Parte II

81 18 186
                                    

— Terra chamando ranzinza

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Terra chamando ranzinza. — Maria passa a mão pelo meu rosto. — Está tudo bem com você? — Faço careta para o apelido que ela me colocou desde ontem quando eu comecei a ficar meio... bem... ranzinza.

— Estava só lembrando como era no começo do ano passado — respondo e dou uma mordida no meu sanduíche. Tento economizar trazendo algo para comer e não afundar minha mãe em dívidas. A escola servia almoço, mas é claro, isso gerava um custo extra.

— Deixa eu adivinhar, lembrando como sua vida era sem graça sem mim? — Fala com um sorriso convencido e arqueia uma das sobrancelhas que agora ostenta um novo piercing.

— Ou mais silenciosa — implico, mas rio em seguida. A vida era realmente completamente sem graça sem ela.

— Como eu disse, sem graça. — Dá uma piscadela convencida, mas mantém o rosto sério, como se me indicasse que apesar da brincadeira exige respostas . — Mas, quero saber por que você está ranzinza assim desde ontem.

— Não sei direito — respondo sincero. — Acho que estou apenas cansado. Do que você estava falando mesmo? — Tento retomar o assunto.

— Bruno. Me ligou de novo, só pode estar carente, recusei três chamadas dele — resume o assunto ainda sem desviar o rosto.

— E atendeu na quarta... — Concluo.

— Errado! — Revirou os olhos — ele desistiu, enfim, mas agora me mandou uma mensagem perguntando se estou viva.

— Responde logo, você não vai aguentar fazer doce por muito tempo mesmo — falo impaciente e levanto da mesa seguido por um olhar investigativo da minha amiga. Ana e Kevin também me olham a princípio, mas logo concluem que eu estou apenas brigando com a minha amiga por ela sempre dar confiança para alguém que claramente não merece, e desatam a fazer comentários que corroboravam o meu.

Maria sabe que algo está errado e continua me olhando como se investigasse cada pedacinho de mim atrás de alguma pista do que está errado. Vasculho a minha mente em busca de uma saída.

— Vou ao banheiro — anuncio saindo rapidamente para que ninguém tenha tempo de me seguir.

Eu realmente estou estranho, e era sincero quando disse que não sabia o porquê, mas aquela última informação sobre a vida amorosa da minha amiga despertou algo dentro de mim, como se uma luz se iluminasse no fim do túnel. A verdade era que Bruno realmente não merecia a atenção que ela desperdiçava com ele. Era o primo de terceiro grau que sempre vinha à ilha nas férias ou carnaval, eles mantinham um romance de verão que nunca passava disso já que ele logo voltava pra Califórnia e postava mil fotos agarrado a um monte de garotas diferentes.

Foi o amigo dele que eu beijei no carnaval passado, esse ano Bruno voltou a ilha sozinho e descobri que o garoto, Guilherme, já estava namorando, mas isso não me incomodou nem um pouco, primeiro porque eu já superei a paixonite sem sentido do primeiro beijo e segundo porque esse ano o carnaval foi muito mais proveitoso pra mim, não fiquei apenas em uma paixonite, mas em alguns amassos com vários turistas que obviamente não mantém contato agora que foram embora.

Sobrevivendo à adolescência.Onde histórias criam vida. Descubra agora