Capítulo.21 - Noite de Estratégias e Apostas

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O vagão de jogos era um verdadeiro paraíso para os entusiastas do entretenimento. Mesas de vinte e um, poker e sinuca ocupavam o espaço, junto com mesas para uma ampla variedade de jogos de tabuleiro e cartas. As mesas eram feitas de madeira clara, protegidas por uma generosa folha de aço negro em suas laterais e pés. O chão, que antes era de madeira nobre em todos os vagões, agora era coberto por um carpete feito com os macios e curtos pelos de urso tigre, em uma mistura de cores preto e branco.

O design das mesas de sinuca, vinte e um e poker seguia o mesmo padrão elegante. Sem janelas à vista, o ambiente era projetado para manter os passageiros entretidos sem se preocuparem com a passagem do tempo, criando a ilusão de que a viagem era mais curta do que realmente aparentava. Luzes brancas suaves contribuíam para o clima de tempo suspenso dentro do vagão, envolvendo os jogadores em uma atmosfera de diversão e descontração.

Morgana e Sofia passavam a noite jogando com outros quatro passageiros, suas apostas incluíam bebidas raras, livros de família e joias preciosas que carregavam consigo. O clima de competição preenchia o vagão.

Morgana refletia consigo mesma enquanto jogava, observando as cartas feitas em metal flexível proporcionadas por Lara. Embora reconhecesse o propósito de dar um ar de elegância ao jogo, ela não conseguia deixar de notar a facilidade que isso lhe dava para marcar as cartas sutilmente com um pouco de energia. Essa marcação, praticamente imperceptível para qualquer pessoa, era evidente para Morgana. Isso tornava simples para ela marcar, memorizar e acompanhar as cartas de cada jogador, dando-lhe uma vantagem significativa no jogo. Sentindo-se orgulhosa de sua habilidade e trapaça bem-sucedida, Morgana continuava a jogar, mantendo seu segredo oculto dos outros jogadores.

- Mas como isso é possível?!
- Essa é a pergunta que todos estão se fazendo.
- Essa garota está fazendo algum truque! - Os jogadores exclamavam com indignação diante de suas perdas.

- Morgana, o que você tá fazendo? - Sofia sussurrava preocupada.

- Não se preocupe, eles não vão descobrir o que é. - Morgana sussurrava de volta. - Bom! Senhores e senhorita, preciso dar um pulo no toalete. Volto em alguns instantes. Com licença.

Morgana saía do vagão, dirigindo-se ao banheiro que ficava logo após a biblioteca onde havia passado a tarde. Enquanto caminhava pelos corredores do trem, ela contemplava a noite densa através das janelas. A escuridão da noite era quebrada apenas pela bela luz da lua, que derramava sobre tudo um tom prateado, semelhante aos próprios cabelos de Morgana. Essa luz lunar banhava a copa das árvores ao redor do trem, criando um cenário mágico, como uma chuva de prata sobre o deserto escuro da noite.

Foi nesse instante que um arrepio percorreu a espinha de Morgana, seus olhos captando a densa energia que irradiava da floresta. Olhando mais abaixo das árvores, ela avistou o homem misterioso. Seu corpo parecia envolto por uma energia que lembrava um mar turbulento, cheio de pura desordem e caos. Ele apontava diretamente para Morgana, acompanhando o movimento do trem.

- Mas o que?! - Se perguntava Morgana, como isso seria possível?

Morgana, preocupada com a situação, voltou à sala de jogos para buscar Sofia. - Sofi, vamos? Já está bem tarde. - disse ela, com um tom de urgência na voz.

- Sério? Nem parece... pois então vamos. - Sofia concordou, sorrindo.

Antes que pudessem sair, um dos jogadores se dirigiu a Morgana. - É Morgana, certo? - perguntou ele.

- Sim, sou eu. O que precisa? - respondeu, curiosa.

- Com quem você aprendeu a jogar desse jeito?! - O sujeito estava claramente intrigado.

- Ah, isso! Aprendi assistindo vocês jogarem. Nunca soube jogar até ver uma partida de perto. - Morgana respondeu, com entusiasmo genuíno.

Um dos homens ergueu as mãos como se estivesse se rendendo a um fim insuperável. - Tudo bem então... pode levar os seus prêmios.

- Não se preocupem com isso, podem ficar com o que ganhei. Nada disso me interessa, exceto aquele vinho antigo. Depois, deixem na minha porta. - Morgana sorriu, aproveitando a sensação da vitória.

Assim, ambas deixaram a sala de jogos e seguiram para o vagão onde estavam hospedadas, prontas para descansar depois de uma noite agitada... ou era o que Sofia achava que fariam.

Morgana e Sofia chegaram ao dormitório e se deitaram na cama. Elas conversaram por alguns minutos até que o cansaço do dia as envolvesse. Sofia foi a primeira a sucumbir ao sono, mergulhando em um estado de tranquilidade profunda sob o manto reconfortante do descanso. Morgana se levantou suavemente da cama e saiu em direção aos corredores. Ela perambulou pelos vagões mais à frente, procurando uma maneira de fazer o trem parar, de forma que parecesse um erro mecânico. Ao chegar perto da cabine, Morgana sentiu uma grande quantidade de energia natural se acumulando e se extinguindo. Com suas habilidades, ela conseguiu entender o funcionamento do motor de conversão.

- Então os motores convertem a energia natural ao redor em combustível, movendo as engrenagens sem precisar de interferências externas? Lara realmente foi genial nisso. - Pensava consigo.

Morgana abriu a tampa do motor sem grandes dificuldades, já que era feita apenas de ferro. Retirar uma engrenagem da caixa de redução do trem foi suficiente para diminuir gradativamente sua velocidade. Para garantir que o trem não continuasse, ela entortou outras duas engrenagens, evitando assim um conserto rápido. Depois de fechar a caixa manipulando a chapa de ferro, Morgana deixou silenciosamente o local do "crime".

- Certo, agora ele só vai se manter andando por causa serra, depois de algum tempo vai parar, e até lá, eu já estarei de volta. Zero problemas... eu espero.

Enquanto o trem perdia velocidade de forma lenta e constante, Morgana preparava-se para pular em direção à floresta escura, onde sabia que um ser misterioso a aguardava.

Entre Espadas e FeitiçosOnde histórias criam vida. Descubra agora