. Lia passou o algodão e ouviu Draco rangendo os dentes e segurou em sua mão livre para tentar passar a dor mais rápido. Lia reparou no que havia em seu braço e após ter acabado de limpar o corte, passou a mão em seu antebraço esquerdo.
- Dói? - ela se referiu a marca.
- No começo doía. Agora não é mais constante. - Lia fez o contorno da marca. Logo em seguida saiu de seu transe e foi pegar outro remédio para o corte. Draco fez uma careta vendo o que ela ia passar.
- Não se preocupe. A pior parte já passou. - ela sorriu.
- Como você sabe tanto disso? - ele perguntou.
- Minha mãe é médica. Uma das melhores médicas trouxas em Londres. E eu venho ajudar a enfermeira Pomfrey de vez em quando. Acho bem interessante.
- Você nunca me contou de sua família.
- Você não gosta de trouxas. Não tem motivo para eu te contar. E bom, nem tem tanto a contar.
- Mas eu quero saber. Pensando bem, você conhece quase toda minha árvore genealógica e eu não sei nem o nome da sua mãe.
- Victoria. Eu era muito próxima dela e foi bem difícil deixá-la lá para vir para Hogwarts. Ela não pode me visitar aqui, e, na maioria das vezes que eu visito ela, ela tem que trabalhar e não tem tanto tempo para mim. Bom, meu pai você já sabe da história.
- Sinto muito mesmo.
- Tudo bem, eu já superei. - houve um momento de silêncio até que Draco o quebrou.
- Talita, me desculpe por ter me afastado e dito todas aquelas coisas para você em Hogsmeade.
- Eu..
- Deixa eu terminar. Eu acho que você merece saber o que está acontecendo, afinal, você é a única pessoa que eu confiaria minha vida. - ela pronunciou um som para encorajá-lo a continuar. - Quando meu pai foi preso, o mundo caiu lá em casa. Minha mãe chorava quase todos os dias. Foram dias difíceis. Minha tia, Bellatriz, disse para ela me oferecer a Você-Sabe-Quem como comensal e em troca, ele tiraria meu pai da cadeia. E assim, contra minha vontade, ela fez. Eu tive que ir, minha mãe sofria demais sem o Lúcio. Eles me marcaram com a Marca Negra e, como prova de minha lealdade, eu devo matar Dumbledore. - Lia ouvia a história atentamente. - E eu vou. Tenho que fazer. Snape deve me proteger e garantir que tudo dê certo.
- Você não pode matá-lo. - disse Lia, nervosa. - Você pode ir para Askaban ou ser morto. Você não pode. Eu vou fugir com você. Podemos.
- Talita, sua tentativa de me salvar é plausível e reconhecível, mas não é tão fácil. Eu não posso abandonar minha mãe. Eu adoraria fugir com você, mas não é tão fácil. Você-Sabe-Quem planeja uma guerra para derrubar Hogwarts, eu temo que ele consiga.
- Eu não vou deixar você ir para esse caminho.
- Eu sempre te disse. Nunca fui o mocinho. E é bem provável que eu acabe morto no final dessa história.
- Tem que ter alguma coisa que eu possa fazer para te ajudar.
- Você já me ajudou. Você me tornou mais humano, com sentimentos. A única coisa que você poderia fazer é estar ao meu lado até tudo acabar. Eu me sinto horrível por ter que fazer o que vou fazer. Você é meu consolo. Parece que tudo desmoronou.
- Podemos passar as noites na cabana, apenas dormindo juntos até o dia. - Draco assentiu.
- Me desculpe ter que fazer você passar por isso.
- Não se preocupe. - ela aninhou a cabeça de Draco entre seus braços de forma a confortá-lo em sua tristeza e decadência mental.
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Mirror|DRACO MALFOY
Hayran KurguUm vazio se instalou no coração frio de Draco Malfoy há alguns anos. Um espaço que já foi guardado por uma sangue ruim que deixou a dor sob o peito do jovem Malfoy. A arrogância de um e o orgulho do outro os impediam de admitir uma futura paixão e o...