Kelvin e Ramiro são dois homens diferentes, com vidas vividas em duas estradas igualmente difíceis de se caminhar, duas experiências totalmente diferentes em todos os aspectos, e ainda assim, logo que se conheceram descobriram uma coisa que os uniam como unha e carne, uma única coisa que parecia ser o ponto onde um homem bruto da terra e um rapaz classe média alta da cidade se encontravam na mesma cor.
Não era o amor que pairou sob eles como uma densa nuvem de tempestade, ou o sofrimento que ambos haviam experimentado, nem a mútua atração que os ligou no momento em que se viram, na verdade, o que eles sempre tiveram em comum era bem mais simples e ao mesmo tempo muito mais complexo.Toque.
Kelvin cresceu num lar frio tal como uma geladeira, sem beijos de boa noite, sem histórinhas pra dormir, sem aconchego quando se tem pesadelos. O maior contato com carinho que ele teve na infância veio de sua avó, que faleceu quando ele ainda era criança.
Ainda assim, ele era o mais carinhoso dentre seus amigos, sempre abraçando todos, cuidando, ajudando, mãos dadas com as amigas, cedia seu ombro para chorarem quando elas tinham seus corações partidos.
Quando se tornou um garçom e garoto de programa, o toque perdeu o brilho, e deu lugar ao dinheiro que ele recebia por isso, tocar e ser tocado, apenas mais um dia, apenas mais uma vez.
E ainda assim, a primeira vez que ele sentiu o toque de Ramiro em si, tudo mudou. De repente, seu corpo se incendiou, o coração disparou e ele só conseguia pensar naquilo, nas mãos brutas do então peão em si.
E agora, lá estavam eles, se tocando com a intensidade de um furacão, necessitados, famintos do outro, como se o mundo fosse explodir e se acabar se eles não gravassem na memória a textura um do outro, o gosto um do outro. A cama ficava quente como brasa quando ambos estavam nela, respirações ofegantes, mãos que procuravam sentir o outro por necessidade. Tinham a necessidade do toque, de sentir, de saborear cada parte do outro, era mais forte que eles, difícil de controlar, difícil de parar.
O carinho na barba, as mãos dadas, pequenos beijos dados no topo da cabeça, apertões na cintura, seus toques eram constantes, frequentes, não viviam sem isso.Ramiro nunca teve a oportunidade de tocar com amor, nunca teve em posse de suas mãos tão surradas algo que precisasse de carinho, de cuidado. Tocava em armas, facas, pás.
E ser tocado, era ainda pior. Ele apanhava, da vida, do patrão, dos outros peões. O único toque carinhoso que se lembra de ter recebido era o de sua mãe, que o abraçava e o aninhava nos braços sempre que podia, e agora, olhando pra trás, ele via como ato de amor todas as vezes que seu pai bagunçava seus cachinhos.Ainda assim, nenhuma mulher que ele tocou na vida pareceu fazer ele ir do céu ao inferno em segundos como Kelvin fazia. Desde o primeiro toque, desde a primeira vez que sentiu o perfume do outro, alguma coisa nele acendeu e não importa o quanto ele tenha tentado, não se apagava, acredite, ele tentou tanto.
Não importava o quanto seu dia tivesse sido difícil, no fim dele era Kelvin quem ele queria ver e era a pele macia do loiro que ele queria tocar e ao mesmo tempo que não era físico era carnal, como se cada fibra de seu ser, cada pedacinho de sua alma e cada gota de sangue correndo em suas veias precisassem de Kelvin, de seu Kelvin.
Não só físico, não só amor. Era mais, muito mais."Amô, pelo amor de deus, sobe aqui, vem cá" Ramiro bateu nas próprias coxas nuas oferecendo um lugar para o loiro sentar, os movimentos da boca quente do namorado em seu membro o levando ao ápice da insanidade em segundos, e ao mesmo tempo, nunca viu a vida tão clara.
E o jeito que o menor o olhou de sua posição, por baixo dos cílios de maneira tão safada e ao mesmo tempo tão angelical, inocente e quente, levava Ramiro a loucura. Nos olhos cor de mel ele via tudo e ao mesmo tempo nada, as pupilas dilatadas, a boca inchada e o rosto corado e babado era obsceno em níveis descabidos, e fazia ele querer se casar com Kelvin ali mesmo.
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Sweet Home
FanfictionRamiro começa a enxergar as coisas como elas são, e assim como um castelo de cartas, vê tudo que acreditava e via como certo desmoronando. Por sorte, Kelvin está bem ali.