08| Doce de abóbora

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A estrada que levava até a propriedade Park ficava numa encosta, lá de cima dava para ver o mar e a maior parte da cidade. Jimin parecia estar aproveitando o passeio, por isso Jungkook deixou a capota do veículo baixa, fazendo o vento bagunçar seus cabelos. Jimin não falou muito desde que acordou, provavelmente aproveitando a atmosfera da ilha e a sensação de voltar para um lugar querido, e o alfa também não tentou puxar assunto, concentrado nos próprios pensamentos.

O jantar com os pescadores não foi ruim, mas também não foi confortável para ele, embora para Jimin tenha sido maravilhoso. Todos pareciam contentes em tê-lo de volta na ilha, eles conversaram sobre os velhos tempos e contaram sobre como foram os anos em Hanseong depois que Jimin saiu. Jimin também falou sobre seus anos no colégio católico e sobre como se tornou cantor e sua carreira ao longo dos anos.

— E então, Jimin, nós ainda não sabemos como você e o senhor Jeon se conheceram — Eunji comentou cautelosamente, enquanto ajudava Soha a servir doce de abóbora em pirex para todos agora que o jantar tinha acabado. Todos estavam na sala, Jimin estava sentado no meio dos esposos e esposas e suas filhas e filhos ômegas, enquanto os restantes dos alfas e betas estavam sentados espalhados, mas toda a atenção estava no jovem cantor.

Jimin parecia estar brilhando de tanta felicidade, e tentando não estregar o clima, Jungkook preferiu se sentar em um canto e observar. A pergunta de Eunji, no entanto, fez as atenções se voltarem para ele.

— Foi no Clube Seven.

— Oh, minha nossa, esse não é aquele clube que foi construído no teatro abandonado da Imperatriz Yunhee? Aquele lugar é enorme, você cantou lá? — uma adolescente perto de Jimin perguntou, parecendo extremamente animada. Jimin riu, parecendo compartilhar da mesma animação, então Jungkook se deu conta de que Jimin e ela tinham quase a mesma idade. Ele estava noivo de um ômega que mal tinha saído da adolescência, era por isso que os pescadores e suas esposas e maridos não pareciam satisfeitos consigo.

— Sim, e é muito maior do que nas fotos, é incrível cantar naquele lugar.

— Jieun está aprendendo violino — o pai ômega da garota comentou, entregando a Jimin um pirex com doce. — Ela quer ser famosa como você, e vive dizendo que um dia vai se apresentar no Seven.

— Oh, Jieun, você tem que tocar pra mim alguma hora.

— Vocês estão fugindo do assunto, Jimin ia contar sobre como ele conheceu o noivo dele! — um dos betas de antes reclamou, escorado do lado de fora da sala para poder fumar seu cigarro.

— Aqui garoto, pra você — Son entregou a Jungkook um pirex com doce de abóbora e uma feição séria. — Jimin deve estar cansado de falar, porque não deixamos o Jungkook contar a história? Ah, claro, você não se importa se te chamarmos de Jungkook, não é? Vai ser da família agora.

Ele deu um sorriso que a barba escondeu um pouco que foi acompanhado de três tapinhas no ombro que Jungkook jugou não muito amigáveis.

— Eu não me importo se me chamarem pelo meu nome de batismo. Mas não sou bom contando histórias — tentou negar, mas Jimin estava olhando para ele com espectativa e seu coração vacilou.

— Eu sempre conto a história, mas nunca ouvi ela do seu ponto de vista — seu noivo disse, piscando seus lindos olhos em sua direção e o major perdeu a postura. Sentiu seu rosto quente e sabia que estava mais vermelho do que um tomate. Estava acostumado em ser o centro das atenções, mas as pessoas ali presentes eram a família de Jimin e não pareciam ir muito com a cara dele.

— Como o Jimin disse, foi no Clube Seven, algumas semanas depois que a guerra acabou. Ele entrou no palco e cantou God save the nation, e eu pensei que não há alguém mais lindo do que ele em todo mundo, então pedi para o ver depois da apresentação e o convidei para jantar — Jungkook respirou fundo, olhando as próprias mãos para encontrar alguma confiança para falar, e embora começasse a tremer, falou o mais serenamente possível. — Eu achei que seria rejeitado, mas ele apareceu e eu me senti a pessoa mais sortuda que já viveu sobre a Terra, e pela primeira vez eu agradeci a Deus por estar vivo, e jurei para mim mesmo que aquilo era uma recompensa divina por todos os anos que passei na guerra, porque era a única explicação que eu encontrei para que alguém como ele estivesse olhando para mim. Quando eu vi o quão inteligente, encantador e talentoso Jimin é eu soube que não poderia amar outra pessoa além dele enquanto eu vivesse, que o único motivo para eu ter sobrevivido a vinte anos de violência e morte era para conhecer ele, então eu o pedi em casamento. É isso, como eu disse, não sou bom em contar histórias, me desculpe se foi decepcionante.

Epitáfio • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora