Capítulo XXXVIII

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Me pergunto o quão alto eu estava antes de cair pela rasteira que recebi ao descobrir a real situação dela. Os dias foram se mostrando intimidadores, eu estava enxergando melhor, muito melhor, ao ponto de ver o quanto minha mãe já estava mal. Em certos momentos me peguei em choque, sem  reação, sem saber o que fazer e o que dizer para ajudá-la.

Deixei virar uma rotina, ir ao jardim todos os dias depois que ela conseguia dormir, era o momento de "relaxamento" dela, e era o meu também, poder respirar e colocar para fora o que eu estava sentindo. E sem que eu precisasse chamar por ele, Yunho vinha até mim, as vezes não falávamos nada, e as vezes eu não parava de falar para não deixar que o silêncio me engolisse, e ele me ouvia em cada vírgula.

E havia outro costume, observa-lá dormir após eu voltar para o quarto. Me tornava ansioso dentro do elevador para chegar logo até ela, me apavorava a possibilidade de acontecer algo enquanto eu estivesse fora, então eu relaxei, parei em sua frente. Percorro seu rosto com os olhos, parece ainda mais cansada, a pele amarelada, as olheiras fundas, tudo tão melancólico.

Deixo um sorriso escapar pelos meus lábios, apesar de tudo, eu ainda não posso acreditar nisso. Tiro minha atenção do seu rosto e passo a observar a sua respiração, fico por longos segundos observando seu peito subir e descer dando sinal de vida, isso de certa forma me acalma. Ouço a porta do quarto se abrir lentamente, mas nem preciso olhar pra saber quem é. Escuto seus passos se aproximando até parar ao meu lado.

     - Toma, você está precisando - diz baixo me estendendo um copo de café. Levo meus olhos até a sua direção encontrando seu rosto parecendo preocupado, levanto minha mão e pego o copo.

     - Obrigado - agradeço. Me levanto da cadeira e caminho até o sofá para que não acordasse ela com a nossa conversa.

     - Cara, você está péssimo - diz se sentando ao meu lado.

     - Não tenho dormido muito ultimamente - justifico minha aparência e levo o copo a boca bebendo um pouco do líquido quente na esperança que ele me ajude a despertar.

     - Mas você precisa descansar, não faz bem para o corpo ficar sem dormir - preocupado, ele tenta fazer com que eu o olhe.

     - Eu sei, mas eu simplesmente não consigo dormir - digo dando de ombros.

Ele permanece me observando, mas leva seus olhos até a cama dela.

      - Você tem se alimentado pelo menos?

      - Sempre que possível, sim.

      - Mingi?? - me repreende parecendo bravo.- Você tem que se alimentar, como pretende ajudar sua mãe se matando desse jeito?? -  o tom preocupado estava presente novamente. Mesmo que eu não tivesse vontade de me alimentar, ele estava certo, se eu continuasse assim eu acabaria ficando doente também, e não conseguiria cuidar dela.- Você tem que se cuidar também, eu não quero te ver doente - diz com um pesar na voz, levo os olhos para o seu rosto encontrando uma expressão misturada entre preocupação e tristeza, mas nos seus olhos havia algo diferente parecia... carinho.

     - Eu vou tentar fazer isso...

     - É bom mesmo, ou eu vou ter que te dar uns petelecos - sorri apesar da pequena ameaça.

      - Isso foi uma ameaça? - pergunto com a sobrancelha levantada.

      - Foi sim - sorri divertido.

      - Tá bom então - digo levantando os braços em sinal de rendição.

      - Eu só estou fazendo isso porque eu estou preocupado com você - confessa.

Waiting For Us - Yungi Onde histórias criam vida. Descubra agora