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Bárbara Gouveia —  ponto de vistaRio de Janeiro, RJ

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Bárbara Gouveiaponto de vista
Rio de Janeiro, RJ

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Havia se passado exato uma semana desde a última vez de vi
Coringa, todos os dias a tardinha ele mandava um vapor onde eu estava me buscar e me levar para um dos barracos onde ele levava as ficantes dele.

Eu rejeitei todas as vezes, comigo não tem dessas! Não vou me humilhar para um homem, nunca precisei disso e não vai ser agora que isso vai acontecer.

— Babi? — olhei para Gilson que me chamava, hoje era meu primeiro dia aqui na lanchonete.

— Sim? — sorri amigavelmente arrumando meu avental.

— Mesa cinco. — assenti indo até lá.

(..)

— Você mora no morro então? — perguntei para Gilson que me ajudava a erguer as cadeiras sobre a mesa para ser mais fácil para as faxineiras.

— Sim, mas não faz muito tempo. — ele disse retirando o avental, fiz o mesmo indo até a ala dos empregados.

— Vamos então? — perguntei jogando a alça da minha mochila em meu ombro e arrumando uma mecha do meu cabelo que caiu no meu rosto.

— Sim. — ele disse indo em direção a porta e o segui.

Olhei para o outro lado da rua, vendo o movimento na barreira da entrada do morro.

— Você frequenta os bailes? — perguntou ele me fazendo o olhar.

— Só uma vez. — eu disse sorrindo lembrando daquele dia, foi uma loucura, aquelas mãos, aqueles lábios, ele... sinto saudade do seu toque, mas não posso sofrer.

Ele trancou a porta e esperamos a sinaleira abrir para atravessar a rua. Os vapores estreitaram os olhos entreolhando de mim para Gilson. Um dos homens pegou o chamado rádio de comunicação e levou até a boca, falando algo que não consegui ouvir.

— Você conhece eles? — perguntou e neguei.

— E nem quero. — rimos juntos. — Queremos passar. — eu disse quando um dos vapores nos parou quando íamos entrar no morro.

— Não antes de... — não prestei mais atenção no que ele dizia e arregalei os olhos vendo ele.

Neguei com a cabeça enquanto o observava descer o morro com um fuzil nas costas, sem camisa, seus músculos enorme a mostra, era uma verdadeira tentação.

Seu olhar cruzou com o meu e ele me fuzilou com os olhos.

— Tá ouvindo mina? — arqueei a sobrancelha voltando meu olhar para o vapor que me olhava sem paciência. — Bora pra moto.

— Não, não vou com você. — eu disse pegando na mão do Gilson e tentando passar por ele.

— O que tá acontecendo, Babi? — Gilson se pronunciou.

— Também não sei, mas nós vamos sair daqui agora. — eu disse irritada, Gilson apertou mais minha mão, ele estava com medo?

— Deixa eles passarem Chiclete. — sua voz rouca apareceu entre nós, nos viramos para olhar para ele e revirei os olhos.

— Obrigado. — murmurei baixo puxando Gilson comigo, era impressão minha ou Coringa não parava de encarar Gilson, isso era ciúmes?

Claro que não!

— Depois vamos bater um papo. — disse ele, não olhei na sua direção e continuei subindo o morro enquanto soltava a mão de Gilson.

— Não temos nada para conversar. — eu disse por fim.

Fomos subindo em um maldito silêncio, até que Gilson perguntou.

— O que você tem com ele?

— Longa história. — eu não tinha nada, mas queria ter.

(..)

Hoje era domingo de tarde e à praça estava cheia, pelo que falaram iria ter um tipo de parque de diversões que havia começado na sexta-feira, mas eu não tive tempo de levar Gustavo lá.

Me olhei pelo reflexo do espelho, meu vestido era florido e soltinho não deixava a mostra minhas curvas, também não queria que ninguém reparasse nelas. E uma sandália no pé e os cabelos soltos recém lavados.

— Vamos Gu. — eu disse pegando o pequeno em meu colo alisando seus cabelos cacheados entre meus dedos.

Desci o morro com o pequeno no colo encontrando Carol e Lara na esquina da lanchonete da Dona Selma, sorri amigavelmente para elas.

— Você tá gatona, Babi. — Lara falou e sorri timidamente para ela. — Os novinhos vão pirar.

— Não quero impressionar eles. — elas riram, mas logo pararam de rir, pareceram intender o que eu havia dito, queria impressionar uma pessoa, mas acabei que estragando tudo, faz quase semanas que não nos encontramos.

Deixei Gustavo com a irmã de Lara que o levou ao parque, fomos em direção a sorveteria, olhei ao redor sentado na cadeira em frente a Carol e ao lado de Lara.

Revirei os olhos ao ver aquele garoto que deu em cima de mim semanas atrás.

— Então, novidades? — perguntei e elas se entreolharam e negaram.

Olhei envolta novamente parando em uma cena que me chocou, senti meus olhos queimarem pelas lágrimas que queriam descer.

Coringa estava em uma roda com várias pessoas, funk alto com palavras de baixo calão e uma... loira nos braços.

Era ela, a tal Vanessa.

— Aí merda. — Carol rosnou. — Nós íamos te contar,
eu juro.

— Contar o que? — perguntei com a visão embaçada.

— Coringa é o... dono do morro, e a Vanessa, e a fiel.

A Amante [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora