Parte IX

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— Gigi, querido, trouxe comida gostosa e uma torta

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— Gigi, querido, trouxe comida gostosa e uma torta. — Minha mãe anuncia assim que chega em casa. — Desce aqui! — Obedeço rindo.

— Ao que se deve esse banquete? — Pergunto, sentando na mesa da cozinha e observo minha mãe destampar as quentinhas com dois tipos diferentes de lasanha. O cheio me invade com tudo.

— Estou feliz, a loja está dando um bom retorno esse mês e já consegui várias parcerias para esse evento de sábado. Será ótimo.

— Que bom, mãe. — Me sirvo de um pouco de cada lasanha. Uma de quatro queijos e outra bolonhesa.

— Mas não é só isso, estou com saudades de você, tem estudado demais e eu tenho trabalhado demais. Me conte como está sendo sua semana.

— Um pouco estressante, estudando muito. — Minha mãe me olha desconfiada.

— Tenho sentido que tem algo errado, o que foi? Não é só estudo, é?

— Tem um garoto irritante na escola, um dos riquinhos metidos que dormem lá, entrou para o time e eu tive que ajudá-lo.

— Entendo. Você odeia estudar em grupo. — Minha mãe sorri compreensiva. — Mas quando essa fase irritante passar você terá evoluído, aprendido a trabalhar em grupo de forma mais paciente. Use isso como experiência.

— É... Estou tentando. — Meu celular vibra na bancada e eu olho rapidamente. Mensagem do Lucas. Devo ter sorrido involuntariamente porque minha mãe arqueia uma sobrancelha curiosa.

— Algum paquera novo?

— Que expressão velha, mãe! — Solto uma risada tentando desviar o assunto.

— Eu sou velha, filho. — Ela dá de ombros, rindo. — Mas, ainda sei reconhecer um sorriso de paixonite, como vocês falam mesmo na sua idade? Crush? — Solto uma risada alta.

— Deus, não tente usar expressões que você acha que são jovens, sério. — Rio alto e ela me joga um guardanapo. — É só um amigo, mãe, relaxa.

— Bonito?

— Não sei dizer, só conheço por fotos e ele não gosta muito de tirar. — Minha mãe enruga a testa preocupada.

— Amigo de internet? Toma cuidado com isso.

— Relaxa, mãe. É só um amigo, conheci por acaso no Twitter e conversamos às vezes.

— Nunca vi ninguém sorrir assim para o celular só por causa de um amigo qualquer que nunca viu pessoalmente. — Ela pisca pra mim. — Sou velha, mas não precisa me esconder as coisas, eu sempre sei dos turistas que você beija pelos eventos. — Fico imediatamente vermelho e sei disso porque minha bochecha chega a formigar.

— Mãe, eu gosto de conversar com ele, mas é só isso, ele mora em outra cidade então não vai rolar nada — falo frustrado.

— Nunca se sabe, quem sabe nas próximas férias ele não vem turistar por aqui.

Sobrevivendo à adolescência.Onde histórias criam vida. Descubra agora