A Amante [M]

05

Bárbara Gouveia —  ponto de vista
Rio de Janeiro, RJ

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Enquanto conversamos sobre o baile, Gustavo acabou derramando sorvete derretido na sua camiseta azul escura velha.

— Então, como foi o baile de vocês? — perguntou Carol puxando outro assunto, engoli em seco desviando meu olhar para Gustavo.

— Nada muito... pervertido. — se pronunciou Lara, senti seu olhar em mim enquanto eu limpava a camiseta de Gustavo com um guardanapo.

— O que foi? — perguntei finalmente olhando entre Lara e Carol.

— Eu quero falar sobre o cara que você... ficou, ou fez algo a mais. — Lara foi direta, já Carol começou a tossir.

—Nós só... nos beijamos. — eu disse me perdendo nos meus pensamentos, sua mão lá embaixo, como eu queria sentir isso novamente.

— Ele é o... — O menino que nos servirá antes apareceu no mesmo momento.

— Mais alguma coisa? — perguntou diretamente para mim.

— Quer parar de dar encima de mim? — pedi gentilmente, tentando não alterar a voz.

Ele me olhou por alguns segundos, mas logo deu meia volta e se foi.

— O que você está falando? - Lara franziu a sobrancelha.

— Nem lembro mais. — cerrei os olhos, alguma coisa ela queria falar, mas não sei o que.

(..)

— Tudo bem mãe, vou passar lá. — desliguei o telefone.

Eu já estava voltando para casa, minha mãe pediu para mim ir direto da sorveteria para a farmácia, comprar alguns remédios para o meu pai. Sorte que eu tinha pelo menos cem reais na carteira, tenho que guardar. Semana que vem os aviãozinhos e vapores vão cobrar o aluguel.

— Vem. — puxei a mão de Gustavo levemente em direção a descida do morro.

Passando mais em frente à praça, havia vários traficantes reunidos. Tenho medo deles isso sim, e dizem que o dono é muito pior.

Arregalei os olhos ao ver o homem que eu havia beijado ontem no meio deles e parecia estar dando ordem.

Ele estava sem camisa, estampando seus músculos enormes e tatuagens.

Até que nossos olhares se encontraram, gelei no mesmo momento, mas não parei de andar.

O mesmo me analisou de cima a baixo.