Carta IX

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01 de junho, 2018


Querido Jhony,

São exatas sete horas da manhã no relógio da cozinha. Estou tomando uma xícara bem grande de café. Acabei de ler sua segunda carta, e... não sei bem o que dizer. Na verdade está é a minha desculpa por ter ignorado sua solicitação, suas mensagem... desculpe, Jhon. Me odeio por não ter conseguido me abrir mais com  você, para que não pensasse que fez algo de errado. Você não fez!

Meu último relacionamento terminou há algumas semanas. Eu não sabia o que sentir, ou como me sentir. As vezes sinto tudo, e nada. Como se estivesse dormente. Meu coração dói. E à noite quando me deito para dormir, todas as coisas vêm em ondas, desabando de uma vez sobre mim. Há momentos em que desejo nunca tê-lo conhecido. Talvez assim as coisas estivessem sido diferente. Ou talvez teria acontecido de qualquer jeito...

A questão é que preciso passar por isso. Lembra a primeira vez que te fiz lê um livro da minha estante? Você duvidou da minha capacidade de instigar um analfabeto literário a se redescobrir. E veja no que deu. Eu observei você, uma noite retirando "A Culpa é das Estrelas", meu livro favorito, sentando na minha poltrona, e mergulhando naquele mar, cuja as águas, muitas vezes fictícias, te levaram para histórias e realidades diferentes. Ver você, um homem de um metro e oitenta, com a luz do abajur reluzindo sua pele bronzeada, isso sim me deixou com muita mais vontade de alfabetizá-lo. Recorda-se do que eu disse no dia seguinte? " Amor, sabia que aquele "Augustus" do livro que eu estava lendo é um dos grandes fumantes da história?", você me olhou como se eu fosse uma maluca, que estivesse falando coisa com coisa. Franziu o cenho e então rebateu: "Na verdade é uma metáfora, Bell. Você coloca o que te mata para dentro, mas não dá a ela o poder de te matar". E isto foi o bastante para concluir que meus instintos estavam certo. Era você quem eu queria naquele momento. Além disso, fez-me refletir que não devo deixar que essa dor me consuma. Que apague a minha essência...

Jhony, mesmo que tenha se passado tantos anos, eu sei que me conhece tanto quando reconhece a minha caligrafia, minhas playlists musicais, meu sabor preferido de sorvete, minhas qualidades, meus defeitos, minhas angústias, alegrias e tristezas. Você foi a primeira pessoa para quem abri meu coração. E eu o agradeço, muito mesmo, por tê-lo cuidado tão bem. Pelo tempo que ele foi seu, obrigada por não tê-lo machucado. Se não fosse por você, provavelmente não acreditaria mais em amor verdadeiro. E por mais que agora eu esteja sofrendo, ainda acredito que há esperança.

Quero que saiba que no momento estou tentando cuidar de mim. Curar feridas. Recomeçar... porém nada me impede de rever um antigo amor.

"Na Mary's Coffee às oito? (Odeio levantar tão cedo). Nos vemos na quarta!"

Com amor,

Anabell

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