Carta VIII

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22 de maio, 2018


George,

Se tivesse se permitido ficar tempo o bastante, saberia que sempre gostei de escrever para as pessoas que são importantes para mim! Mas isto não é discutível.

Você diz que quer o meu perdão... pelo quê exatamente? Por ter berrado em cima de mim quando perguntei como havia sido à visita ao seu pai? Deus sabe que ele é um homem teimoso, não é de se admirar que você também seja. Porém não te dava o direito de agir da forma que agiu!... Perdão? Pelas vezes em que chegava exausta da editora, e ainda sim me fazia reler umas três vezes seus resumos do trabalho até às dez? eu levantava  pela manhã, umas quatro vezes na semana, com a mesma dor insuportável de cabeça, porque me odiaria se não o ajudasse... perdão? Pelo fato de fazer promessas que não pôde cumprir? Como a vez em que mostrei-lhe meus primeiros rabiscos, e você disse que estava muito cansado? Eu sei que estava. Eu também estive por muito tempo. Só que isso não me impedia de fazer pequenos sacrifícios por você. Eu te amava. E só queria que me amasse de volta na mesma medida.

Perdão? Sim, George, posso perdoá-lo. Não agora. Não hoje. Não amanhã. Um dia.

O que houve entre nós foi complicado. Eu diria até que "uma relação conturbada". Você precisava da ajuda que eu não pude dar. Mas conseguiu encontrar na terapia. E isso me alegra muito, George. Que você esteja se esforçando para ser melhor, para si próprio, e para a Lídia. Para o relacionamento de vocês.

No momento, tudo ainda dói. Não posso pular as fases da dor. Então tenha paciência, assim como estou tentando ter.

Agradeço por reconhecer as consequência de seus atos. Principalmente por se dedicar a não permitir que a escuridão o consuma por completo. Encontrar o caminho da luz não é fácil, mas você vai conseguir. Já está conseguindo...

Boa sorte com tudo!

Sinceramente,

Anabell

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