O filhote de Deus me livre

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— Não, meu pai! — o príncipe fala chamando a atenção de todos

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— Não, meu pai! — o príncipe fala chamando a atenção de todos. — Se ele está perdido, como vai conseguir chegar em sua terra?

— O que você está querendo sugerir, meu filho? — o rei faz a mesma pergunta que eu gostaria de fazer para Hyunjin.

— Eu pensei que ele poderia ser meu servo!

— O quê? — Bak Kyung-ho questiona, mas ninguém está pedindo o questionamento dele. — Alteza, isso é arriscado, não sabe de onde ele veio e o que pretende!

— Bak Kyung-ho tem razão, onde já se viu? Você é o herdeiro do trono, não pode colocar qualquer um para ser seu servo, entendeu?

— Pai, ele não é qualquer um, ele pode ser muito útil, ele fala inglês e tem conhecimento sobre muita coisa, e posso aprender muito com ele...

— Mesmo assim, eu não posso correr o risco de deixar esse rapaz tão perto de você sem saber de onde ele saiu e se pretende alguma coisa! — o rei fala e a única coisa que vem à minha cabeça sobre o que pretendo com ele, é algo que seu pai mandaria me prender se soubesse. — Isso sem contar, que você saiu dos domínios do palácio sem a minha permissão, e sabe que eu não gosto disso, você se colocou em perigo novamente!

— Tudo bem, eu sei que me coloquei em perigo, mas não aconteceu nada, e eu não aguento viver aqui trancado!

— Eu já disse que não quero que você saia sem minha permissão, e sem levar nenhum servo com você ou os guardas, principalmente sem levar Bak Kyung-ho junto com você, entendeu?

Porque Hyunjin tem que levar esse encosto para qualquer lugar? Ele é um servo, conselheiro ou agregado? Não acredito que seja um servo, porque o modo como ele se porta, e todas as intromissões que faz, demonstram que ele deve ter algum poder por aqui, afinal foi ele que marcou essa "reunião" com o rei e expôs o príncipe e a mim.

— Tudo bem, prometo que não farei mais! — ele fala num tom calmo, abaixa a cabeça, olha para mim e depois para seu pai. — Mas preciso que ele seja meu servo!

O rei o encara, e eu me pergunto por que ele insiste com essa ideia de eu ser seu servo? O que ele pretende? Devo me alegrar com isso, ou ter medo?

— Majestade, me perdoe pela intromissão, mas esse pedido do príncipe não parece muito coerente, e enviar esse rapaz até as fronteiras de nosso país sem saber quem ele realmente é, parece mais arriscado ainda! — e quem pediu a sua opinião, seu insuportável?

— E o que sugere, Bak Kyung-ho? — não, não pergunte nada a esse filhote de Deus me livre, prevejo que vou me envolver em algo mais complicado do que ir á diretoria depois de ter brigado com aquele homofóbico na escola.

— Majestade, por que não o mantém preso até descobrirmos algo sobre ele?

— Não, não podem me manter preso sem eu ter feito nada! — falo desesperadamente e olho para o rei.

— Dê-nos um motivo para que não seja preso! — parece que ele agora virou o rei, diz e me olha, sinto o deboche transfigurado em sua face, a minha vontade de marcar seu rosto com meus cinco dedos é enorme, mas infelizmente preciso convencer o rei de que não sou um perigo para a segurança de seu filho.

— Eu já falei que estou perdido, eu fui sequestrado, consegui fugir, corri tanto que não sei como vim parar aqui, e assim como o príncipe falou, eu falo inglês porque vim de uma terra chamada Austrália, é uma colônia da Inglaterra... — eu nem sei se nesse período a Austrália já era colônia da Inglaterra, mas isso não importa nesse momento. — Eu não vim aqui para fazer algo de mal ao príncipe, ou a qualquer pessoa do reino, eu estou perdido, não sei como voltar para a minha casa, então peço que não me prenda por estar perdido em sua terra!

