Do you like me, Felix?

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Felix


Meus lábios tocam os seus levemente em um toque suave e rápido, me permitindo sentir a maciez dos lábios que tanto desejei beijar, meu coração bate desenfreadamente, me afasto um pouco, o encaro, ele ainda permanece com os olhos fechados. Fico com a sensação de que não deveria ter feito isso, talvez ele não estivesse esperando por algo assim, tenha falado aquilo para ser educado, deixar o momento mais doce, já que eu estava chorando, mas mesmo assim não me arrependo. Hyunjin abre os olhos, olha para algo que está atrás de mim.

- Felix, precisamos sair daqui! - ele diz e segura minha mão com força, e sigo sendo levado por ele, sem entender nada.

- Hyung, eu não tô entendendo, para onde vamos? - assim que falo, ele se vira e nos empurra para trás de uma árvore. - Pode me dizer o que está acontecendo? - assim que pergunto, Hyunjin põe o dedo indicador em minha boca e emite um "shiii".

- Os soldados estão fazendo a guarda pelo local, eles não podem nos ver aqui, meu pai não pode suspeitar que estou usando a passagem secreta, entende? - ele fala junto à minha orelha, me deixando completamente arrepiado, em ouvir sua voz grave e levemente sedutora.

A proximidade, seu dedo sobre os meus lábios, nossos olhares absortos um ao outro, respiração descompassada e a vontade descontrolada de beijá-lo, mas desta vez com intensidade. Assim que os sons dos soldados foram ficando mais distantes, e eles seguiram para outra área, ele segura a minha mão e me conduz para o mesmo local de onde saímos, a rocha gigante que serve de passagem secreta. Assim que entramos, ele fecha, eu começo a caminhar, mas sinto sua mão segurando a minha, viro-me e encaro seu olhar com um sorriso terno estampado em seu belo rosto, ele se aproxima, engulo em seco, sua mão acaricia meus cabelos e depois com polegar contorna meu maxilar lentamente até chegar à minha boca, enquanto a outra mão se envolve em minha cintura. Ele morde os lábios, em seu olhar sinto que ele quer me dizer algo.

- Você não imagina o quanto eu espero por esse momento, Felix!

Eu não tenho forças para responder, apenas aprecio calorosamente seu polegar acariciando meus lábios, e fico à espera dele, meu coração acelera, pulsando em sintonia com o desejo que paira no ar. O cenário ao redor, as fracas luzes das pequenas tochas fincadas nas paredes davam a sensação de que tudo estava desfocado, enquanto nossos olhares se encontravam e uma cumplicidade silenciosa se instalava entre nós, como se apenas nós dois existíssemos naquele momento. Os lábios dele curvaram-se levemente em um sorriso, refletindo a mesma excitação que eu sentia, num movimento suave e natural, nossos rostos se aproximaram, como se fossem ímãs atraídos irresistivelmente um pelo outro. A respiração dele se mescla à minha, o calor da proximidade era palpável, uma eletricidade suave que percorria a minha pele e aumenta a intensidade do momento, e cada centímetro que nos separava parecia uma eternidade, até que finalmente nossos lábios se tocam. Foi um encontro suave, onde o mundo ao nosso redor, os nossos problemas desapareceram por alguns instantes. O beijo parecia uma dança delicada, cheia de ternura e paixão contida. Pude sentir a suavidade dos lábios dele respondendo aos meus, criando uma troca de carícias silenciosas, mas profundamente significativa. Minha língua rapidamente pede passagem, ele para o beijo, abro os olhos e ele me encara como se eu tivesse feito algo errado.

- O que foi? Fiz algo errado? - pergunto.

- Eu não sabia que tinha que usar a língua!

- Ah, então é esse problema? - pergunto e ele balança a cabeça. - É bom, só é acompanhar o que eu faço, você vai gostar!

Sorrio, ele sorri de volta, se aproxima e cola nossos lábios mais uma vez, e dessa vez é a sua língua que pede passagem, e sinto que sou um bom professor e mais que depressa permito, a língua dele brinca dentro da minha boca numa dança quente junto com a minha, e ele parece ter aprendido rápido demais. Seus braços se envolvem ao redor da minha cintura me apertando junto a ele, e algo inevitável acontece, solto um leve gemido, minhas mãos se agarram ao seu pescoço, envolvendo meus dedos em sua nuca, e o beijo parece não ter fim, mas sinto sua boca se desprender da minha, é quando percebo que estamos sem fôlego. Quando finalmente nos separamos, o olhar dele encontra o meu, e sorrimos como se compartilhássemos um segredo especial, na verdade era, afinal não é todo dia que um garoto comum do ano de 2023 viaja no tempo para beijar um príncipe herdeiro da Dinastia Joseon.

