Capítulo I

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Olho para o relógio e vejo que já se passava do meio-dia, estava atrasado. Precisava estar no hospital uma e quinze para acompanhar minha mãe na consulta de rotina. Hoje quando acordei, decidi ir em casa pegar algumas roupas, mas acabei demorando mais que o esperado, e para piorar, acabei pegando trânsito.

Fico irritado comigo mesmo porque, se eu tivesse saído de casa mais cedo, não teria enfrentado aquele trânsito horrível e já estaria lá a essa hora. Sou tirado dos meus pensamentos pelo barulho da buzina do carro de trás indicando que o sinal já estava aberto.

[...]

Chego no hospital quinze minutos depois e vou direto para o quarto de minha mãe, mas ele estava vazio.

        - Droga.-digo irritado.

        - Sr. Song, está procurando a sua mãe?-  pergunta a enfermeira aparecendo atrás de mim.

         - Estou.

         - Ela já está na sala de consulta.-diz olhando para a prancheta.

        - Você sabe me dizer quanto tempo faz que ela foi?- pergunto.

        - Ela já deve estar de saída, o Dr precisou atender os pacientes mais cedo hoje devido a um compromisso que ele vai ter mais tarde.

        - Ah, sim, obrigado.- agradeço e vou me sentar em uma das cadeiras para esperá-la.

Alguns minutos depois minha mãe retorna sendo ajudada pela enfermeira.

      - Você chegou, meu filho.- diz sorrindo para mim.

      - Desculpe ter perdido a consulta, eu peguei um trânsito no caminho pra cá.- falo me levantando e indo
ajudá-la a se deitar na cama.

     - Tá tudo bem, não precisa se desculpar.

     - E como foi a consulta?

     - O mesmo de sempre, nem uma melhora.-diz triste.

     - Vamos olhar pelo lado positivo, também não teve uma piora, vai dar tudo certo, tá?- digo tentando
anima-lá.

    - É, eu espero que sim, mas vamos mudar de assunto, eu tenho uma novidade.

    - Que novidade?

    - Eu conheci uma pessoa hoje.-diz animada.

    - Sério? E quem foi o azarado da vez?-pergunto rindo. Minha mãe sempre teve facilidade para fazer novas amizades, ela não podia ver uma pessoa que já ia puxar assunto. Já eu sou totalmente o oposto dela.

     - Palhaço.- diz me dando um tapinha no braço.

     - To brincando, quem a senhora conheceu?

     - Mais cedo quando você não estava aqui, eu resolvi dar uma volta no jardim para não ficar sozinha no quarto.

    - A senhora foi ao jardim sozinha? E se a senhora tivesse caído e se machucado?-pergunto preocupado.

     - Eu já sou bem grandinha para andar sozinha e precisar de babá atrás de mim.

    - Mãe, eu tô falando sério, a senhora podia ter se machucado.

     - Tá, na próxima vez eu chamo a enfermeira para ir comigo. Mas voltando ao que eu estava falando, quando eu cheguei no jardim, eu vi que tinha um garoto sentado em um dos bancos perto do canteiro de margaridas, e você sabe como eu sou né, não gosto de ver ninguém sozinho, então eu fui lá e me sentei ao lado dele.

    - A senhora nem sabe se ele queria ficar sozinho.

    - Se ele queria ou não ficar sozinho, não passou pela minha cabeça, eu me sentei do lado dele e fui logo puxando conversa.- diz sorrindo.

    - A senhora não existe.- digo negando com a cabeça.

     - Mas ele foi super educado comigo, a gente conversou por um bom tempo, ele é adorável.

    - Para a senhora todo mundo é adorável.

    - Ah, mas ele é diferente, ele tem uma energia boa, eu me senti muito bem conversando com ele.

    - Se a senhora diz.

    - Sabe... você bem que podia fazer amizade com ele, né? Acho que ele deve ter mais ou menos a sua idade.- diz pensativa.

    - Mãe.- a repreendi.

    - Tô falando sério, querido.

    - Eu não preciso de amigos.

    - É claro que precisa, meu filho, você não pode ficar enfiado nesse hospital o dia todo. Você precisa sair, fazer amigos, aproveitar a vida, você é jovem ainda.

    - Mãe, a gente já conversou sobre isso, eu estou bem assim, não quero amigos.

    Essa não era a primeira vez que ela vinha me falar que eu precisava sair e fazer amigos, mas eu realmente não estava nem um pouco afim de sair, muito menos de fazer amigos.

    - Song Mingi, você sabe que eu me preocupo com você, não quero que fique sozinho!

     - E quem disse que eu estou sozinho? Eu tenho a senhora.

     - Mas eu não vou ficar aqui para sempre, uma hora eu vou precisar partir e-

      - Acho melhor a gente mudar de assunto.

Sempre me incomodava muito quando ela vinha com essa conversa de que uma hora teria que partir, me negava a aceitar essa realidade.

    - Mas meu filho.

    - Mãe, por favor.

     - Tá bom... vamos voltar a falar do garoto que eu conheci então.

[...]

Nota: Gostaria de informação que essa é minha primeira fanfic, então espero que entendem se não estiver tão boa.

Waiting For Us - Yungi Onde histórias criam vida. Descubra agora