Carta VII

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10 de maio, 2018


Anabell,

Antes de tudo, gostaria de dizer-lhe que existe um eletrônico chamado "celular", onde as pessoas podem trocar mensagens em questão de segundos. Honestamente não entendo sua fixação por cartas. Mas não vou discutir isso.

Demorei um bom tempo para decidir se escreveria de volta. A Lídia não faz a menor ideia disto, nem fará, se depender de mim. É uma parte da minha vida que não tem nada a ver com ela. Já há preocupações demais em nosso meio, o que me faz refletir as últimas palavras que disse aquele dia: "Eu fiz uma escolha, e sem muito bem que posso me arrepender dela". Não estou dizendo que me arrependo, é só que... eu acho que não esperava que fosse assim... em alguns momentos instintivamente começo a falar de assuntos que com você seriam de boa, como arte, música, já com a Lídia, não funciona. Ainda estou tentando me acostumar com a mudança.

Seu perfume também está empregnado em muitas de minhas roupas, ou melhor, estava, pelo menos, até as muitas lavagens irem tirando-o. O aroma doce de cereja faz uma leve reviravolta com o aroma de alecrim que sinto (agora) todos os dias. Com isto, não quero dizer que seu perfume é melhor que o da Lídia, mas apontar que hoje estou em uma nova fase.

Os demônios, ao qual se referiu, não sumiram. As vezes ainda os sinto gritar dentro do meu peito... faço terapia uma vez por semana, e isto vem me ajudando muito. O apoio que recebo também. A vida parece-me mais brilhante, como nunca havia sido por anos... nunca discontei na Lídia, igual fiz à você. Por isso peço perdão. Não que eu mereça, não que você tenha que fazer isso. Apenas peço que tente. Sei que levará um bom tempo. Não me importo, de verdade. Pelo seu perdão, eu esperaria dezenas de anos.

Desejo à você toda a felicidade do mundo também!

Ah, e a Lídia realmente tem uma cara azeda! (risos)

Atenciosamente,

George

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