As semanas passaram voando entre os estudos para as provas, as reuniões com Jean e a Ana e os estudos do time de Linguística. Eu não fazia mais nada a não ser dormir e estudar e a Maria já estava reclamando muito da minha falta de tempo para ela ou para me divertir um pouco, por isso, apesar de não ter se animado muito com a reaproximação de Jean, Maria foi comigo a final do campeonato.
Quando chegamos já tinha rolado o jogo amistoso do terceiro ano, que tinha uma competição a parte, e Ana já estava guardando nossos lugares na arquibancada.
— Giovani! — Uma voz vinda da quadra chamou minha atenção, mas não era Jean. Cristian estava segurando na grade que separava a arquibancada, com aquele seu sorriso seguro de sempre. Meu coração deu uma acelerada estranha, que eu prontamente resolvi ignorar. Fazia tempo que eu não falava com o ruivo, ele estava distante mesmo participando das reuniões de linguística. Eu não fazia ideia do porquê ele parecia tão empolgado ali me chamando.
— Oi... — Falei simplesmente me concentrando em não tropeçar em ninguém.
— Veio torcer por mim? — Perguntou com aquele sorriso debochado nos lábios e às vezes eu tinha vontade de socar a cara convencida dele.
— Eu vou torcer pro time do meu prédio, Cristian — respondi como se fosse óbvio.
— Para, Giovani, você não tem motivos pra isso, mas tem um bom motivo para torcer pra mim.
— E eu posso saber qual motivo seria esse? — Eu já estava sem paciência, era muito difícil me concentrar em não tropeçar nas pessoas, tive que parar para responder aquele convencido sem arriscar cair no colo de algum aluno.
— Eu sou seu colega de time, claro.
— Sinto muito te desapontar, Cristian, mas eu tenho um motivo melhor para torcer para o outro time.
— Duvido que você vá torcer para outro jogador — falou e Maria olhou do garoto para mim, como se observasse aquela interação estranha. Tinha uma dúvida implícita no seu olhar, mas eu não consegui identificar. Ela apenas indicou com a cabeça que iria na direção da Ana e eu assenti, ainda parado e então voltei minha atenção para o garoto.
— Mas eu vou. — Sorri abertamente ao ver o Jean se aproximando da grade, próximo de onde eu e Cristian estávamos.
— Hey, Gi! Vocês vieram! — Acenou para mim, animado.
— A gente sempre vem! — Sorrio para meu amigo e Cristian nos olha meio incrédulo. Logo Jean é chamado pelo treinador para o outro lado da quadra e eu volto a andar.
— Não sabia que você conhecia outro jogador. — Cristian volta a falar.
— Tem muitas coisas sobre mim que você não sabe.
— Eu sei que no fundo você não vai torcer contra mim.
— Ah é? — Paro novamente arqueando uma sobrancelha na direção do garoto.
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Sobrevivendo à adolescência.
Teen FictionGiovanni é um adolescente normal tentando lidar com os dramas da adolescência e a pressão por ter ganhado uma bolsa de estudos em uma das escolas mais caras do país. Isso tudo é amplificado por ele ser gay e morar em uma Ilha. Giovanni só quer ter u...