— Faz sentido sua argumentação, mas ainda não podemos confiar em sua presença neste palácio, com passe livre para andar por onde quiser, tem outra coisa que está me deixando intrigado sobre você... — ele diz, fico ansioso que ele me diga. — Você é um estrangeiro, de uma terra que não conhecemos, tem traços que denotam ser de nossa terra e fala coreano, como é possível? Você estaria mentindo sobre sua origem?

— Não, jamais mentiria sobre minha origem, é que meu pai é coreano e sempre fez questão que eu e meu irmão aprendessem o idioma da sua terra desde muito novos. Sabe majestade, eu entendo a sua preocupação, mas será que não podemos chegar a um acordo?

— Majestade, vai negociar com alguém que não conhece? — ai que vontade de bater na cara desse filhote de Deus me livre!

— Bak Kyung-ho, por favor, não se meta! Eu quero ouvir o rapaz, quero ouvir sobre esse acordo que ele quer propor! — toma distraído! — Fale rapaz, o que você tem a me dizer?

— Então Majestade, o príncipe falou da necessidade de aprender a falar inglês, e eu pensei que pudesse ensiná-lo, ou a quem mais quisesse aprender o idioma, e ficar aqui até ensinar todos que quisessem, conseguir encontrar o caminho de minha casa. Essa é a minha proposta!

— Preciso pensar melhor!

[...]

O que estou fazendo aqui? Já não bastava estar no meu próprio tempo convivendo com uma família homofóbica, com colegas de escola que também são homofóbicos? Precisei viajar no tempo para passar por todo esse perrengue? Estou me sentindo desamparado, como um fã de Diva Pop que espera o ano todo para curtir um mega show, e de repente descobre que o evento foi cancelado. Tudo bem, não é mesma coisa, mas o sentimento de frustração é real, por um momento eu criei expectativas, e achei que seria mais fácil do que no meu mundo, mas está parecendo pior, isso sem contar que não tenho internet para me distrair, não tenho nada, apenas meu celular com a bateria em setenta por cento, que logo me dará adeus, e o maldito colar que me trouxe até Nárnia, simplesmente sumiu, ou seja, eu estou ferrado. O meu conto de fadas virou um filme de terror bem trash!

Olho para as paredes ao meu redor, todas vermelhas, dá para notar que eles gostam mesmo dessa cor. Enquanto eles discutem na sala do trono, me trouxeram para outra sala, ou será que é um quarto? O espaço não tem móveis, está vazio, uma grande janela de madeira no canto, me aproximo, abro um pouco mais, o que parece impossível, é apenas uma pequena fresta que ilumina o ambiente. Observo toda a área abaixo do palácio, e mais uma vez sinto que estou em um dorama de época, quer dizer, e se eu estiver vivendo o meu próprio dorama? Nesse caso, seria um dorama Bl, eu sou o mocinho inocente que será salvo pelo belo príncipe? Acho que não, estou mais para protagonista que vive em uma eterna desventura em série. Preciso me acalmar, não adianta me estressar. O vento bate em meus cabelos, a briza acaricia meu rosto, isso me acalma, me deixa leve, escuto a porta se abrir, viro em sua direção e encaro um soldado, sinto um frio no estômago, o nervosismo se espalha pelo meu corpo.

— O rei pede que me acompanhe! — balanço a cabeça em afirmação e sigo o soldado. De volta ao salão do trono, diante do rei, do meu crush e do filhote de Deus me livre, eu espero minha sentença.

— Senhor Felix, eu decidi que lhe darei uma única chance... — abro um sorriso imenso, meu coração que sair para fora do peito. — Com as seguintes condições: deve dar aulas ao meu filho todos os dias no horário que ele quiser, não ficará circulando pelo palácio quando não estiver dando aula, ficará no mesmo quarto que os servos desfrutam, e sempre estará acompanhado de alguns soldados, pois não quero ter surpresas, estamos entendidos?

— Sim majestade, é claro que estamos entendidos! — não sei se estou sendo emocionado demais, ou estou querendo me iludir, mas percebi um leve sorriso nos lábios do príncipe, de alguma forma me deixou muito satisfeito.

A love in the pastOnde histórias criam vida. Descubra agora