⋆ Capítulo⁵ ⋆

151 15 19
                                    


                 — Ciúmes. — Charles deu de ombros. — Dior estava com ciúmes.

Eu e Henry nos entreolhamos e rimos, não, gargalhamos. Nós três tínhamos nos encontrado para tomar o café da manhã, e então contamos para Charles o que acontecerá ontem no dormitório.

— Nem ferrando! — Revirei os olhos depois de um tempo. — É o Damon.

— E? — Arqueou uma sobrancelha.

— E que ele estava apenas sendo irritante, como sempre! — Henry respondeu  e eu concordei com ele.

— Ele é babaca.

— Sei não, para mim ainda é ciúmes!

𔘓 𔘓 𔘓


Eu andava pelos corredores do colégio sozinho, já que o casal decidiu passar um tempo junto. Eu estava perto da biblioteca quando uma voz suave me chamou.

— Ethan — Olhei para o dono da voz, o professor Thiago, que estava com alguns livros na mão e o cabelo preso no estilo rabo de cavalo, que era seu penteado diário. — Poderia me ajudar?

Ele apontou para uma grande pilha de livros, todos de matemática.

— Preciso devolvê-los para a biblioteca, e são muito pesados para eu levá-los sozinho.

Eu concordei em ajudar, fui até ele e peguei quinze dos livros, e ele levou vinte.

— Obrigado — Sorriu.

— De nada, se precisar de mais alguma coisa.

Sorri minimamente, ele pareceu pensar em algo, eu já estava para sair da biblioteca, quando o ouço me chamar.

— Na verdade... Preciso de um ajudante para a aula de reforço que darei hoje à noite para alguns alunos. Você poderia me ajudar?

Ergui uma das sobrancelhas.
Ponderei por um tempo, eu era péssimo em matemática, como eu ajudaria? Ele pareceu ler a minha mente, já que abriu um grande sorriso.

— Eu posso te ajudar a entender o que vou passar para eles hoje.

No fim, eu concordei.
O professor Thiago me levou para a sua sala de aula e me explicou o que passaria para os alunos, que, felizmente, eram alunos do nono ano, então, não seria muito difícil.

— Entendeu?

Concordei com a cabeça, ainda focado em fazer pequenas anotações em uma folha que ele me dera. Me serviu bem aquela aula particular, muita coisa que eu não sabia, acabei por aprender.

— Quer que eu passe uma questão para você? Apenas para tentar fazer sozinho, mais como uma revisão.

Eu concordei, e ele passou uma questão sobre o Teorema de Pitágoras. Eu fiz sem nenhum erro, o que até mesmo arrancou um pequeno elogio de Thiago, que falou “muito bem”.

No final, eu tinha três folhas repletas de anotações.

— Vá jantar, Ethan.

Eu me levantei, deixando minhas folhas na mesa dele, já que daqui a alguns minutos eu voltaria para o ajudar.

Eu não demorei mais de vinte minutos para voltar para a sala de aula, onde já tinha alguns alunos. O professor Thiago estava sentado em sua mesa, lendo alguns papéis. Eu acabei por pegar os meus e me sentar na última carteira, já que de lá eu teria uma vista ampla de todos na sala.

Quando já estavam todos lá, Thiago se levantou e cumprimentou a todos, que responderam ao seu boa noite com pouco entusiasmo.

— Como podem ver, temos um convidado especial esta noite. — Ele apontou para mim. — Ele está aqui para tirar suas dúvidas, caso tenham alguma.

Todos me olharam, eu apenas acenei.

A aula correu bem, alguns alunos vinham até mim, perguntavam e eu os ajudava. No final, quando todos tinham ido embora, ficou apenas eu e o professor na sala.

— Muito obrigado, Ethan! — Ele sorriu novamente.

— Não precisa agradecer.

Ele me olhou por alguns instantes.

— Ethan, essas aulas são particulares.— O olhei confuso — E eu estou mesmo precisando de ajuda com elas... Aceita me ajudar?

Eu não sabia bem o que responder, um “não” séria muito duro, e um “sim” muito precipitado. Olhei para a mesa de madeira à minha frente.

— Não sei...

— Eu te pago!

—...

— Cem, por aula!

Olhei os olhos castanhos do professor, eles pareciam suplicar.
Suspirei.

— Eu vou pensar...

Ele deu um sorriso mínimo e concordou.

— Pense bem, Ethan!

— Boa noite, professor!

— Boa noite!

Eu saí da sala, olhei meu relógio, o toque de recolher fora há alguns bons minutos, mesmo assim, não apressei o passo, andei lentamente pelos corredores quase escuros, até chegar ao meu dormitório.

Ao entrar, a primeira coisa que vejo é Damon, que estava sentado em sua cama, olhando para a janela. Assim que ele percebe a minha presença, ele me olha, um arrepio subiu a minha espinha.

— Ethan Prince, onde esteve?

Não saio do lugar, eu estava lá, perto da porta recém-fechada.
Ao ver que eu não responderia, Damon se levantou, sem tirar os olhos de mim.

— Onde você estava, Ethan?

— Com o Professor Thiago. — Respondi depois de um tempo.

A resposta não pareceu o agradar.

— Fazendo?

— O ajudando!

— Com?

— A dar aulas de reforço para o nono ano.

— Essa aula não terminou há meia hora? Por que demorou tanto?

— Estávamos conversando.

Damon revirou os olhos.

— Vá tomar um banho, Ethan.

Eu o obedeci.
Ele conseguia ser assustador às vezes...

Ao sair do banheiro, me deitei e olhei para o teto. Ao meu lado, Damon fazia o mesmo, olhava para o teto branco e sem graça.
No quarto, apenas dava para escutar os sons dos grilos e cigarras do lado de fora, além de nossas respirações.

Eu deveria colar estrelas artificiais ali...

Sob As Nossas Estrelas. /⚣ Onde histórias criam vida. Descubra agora