É fato que estamos nos encarando, e sorrindo como dois idiotas, meu coração quer transbordar de alegria por viver esse momento tão esperado, mas eu preciso sentir sua boca novamente. Aproximo-me, mordo meu lábio inferior, ele sorri e eu encosto meus lábios mais uma vez, seguro seu cabelo com força, ele geme baixinho, enquanto minha língua pede passagem mais vez, sou interrompido por ele, que desprende sua boca da minha, abro meus olhos e ele me encara com um sorriso lindo.

- Calm down, baby! - ele fala e sorri ainda mais, me deixando completamente bobo.

- Aprendeu rápido!

- Sim, tenho o melhor professor! - diz e distribui leves beijos em meus lábios. - Me diz uma coisa, você só tem dezoito anos, onde aprendeu a beijar assim? Em 2023 as pessoas se beijam assim? - respondo balançando a cabeça em afirmação, e torno a beijá-lo, parece que estou viciado em sentir a maciez de seus lábios.

[...]


Os momentos que passei ao lado de Hyunjin não saem da minha mente, o toque dos seus lábios aos meus, a maciez, o gosto de algo que parecia menta em sua boca, seus cheiro tão inebriante, o calor do seu corpo junto ao meu, tudo está gravado em minha memória. Naquele momento perdi a noção de quem era, o que eu pretendia fazer, para onde estava indo, simplesmente fiquei entregue a ele, e agora enquanto caminho até o seu quarto, com a pretensão de dar a minha aula, tento me controlar, espantar esses pensamentos para que não me descontrole. Ontem depois de todos os beijos que trocamos ficamos tão fora de nós mesmos que infelizmente não falamos nada sobre o que aconteceu, ou o que pode vir a acontecer, e isso me deixou ainda mais nervoso, não sei o que falar com ele quando o encontrar. Assim que entro no quarto ele já está à minha espera e quando nossos olhares se encontram, não consigo falar nada, diferentemente de mim, Hyunjin sorri e se aproxima de mim.

- Bom dia, Felix!

- Bo... bom dia, hyung! - ao responder, noto que ele sorri e morde o lábio, isso me deixa um pouco perturbado. - Então, vamos começar? - pergunto e me direciono até a mesinha, sento e ele faz o mesmo.

A presença dele depois do que vivemos no dia anterior, me deixa perdido, não consigo me concentrar em nada, procuro por minhas anotações da aula de hoje, mas não consigo encontrar nada.

- O que está procurando?

- Estou procurando minhas anotações, estavam comigo e eu não sei onde foram parar... - respondo, ele me olha e sorri.

- Não seria isso aqui? - pergunta e aponta para os papéis à minha frente.

- Ah, sim!

- Por que está tão distraído? - sua pergunta soa como ironia, ele leva sua mão até a minha e a acaricia. - Aconteceu alguma coisa ontem que te deixou assim?

A leveza de sua mão tocando a minha fez aquelas famosas borboletas reviraram em meu estômago. Seu olhar parece penetrar a minha alma, ele morde levemente seu lábio, me fazendo engolir em seco nervosamente, mas não posso me deixar levar pelo momento, puxo minha mão, abaixo meu olhar, recolho os papéis e os organizo, mas sei que seus olhos estão em mim.

- Então podemos começar?

- Claro que sim! - ele responde, mas não o encaro, pois sei que será difícil lidar com seu olhar.

- Hoje nós vamos revisar alguns assuntos, como Don't e Didn't!

- Ok, teacher!

- As duas são a forma negativa do verbo To Do, traduzindo para o coreano seria?

- O verbo fazer, que no caso de Don't significa não fazer algo! - responde, e eu finalmente olho para ele, que continua usando seu olhar penetrante que é capaz de me desestabilizar. - Mas se eu quiser fazer algo, posso usar o verbo Do que é a forma afirmativa, não é isso?

- Sim, mas ele também pode ser usado como verbo auxiliar ou principal, por exemplo, quando falo "He did a favor for me yesterday" ou "He does you a lot of good"

- Nesse caso, quer dizer "Ele me fez um favor ontem" e "Ele me faz bem" - ele agora me surpreendeu, não esperei que ele estivesse tão afiado assim. - E o auxiliar pode ser usado em perguntas, não é?

- Também, mas me dê exemplos dele em perguntas! - ele me encara com um sorriso ao ouvir isso que falei.

- Did you like my kiss? - ele pergunta com um sorriso cínico estampado no rosto. - Do you like me, Felix? - quando ele me pergunta isso meu coração quase sai pela boca.

A love in the pastOnde histórias criam vida. Descubra agora