Confesso que não sei ao certo como começar a descrevê-la, mas tentarei ao menos uma pequena porcentagem.
Por mais que pareça isolada, há uma certa liberdade em poder estar em vários lugares ao mesmo tempo. Ao olhar para cima, me pego pensando quantas outras pessoas estariam admirando o mesmo céu. Talvez não com o mesmo sentimento, ou da mesma maneira, e sim com a mesma intensidade. Imagino a luz que trás as pessoas que há tempos se encontram no escuro, nas infinitas camadas sólidas e rochosas da solidão, no mar infinito da tristeza, no caminho aparentemente sem volta do abismo. Podem ser tantas as suas contribuições. Não importa quão grande seja a sua dor, ela sempre está ali. Sempre. As vezes a encaro, e fico confusa, ela estaria olhando para mim da mesma forma? Me diria para enxugar as lágrimas e ser forte? Depositária no mínimo um terço de sua luminosidade sobre mim? Poderia ela iluminar meus pensamentos? Nem sempre ela responde. Suas expressões podem ser repetitivas para alguns. Mas consigo decifrar as que ela me deposita. São de plena simplicidade. Companheirismo, cuidado, e atenção. Talvez porque eu a vejo. Talvez porque ela me vê. Ou talvez por termos algo em comum. Ambas brilham alguns dias mais que outros. E estamos sempre ali. Mesmo que a dor nos assole, a escuridão nos invada, o vento nos leve, o amargor nos afunde, o mar nos engula. A verdade é que a semelhança está na força, muitas vezes fraca, de continuar passando de uma fase para a outra. Repleta de cicatrizes, mas cheia de luz.

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PoetryUma coletânea de emoções, angústias, medos e prazeres. Em outras palavras... sentimentos em forma de texto.