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Draco's POV

A Marca Negra ainda doía. Lia já estava de novo com seus amigos da Corvinal e eu me dirigia à masmorra da Sonserina. Estava a três passos quando a voz de Snape me parou:

- Eu perguntaria onde esteve, Draco, se não tivesse visto.

- O quê? - Eu me virei.

- Você tem uma missão a fazer, e ela não inclui se encontrar com uma garota - Snape continuou.

- Eu estou pensando - falei. Senti um frio na espinha ao me lembrar mais uma vez de que tinha de matar Dumbledore. - Vou dar um jeito logo.

- É melhor dar um jeito em outra coisa antes. - Snape se aproximou. Não havia ninguém mais no corredor. - O Lorde das Trevas sabe que você está com aquela Corvinal. Ele quer uma prova de sua lealdade.

Eu congelei. Sabia o que viria a seguir.

- Você deve matá-la.

- Não - rosnei. - Nunca. A Lia não tem nada a ver com isso. Ela não fez nada a ninguém e não sabe o que eu tenho que fazer. Deixe-a em paz.

- Eu não vou tocar nela, Draco - disse Snape. - Você vai. Se não quer fazer isso, por que não conversa com seu próprio mestre sobre o assunto? - Ele me segurou contra a parede. - Eu jurei protegê-lo com Dumbledore, não tenho o que fazer a respeito disso.

- Eu posso fazer qualquer outra coisa, não isso - pedi. - Eu me afasto dela, mas não vou matá-la.

Snape se afastou.

- Cuidado com suas decisões, Draco.

Era o passeio a Hogsmeade e eu tinha meu plano. Meus dois planos. Não era algo bom. Eu não queria com todas as minhas forças fazer mal a Lia, mas se não fosse eu, seria alguém pior. Tentei me manter afastado dela, o que não adiantou. Eu sabia que ela estava preocupada comigo. Eu também estava. Achava que enlouqueceria uma hora ou outra. O primeiro passo a caminho da loucura foi desabafar com a Murta-Que-Geme. Pior do que desabafar, era chorar. Eu nunca chorava. Eu estava mais desesperado do que imaginava. Talvez mais desesperado do que minha mãe quando me tornei Comensal da Morte para substituir meu pai. No começo, achei que era uma honra servir a Você-Sabe-Quem, mas agora era um pesadelo.
A única coisa que me mantinha são era Lia. A única coisa que me impedia de enlouquecer completamente, eu estava prestes a matar.

O colar já estava enfeitiçado e no banheiro do Três Vassouras. Tinha marcado de me encontrar com Lia ali no pub. Sentei-me numa das poucas mesas desocupadas e ela chegou depois de uns minutos. As bebidas já estavam nas minhas mãos.

- Oi - ela disse, se sentando. Eu olhava ao redor, como no dia do Baile de Inverno. - Draco - Lia me chamou. - O que foi? Faz meses que você está estranho.

- N-nada - respondi. - Nada, Lia. Aqui - estiquei-lhe o copo envenenado. - Vamos tomar alguma coisa.

Lia pegou a taça e olhou lá dentro. Temi que ela pudesse ter descoberto o que tinha misturado.

- Tem certeza de que não aconteceu nada?

Apenas assenti. Ela levou o copo a boca, porém, quando o líquido estava quase tocando seus lábios, eu me arrependi também como no Baile de Inverno, mas dessa vez pude pará-la. Estendi o braço esquerdo por cima da mesa, já que o direito segurava meu próprio copo, e tirei a taça de perto dela. A bebida espirrou.

- Eu sabia - disse Lia. Na pressa de tirar o copo dela, a manga do meu casaco tinha subido e a parte de baixo da Marca Negra ficara visível. - Onde você estava com a cabeça pra fazer isso? Ia me matar?

- Fale baixo, Lia, as pessoas vão ouvir!

- Eu não estou nem aí! O que é que você... - ela gritou.

- Cala a boca! - levantei-me em um salto e a agarrei pelo braço, tampando sua boca.
- Vem comigo.

Arrastei-a até o fundo, no lado de fora, perto da estrada.

- Alguma explicação? - perguntou Lia, cruzando os braços.

- Não tenho o que explicar, Talita. - Lia revirou os olhos. Deixar ela irritada me dava forças de falar o que tinha que falar.

- Na verdade, tem sim. Marca Negra? Você está falando sério? Meu pai foi morto por causa dessa marca idiota. Olha, você não precisa fazer isso, se alguém está te forçando ou...

- Não tem ninguém me forçando, eu escolhi por minha própria conta e risco. Você sempre soube que eu era da Sonserina, sempre existiu a possibilidade, ainda mais que meu pai também era.

- Era?

- Era, assumi o lugar dele.

- Tinha esperanças que você não fosse como ele. Eu te conheço, Draco. - Lia disse, desesperada para que eu desistisse de toda essa loucura e era o que eu queria.

- Talita, você só esqueceu de uma coisa. Eu nunca fui o mocinho, sempre fui o bad boy, não espere que eu faça coisas boas porque isso não é do meu feitio. Se você esperava encontrar coisas boas em mim, estava completamente enganada. Falando nisso, acho melhor a gente terminar o que temos, na verdade, acabar com esses encontros ridículos às escuras, que coisa infantil - disse com uma segurança na voz que eu sabia que não era minha, tudo era mentira, mas ela precisava acreditar.

- Como é? - Lia disse, surpresa. Percebi em sua voz que ela estava a ponto de desmoronar.

- Eu nunca me importei com você, se era isso que você estava achando. Você era só uma diversãozinha para tirar o tédio e me distrair da escola. Você mesma disse isso, nós concordamos com isso, apenas diversão. Só que agora eu tenho outras diversões. E você devia ir embora agora.

Eu não poderia expressar o quanto aquilo me machucava por dentro. Algumas lágrimas rolaram pelo rosto de Lia, que não disse nada. Eu mesmo tive que segurar as minhas lágrimas por estar fazendo isso com ela, a única pessoa que, se alguém machucasse, eu mataria.
E essa pessoa era eu a machucá-la. Como o mundo é irônico. Ela passou a mão para limpar as lágrimas, se aproximou de mim, encostando seus lábios em meu ouvido e sussurrando:
- Você não tem ideia de como eu te odeio, Draco Malfoy. - Aquelas palavras me atingiram como nunca tinham feito antes. Eu realmente pude sentir o ódio dela e realmente doía.

Ela se virou para ir embora, mas antes de dar o primeiro passo, virou-se novamente para mim e com olhos completamente vermelhos, estapeou meu rosto.

- Espero que tenha um lugar horrível guardado para você no inferno.

Deu meia volta e me deixou. Isso acabou comigo, mas eu precisava me manter inteiro, tinha que deixá-la ir, era necessário, quanto mais ela me odiasse, melhor.

Mirror|DRACO MALFOYOnde histórias criam vida. Descubra agora