Capítulo XXIV

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Graças à tudo que houve, eu não consigo demonstrar sentimentos profundos por algo que não seja minha mãe, foi solitário nosso percurso até a liberdade, então sempre virá em minha mente que eu só preciso dela para viver bem. Talvez por isso seja tão difícil tentar aproximação com outras pessoas... E se ele não for o que aparenta ser? Eu não posso me apegar à alguém que poderá ir embora levando tudo depois. Mas algo nas palavras dele me deixam confortável, principalmente o que ele me disse ontem, só que eu não quero que ele saiba disso, é um idiota.

    - Filho?

    - Hum?

     - Tá tudo bem? Faz meia hora que você tá ai todo calado e fazendo umas caretas, estou até curiosa para saber no que tanto você pensa.

    - Em nada, é só bobeira.- sorrio.

    - Hum.- concorda pensativa com a cabeça.- Você sabe que se você quiser conversar eu estou aqui, né?

Com certeza não seria uma boa ideia me abrir com ela sobre essa amizade forçada, ela ficaria toda eufórica e me falaria um monte de bobeiras que eu deveria fazer, Song Yujin é uma peça.

     - Então... posso te fazer uma pergunta?

    - Eu sabia.- sorri como se tivesse acertado os números na loteria.

    - É que eu me lembrei de uma coisa que aconteceu semana passada, tem uma senhora que trabalha lá na lanchonete e ela vive tentado puxar assunto comigo mas eu nunca respondo, a senhora sabe como eu sou, só que eu acho que ela ficou magoada comigo e eu não quero que isso aconteça porque lá é o único lugar que eu tenho pra ir, aí não quero que fique um clima chato quando eu for pedir meu café de sempre pra ela, e os seus doces é claro.

    - Mingi! Eu não criei você pra ficar tratando as pessoas mal, ainda mais aqui no hospital que é praticamente nossa casa agora, vamos lá agora que você vai pedir desculpas pra ela.-  Retira o cobertor das pernas para levantar.

    - Ei, calma ai, Yujin.- sorrio e a cubro outra vez.- Eu vou resolver isso, fica calma.

    - Eu não quero ouvir reclamações suas depois de velha.

    - E quem disse que a senhora está velha? Está na flor da idade ainda. Mas me responde, como eu devo puxar papo com ela? Sobre o que eu devo falar?

    - Bom, você pode começar perguntando como ela está, ou como foi o dia dela, ou você elogia o café que ela te trouxe e aí pergunta se foi ela que fez ou se foi uma máquina, aí você já engata dizendo que antigamente você tomava aqueles cafés em capsulas e vai e pergunta se ela já tomou também.- Definitivamente eu não deveria ter usado o matraca disfarçado de moça do café, como eu vou usar isso?- Ouviu?

    - Hã? Ah, aham, ouvi sim, mas e se eu quiser falar sobre algo que não seja o trabalho dela?

    - Pergunta quanto tempo faz que ela trabalha aqui no hospital, ou se ela tem filhos.

    - Não, não tem como eu usar isso.- penso alto.

    - Como não?... Mingi... você está interessado por ela por acaso?- sorri espantada.

    - C-claro que não, mãe.- sinto minhas bochechas queimarem.- Tsk, claro que não!

    - Tá, me desculpa.- ri.- Então quer ser só amigo dela?

    - É.

    - Tá.

Por fim surgiram assuntos que eu finalmente poderia usar com ele, e como pensei, ela ficou super entusiasmada por saber que eu "quero ser amigo da senhora da lanchonete" e falou sem parar por uns quarenta minutos. Eu vou ter que adaptar muitas coisas, mas estou agradecido pela ajuda dela.

Waiting For Us - Yungi Onde histórias criam vida. Descubra agora