Capítulo XXV

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Estávamos na lanchonete fazia uns minutos, e a cada minuto que se passava chegava mais gente, o que tornou o lugar barulhento.

    - Nossa, olha como isso aqui encheu do nada - diz olhando as pessoas.

    - É.

    - Quase que eu não te escuto direito por causa da falação.

    - Deixa de ser exagerado. - retruco.

    - O que você disse??- sorri e coloca a mão perto do ouvido como se fosse ajudá-lo a ouvir melhor.- Sinto um sorriso ladino sair de mim, o desfaço rapidamente.- Vamos pra outro lugar.

     - Que lugar?- Que pergunta idiota, como se tivesse várias outras opções aqui.

    - O jardim - sorri.

    - Não.

    - Por que não??

    - Preguiça - digo encostando as costas na cadeira.

    - Preguiça do que??? A gente vai de elevador, você nem vai andar direito! - diz fazendo careta.

    - E eu não vou ter que andar até o elevador?

    - Mingi, deixa de ser preguiçoso! Parece até um idoso!

    - Idoso?? Tsk!

    - É isso mesmo - concorda.- Se bem que tem idoso por aí que é muito mais ativo que você...

    - Não, tudo bem, essa é a segunda vez que você me "esculacha", então é assim que amigos devem se tratar? Está anotado - sorrio sarcástico.

    - Não estou te esculachando, eu estou te dando um sacode pra você acordar pra vida, isso sim é o que os amigos fazem. Vamos logo. - Diz se levantando.

    - Eu disse que eu não quero ir - digo emburrado, mas ele me ignora como sempre e me arrasta pelo corredor até o elevador.

    - Viu? Não andou quase nada.

Ignoro ele e me encosto no fundo do elevador e permaneço assim até às portas se abrirem outra vez. Saímos e andamos para porta do jardim.

    - Bem melhor. - Sorri e caminha até um dos bancos se sentando em seguida.

Não sei quem gosta mais desse jardim, se é ele ou a minha mãe.

    - Por que você gosta tanto desse lugar? -resolvo perguntar também me sentando.

    - E por que não gostar desse lugar? Olha o tanto de vida que tem aqui.

Olho para os lados: - Só tem a gente aqui.

    - E as flores? Os pássaros? O vento? O céu?

    - E isso lá conta como vida agora??

    - Sim, eles fazem parte de tudo, assim como eu e você.- Ele deixa de me olhar e leva sua cabeça para olhar o céu enquanto seus olhos se fecham.- Eu preciso pensar assim, é o que minha médica diz...

    - Como assim?

    - Nada.- Me olha e sorri.- Eu também tenho meus dias pra baixo.

    - Você pra baixo?? - pergunto surpreso.

    - Até mesmo uma pessoa iluminada tem os seus momentos de escuridão.

Fico em silêncio, digerindo o que ele falou, tentando encaixar isso na personalidade dele, tentando imaginar como eram esses seus momentos pra baixo.

Waiting For Us - Yungi Onde histórias criam vida. Descubra agora