Mundo alienígena

capítulo 7

A noite cobria o céu de São Francisco,  a lua refletia nas águas do oceano. Dick Grayson estava na sala principal da torre dos titãs, com uma caneta na mão e a outra mão na testa, tentando organizar seus pensamentos.

— ainda acordado Dick? — Kory pergunta se aproximando, estava apenas de pijama.

— você sabe que sim Kory, amanhã eu terei que discursar para milhares de pessoas que nos odeiam, isso fora a guerra que provavelmente está por vim... eu sinceramente,  não sei o que fazer. — ele largou a caneta na mesa e  jogou as costas na cadeira. 

— eu entendo a responsabilidade que você carrega Dick,  afinal, você é o novo  " batman ". — ela fez aspas com as mãos e sentou na mesa ao lado do rapaz e cruzou as pernas. — o que você está sentindo é a pressão de ser um líder, acredite em mim, eu sou uma princesa,  sei bem o que está sentindo.

— hum... sabe mesmo? Seu povo não parece odiar você. — ele arfou com o nariz.

— agora não, mas já odiou.  Quando eu fui vendida como escrava, passei pelas piores humilhações e situações que uma pessoa pode passar. Passei meses dormindo apenas três horas por dia, trabalhando por mais de dez horas carregando rochas e escavando cavernas, isso sem contar os serviços sexuais que eu tinha que fazer para os monarcas do planeta. Como você bem sabe, eu perdi minha virgindade com apenas 13 anos, e com um ser  que não me causou nada além de dor. — ela lembrou-se do seu passado sombrio e lágrimas escorreram de seus olhos verdes.

— você passou por muita coisa, e mesmo assim, é uma das pessoas mais justas e doces que eu conheço. Como consegue ser tão forte? — Dick.

— quando eu estava em uma situação ruim, eu adotei o pensamento de que aquele momento não seria eterno, um dia aquilo iria acabar, de um jeito ou de outro, então mesmo odiando cada momento, eu fazia meu melhor para realizar um bom trabalho. Se eu fosse submissa e realizasse um bom trabalho satisfazendo os monarcas, eu passaria meses no castelo central do planeta sendo tratada como uma funcionária,  recebendo roupas adequadas e comida boa, embora ainda fosse abusada constantemente. Se eu estivesse minerando cavernas, faria o meu máximo para acabar o mais rápido possível com o máximo de eficiência,  pois sabia que isso agradaria os carrascos e eles me dariam um período mais longo de descanso. — ela contou. — faça seu melhor na situação em que está agora Dick, o que vem depois, será consequência do seu esforço. — ela pousou a mão nos ombros dele.

Ele não resistiu e a puxou para um beijo apaixonado,  um beijo calmo e demorado, de modo que ele pudesse sentir o gosto doce e refrescante da princesa alienígena. Estelar conseguia sentir a malícia e a libido de qualquer pessoa, mas aquele homem que estava a  beijando naquele momento, não tinha malícia alguma, apenas muita admiração e paixão.

— D-dick... — ela arfou corando o rosto assim que se separaram. — pensei que fossemos apenas amigos.

— me perdoe Kory... não consegui resistir. Você é um anjo no corpo de uma alienígena sexy. — ele brincou.

— vou deixar essa passar apenas porque estou com sono. — ela brincou e o beijou no rosto. — faça seu melhor, Batman. — ela virou-se e lançou um olhar de motivação,  depois acenou com a mão e passou pela porta automática,  caminhando até seu quarto.

Dick levantou-se da cadeira e olhou pela janela enorme da torre em direção a lua, ele estava tão preocupado como seria o dia seguinte,  que não parou para pensar que independente do resultado, ele não tinha como prever e muito menos controlar a vontade das pessoas. Além disso, escrever um discurso,  seria algo programado, algo dito sem paixão, sem emoção e sem honestidade.

O herói amassou o papel e o jogou no lixo, caminhou até o canto da sala e apagou a luz. Sua mente estava presa em um turbilhão de pensamentos violentos e ansiosos,  fruto de sua responsabilidade para com a população, mas como Kory disse minutos atrás, fazer o seu melhor já é uma satisfação pessoal tranquilizadora.