Seus Olhos

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J

Abro os olhos confuso novamente, parece que por mais que os anos passem esses sonhos continuam me assombrando, fico um tempo olhando para o teto cinza do caminhão, já faz horas que estou aqui dentro e por mais que queira sair sei que é necessário esperar. Rodríguez deixou bem claro que queria o dinheiro todo desse cara da Suíça, sabia que não seria fácil, olho para o lado vendo os gêmeos já faz um tempo que estão no computador tentando rackear a porra do sistema dele, continuo deitado ouvindo de longe os botões com rapidez nos dedos do Marquez que está silencioso ao contrário do computador, não diz nada com certeza concentrado.

- Já tá quente demais aqui dentro. - Marcos o outro irmão está ao seu lado balançando a gola da camisa como se fosse expulsar o calor, com a outra mão está um caderno escrevendo algo que eu não faço ideia do que seja e nem me interessa na verdade.

- Porra. - Marquez grita sorrindo. - Que caralho demorado é esse, não sei quem configurou essa merda mas está muito bem feita ele diz, porém não é paréo para mim. - Ele gargalha enquanto Marcos dá um pequeno empurrão em seu ombro, observo tudo com bastante atenção até que um deles se vira pra mim sorrindo. - Tá esperando o quê?

Respiro fundo me levantando do chão do caminhão que estava esse tempo todo parado ao lado de um beco, ajeito a blusa preta para que não vejam a arma na minha cintura, alguém acaba abrindo o baú por fora e eu desço rapidamente para mais um serviço, Max que a todo tempo estava esperando um sinal que acabou de ser dado, está com os braços cruzados e me olha entediado.

- Que cara feia é essa James, tá chapado? - debocha.

Já faz uns dias que eu não durmo, esses sonhos sem sentido tinham parado por um tempo, e se fosse só quando estou dormindo não seria problema, mas a uns dias atrás veio com tudo, quando começo a cochilar os olhos que sempre vejo aparecem rapidamente, ja deveria ter me acostumado, tenho essa porra desde os 10 anos e mesmo assim fico pensativa demais quando acontece.

- Não enche. - respondo rápido.

Ela rir baixo e sai andando a frente. O lugar que vamos roubar é um restaurante, depois de muita enrolação descobrimos que o Juliaz esconde todo o dinheiro aqui, esperto demais eu admito mas não tão esperto quando a mim, que não precisei de um dia observando seus movimentos e sua rotina pra saber aonde esse merda depositava tudo, ficamos ao lado de fora fumando um pouco, ainda não era exatamente a hora certa, o restaurante só funcionava até as 12 da tarde e sempre fechava no horário certo oque era bom já que só faltava 10 minutos e eu estava começando a ficar entediado. Max a minha frente, fumando seu próprio cigarro observava a movimentação, parecia mais tranquilo que eu, aliás era só um roubo como qualquer outro, tava começando a ficar acostumado e aquela adrenalina que eu tanto buscava tava começando a desaparecer, já não parecia diversão, nem as drogas estão me ajudando mais com a minha cabeça fudida agora a sensação de ser pego e todos os tiros que daqui a pouco com certeza vai acontecer que antes me proporcionava prazer, roubar e ver o medo no semblantes das pessoas já não estava sendo o bastante, não pra mim.

Max olha pra mim antes de adentrar ao local que agora está bastante vazio, além de ser um restaurante caro dias da semana ficam bem mais sem clientes, sorrio em volta indo até a parte de trás ignorando talvez 4 ou 5 pessoas que estão presentes, vou onde os funcionários ficam, escuto os gritos de Max e murmúrio de pessoas mas não ligo, entro na sala dos funcionários aonde vejo 3 pessoas. Uma moça talvez até mais velha que eu está sentada conversando bastante animada, enquanto os outros 2 homens estão entretidos para seus armários.

- Psiu...

Eles me olham todos juntos, levanto um pouco a camisa mostrando a arma na cintura, a moça que está mais perto de mim, trata de se arrastar no banco um pouco para trás, sorrio de lado como se pudesse fugir de mim.