Ao longo da jornada de retorno a Camelot, Arthur carrega nos braços a pequena Sofia, enquanto as crianças mais fracas seguem nos cavalos. O ambiente ao redor é marcado pelo silêncio, interrompido apenas pelo ocasional murmúrio de Galahad, que percebe o cansaço e o peso emocional que Arthur carrega.
O Rei mantém um semblante abatido, suas preocupações refletindo nas paisagens gélidas que testemunham durante o trajeto. O caminho é longo, e o peso da responsabilidade pelas vidas que resgatou pesa sobre seus ombros.
Galahad, notando a expressão cansada de Arthur, pergunta com preocupação. — Arthur, quer que eu leve a Sofia? Ela parece pesar bastante para ser carregada durante toda a jornada.
Arthur, apesar do cansaço, sorri levemente e responde. — Não se preocupe, Galahad. Com minha habilidade, consigo manipular o peso dela. Parece pesado, mas para mim, é quase nulo.
Galahad assente, compreendendo o poder peculiar do amigo. O grupo continua sua jornada, com Sofia quase flutuando nos braços de Arthur, aliviando um pouco o peso de suas responsabilidades. O caminho congelado continua, mas o fardo é compartilhado entre os dois cavaleiros, enquanto avançam em direção a Camelot.
O ex-escravo, com olhos cheios de gratidão, aproxima-se de Arthur. — Senhor, não temos palavras para agradecer por nos libertar desse tormento. Como podemos retribuir sua generosidade?
— Não há necessidade de agradecimentos. É meu dever garantir a justiça em todas as terras que pertencem a Camelot. Mas fique à vontade para contar sua história. Quero conhecer as pessoas que agora fazem parte deste reino. E qual seria o seu nome? — responde com um sorriso caloroso.
— É Kaleo senhor. — Kaleo começa a narrar sua história, enquanto caminham. Arthur ouve atentamente, interessado nas experiências que moldaram aquele homem e grato por ter a oportunidade de fazer a diferença em suas vidas.
O homem começa com uma nostalgia evidente em sua voz. — Eu já fui roceiro em Rodínia, onde eu tinha meu ranchinho. Eu tinha uma vida boa com a Isabel minha patroa, e quatro filhas lindas.
Ele descreve detalhes do cenário bucólico: dois bois carreiros, muitos porcos no chiqueiro, um cavalo bom demais... Quatorze vacas-leiteiras e um lindo arrozal. A narrativa se enche de calor humano ao mencionar suas idas ocasionais à cidade para vender queijo, enquanto os dias eram preenchidos com folgas dedicadas à pesca.
Entretanto, um tom mais sombrio toma conta da história. — Na cidade, a cada quinze ou vinte dias eu ia. Mas aconteceu isso... — O homem descreve o momento em que decidiu vender o sítio. O relato ganha um tom trágico quando ele revela ter sido enganado e roubado na venda, levando a consequências ainda mais devastadoras. — Minha mulher e filhas foram abusadas e assassinadas. — Diz o homem.
A dor na voz é palpável enquanto compartilha essa terrível reviravolta. As lágrimas se misturam à sua narrativa, e o silêncio que se segue é marcado por uma mistura de pesar.
Arthur, profundamente tocado pela história do homem, coloca uma mão reconfortante em seu ombro e olha nos olhos dele com compaixão. — Sinto muito por tudo o que você passou. Nenhuma palavra pode apagar a dor que carrega.
O homem, emocionado, olha nos olhos de Arthur com gratidão. — Obrigado, senhor. Não imaginava que alguém como o senhor se importaria com a história de um homem simples como eu.
— Somos todos seres humanos, e Camelot preza pela justiça. Não deixaremos que atos tão cruéis passem por sua vida novamente.
O ex-escravo, ainda abalado, encontra algum conforto nas palavras e gestos de Arthur. — Sei que não posso trazer minha família de volta, mas agradeço por ouvir. Que Deus o abençoe, senhor.
— Que a justiça prevaleça, e que você encontre um pouco de paz no caminho que segue.
Enquanto Arthur segura a pequena Sofia nos braços, ele percebe o cansaço e tristeza nos olhos dela. Em seu íntimo, ele se comunica mentalmente consigo. — Pobre criança, carregando o peso de perdas tão grandes em tão tenra idade. Seu pai lutou até o último suspiro para garantir sua liberdade. Ela merece encontrar algum conforto, mesmo que não possa ver seu pai agora.
Ele ajusta cuidadosamente a posição de Sofia em seus braços, buscando oferecer um pouco de conforto. - Seu pai foi corajoso, Sofia. Ele nos deu a chance de mudar o destino dessas terras, e prometo que a justiça que fizemos também foi em seu nome.
Sofia, mesmo sem entender as palavras de Arthur, parece sentir a intenção por trás delas e se aconchega um pouco mais nos braços do cavaleiro. Arthur, por sua vez, carrega não apenas a responsabilidade pelas terras, mas também o desejo de trazer algum consolo para aqueles que sofreram tanto.
À medida que a noite se aproxima, Arthur e os recém libertos decidem parar para acampar. Galahad, conhecendo a importância de uma refeição adequada, se oferece para caçar alguns animais. — Vamos precisar de alguma comida para todos. Alguém quer se juntar a mim na caçada?
— Estamos acostumados a caçar, Senhor Galahad. Podemos ajudar. — Responderam alguns homens.
— Ótimo. Vamos então. Quanto mais, melhor.
Enquanto isso, Arthur organiza um local seguro para Sofia descansar, garantindo que todos estejam confortáveis durante a noite. A colaboração entre os recém libertos e os cavaleiros de Camelot cria um ambiente de cooperação e esperança, marcando uma nova fase para essas terras outrora tão sombrias.
Com o crepúsculo se espalhando pelo horizonte, Arthur toma a iniciativa de acender algumas fogueiras para ajudar todos a se aquecerem. A luz dançante das chamas cria uma atmosfera acolhedora, enquanto o calor das fogueiras contrasta com a fria noite de inverno.
Arthur, agora acompanhado por essas pessoas que reconquistaram sua liberdade, não só oferece calor físico, mas também simboliza a esperança que está se restabelecendo naquele grupo. O ambiente ao redor das fogueiras é marcado por sorrisos e expressões de alívio, pois agora estão em um caminho diferente, livre dos grilhões do passado.
Um homem, aproxima-se de Arthur enquanto este cuida das crianças. Com um sorriso caloroso, o homem que se apresenta como Henrique, sugere a ideia de compartilhar histórias em volta da fogueira naquela noite, convidando Arthur para participar. Ele comenta que cada pessoa ali tem uma história para contar, agora que são livres.
Arthur, tocado pela ideia, concorda com um aceno, pronto para ouvir as narrativas que ecoam as vivências e superações daqueles que agora partilham um caminho de liberdade. A noite promete ser repleta de histórias, trocas e fortalecimento dos laços recém-formados.
Obrigado por ler. Caso encontre algum erro ortográfico é só dizer aqui, e mais uma vez, obrigado
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Entre Espadas e Feitiços
FantasyEm Entre Espadas e Feitiços, Morgana, herdeira de um legado mágico e guerreiro, se vê em uma jornada de autodescoberta e desafios ao lado de sua fiel amiga Sofia. Enquanto a magia flui em seus corações e o perigo se aproxima, as duas enfrentam força...