Parte III

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— Bom dia, meus amores! — Maria se pendurou em mim e no Kevin assim que saímos do carro

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— Bom dia, meus amores! — Maria se pendurou em mim e no Kevin assim que saímos do carro. Eu vinha de carona com meu amigo, já que ele também morava perto do centro e vinha com o motorista do pai.

— Que animada! — Kevin observou.

— Eu estou e você, ranzinza? Tá melhor?

— To. — Revirei os olhos rindo.

Chegamos na sala antes do resto da turma. Meu grupo de amigos, diferente do resto da escola, não tinha muito medo de ser feliz, apesar de nenhum de nós gostar muito de chamar atenção, não nos importávamos muito com o que os outros iam pensar e aparências. Ana comprou um brilho labial do Japão que vinha com umas estrelas com gosto de Tutti Frutti, era praticamente algo que deixava a boca decorada e ainda servia de doce para depois do lanche, nem preciso dizer que virou zoação entre os amigos. Kevin tirou da mão dela e abriu cheirando o pincel do gloss que saiu com uma estrela na ponta.

— É cheiroso. — Riu e deu uma lambida em seguida arrancando um grito de raiva da nossa amiga.

— Que nojo, Kevin, me devolve isso! — Gritou.

— É gostoso — falou surpreso e entregou para mim ignorando completamente nossa amiga indignada. Mergulhei de volta o pincel no produto, mas diferente do Kevin eu passei nos lábios. Maria ria histericamente enquanto filmava a cena: eu fazendo biquinho com o gloss estrelado de Tutti Frutti e depois rindo descontroladamente. Ana puxou da minha mão em seguida, não estava verdadeiramente com raiva, segurava o riso para tentar impor alguma seriedade ao esporro que tentou nos dar.

Logo em seguida a professora de matemática entrou na sala e todos nos endireitamos nas cadeiras e cessamos as risadas. Três horas de aula e eu já estava morrendo, mas isso não era novidade, essa escola era famosa pela tortura disfarçada de ensino intensivo. A surpresa mesmo foi sair da sala, pegar o celular e ver que meu twitter tinha cem notificações. Cem!

— Que diabos é isso? — Me assustei tentando abrir o aplicativo logo ouvindo a risada estridente de Maria ao fundo.

— Sortudo, ficou famoso graças ao meu twitter! — Maria observou e eu fiquei um tempo tentando entender o que havia acontecido. Nos poucos minutos entre eu usar o gloss da Ana e a professora entrar na sala minha amiga conseguiu filmar e postar 5 segundos de mim fazendo caras e poucas com estrelas nos lábios e um sorriso no final. Leia-se "eu tenho os melhores amigos" como legenda. O vídeo era simples, mas tinha noventa comentários e dez reportagens que diziam coisas como "queria amigos assim", "parece eu e meus amigos", "os amigos certos fazem a escola ser menos insuportável", o que para mim significava muito já que o que me fazia querer voltar aqui eram meus amigos. Mas, a última menção fez meu coração dar um leve salto. Um garoto tinha repostado o vídeo e escreveu "queria só ter um sorriso lindo desses e o resto conquistava fácil". Abri o perfil e a foto era cortada com um sorriso bem bonito. Respondi a publicação: "Obrigada, mas acho que você já tem um mais bonito." Nunca fui muito tímido, ainda mais na minha atual situação.

Sobrevivendo à adolescência.Onde histórias criam vida. Descubra agora