07| Hanseong

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Quando a embarcação ancorou no cais da Ilha de Hanseong já estava perto do entardecer, havia muito movimento de pessoas, a maior parte militares e transportadores de suprimentos bélicos, algumas gaivotas voavam no céu e a maré começava a subir. Jimin respirou profundamente quando terminou de descer a rampa de acesso, sorrindo quando o ar salino preencheu seu olfato. Olhou para o ponto mais distante da enseada, onde as ondas batiam violentamente nos rochedos e a saudade de casa que sentia se abrandou.

Abriu os braços e deu um giro sobre a plataforma, pulando alegremente. Jungkook riu com a cena, carregando as bagagens dos dois.

— Eu senti tanta saudade daqui, Jungkook!

— Eu estou vendo. Você não está cansado da viagem?

— O ar de Hanseong é revigorante, não tem como ficar cansado nesse lugar — Jimin disse animadamente, abraçando Jungkook quando ele chegou perto o suficiente. — Obrigado por me trazer, Jun. Eu achei que a ilha ainda estava interditada por conta do acampamento militar.

— A ilha está interditada — uma voz disse atrás deles e Jimin se virou para olhar, encontrando um alfa de meia idade com um quepe militar cobrindo os cabelos grisalhos. Ele cumprimentou Jungkook com um aceno de cabeça. — Major Jeon.

— Coronel Jeon — Jungkook o cumprimentou de volta, abraçando Jimin de lado. — Jimin, este é o Coronel Jeon Jihoon. Coronel, este é Park Jimin, o meu...

— Noivo. Sim, as notícias voam. Inclusive, seu avô me escreveu, ele está irritado porque não apresentou o menino ainda.

Jungkook suspirou longamente, parecendo saturado apenas por ouvir a menção de seu avô.

— Ele é um senhor muito temperamental para a idade dele. Ji, meu amor, o coronel é meu tio paterno-alfa — Jungkook apresentou, dizendo com um leve tom de sarcasmo em seguida: — Adoraria uma reunião de família agora, mas ele está ocupado e nós estamos com pressa, e eu não estou afim de ouvir um sermão sobre honra agora.

— Como assim a ilha ainda está interditada? — Jimin perguntou, não achando tanta graça na piada de Jungkook como teria achado em outra situação. — Até quando?

O coronel suspirou, como se achasse que a situação fosse incômoda e olhou para Jungkook, como se exigisse que ele fizesse algo sobre isso.

— Serão só mais alguns meses, Ji, até a situação se estabilizar. Não fique tão preocupado, o governo está prestando assistência aos moradores... — Jimin empurrou Jungkook quando tentou lhe consolar, evitando seu toque.

— Prestando assistência? Isso é sério? — Jimin bufou, frustrado. — Eu sou alguma criança que você diz qualquer coisa para enganar ela?

O coronel ia dizer algo mas se calou com o olhar furioso que recebeu de Jimin.

— A porra da minha casa tá cheia de homens armados, as crianças não tem mais liberdade pra brincar no campo e as pessoas não podem andar com tranquilidade pelas ruas, você acha que prestar assistência é o suficiente? Que tipo de compensação é essa? Acha que eu não sei que quando me mandaram para aquele inferno de colégio católico não era só política de merda pra comprar o apoio das massas? Não me trate com uma criança só porque eu sou jovem e vocês velhos experientes que foram à guerra.

— Jimin, meu coração, não é bem assim...

— Senhor Park, não importa quão...

— Calem a boca, pelo amor de Deus. Eu acabei de chegar em casa, não quero ouvir a porcaria que você tem pra dizer.

Jungkook acompanhou Jimin com o olhar, observando chocado ele pegar sua própria bagagem e sair da plataforma de desembarque pisando duro. O alfa olhou para o coronel, que ergueu uma sobrancelha de forma zombeteira.

Epitáfio • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora