| 15

87 9 1
                                    

YUNA NARRANDO

Andar a cavalo... Não parece ser difícil, mas vi em um lugar que é doloroso pela primeira vez. Me lembro que minha mãe teve aulas particulares uma vez para um evento. Me lembro de ter ficado muito curiosa mas ela não me permitiu aprender. De certa forma estou até animada, era o meu sonho de infância e agora parece que posso realizar. 

Encaro Theo ao longe que fazia seu trabalho recém passado. Ele sorri calmo e eu faço o mesmo. Está tudo bem, vou tentar tirar o melhor desse momento e fingir que não estou sendo forçada a fingir um relacionamento patético. 

As instruções foram dadas e admito que não entrou muito bem em minha cabeça mas eu iria tentar com cuidado. 

- Tenta primeiro - Hueningkai me oferece. 

- Ahn...  acho melhor você ir primeiro assim eu aprendo assistindo. 

Ele dá de ombros e sobe no cavalo como se não fosse nada, é obvio que ele já sabe. Me assusto quando o cavalo começa a correr mas ao mesmo tempo achei a coisa mais maravilhosa do mundo e uau... admitir isso parecia patético e isso parece bem clichê, mas, lembrem-se de quando somos pequenos e nos falavam sobre um príncipe em um cavalo branco, sempre muito bonito e romântico. Eu acreditava muito nisso e sonhava em ter meu príncipe encantado em um cavalo branco e... por que Hueningkai estava parecendo esse príncipe em que eu tanto sonhava? 

Ele estava em sua melhor versão, a roupa com certeza caia como uma luva em seu corpo, os cabelos loiros brilhavam com os raios de sol. Seu rosto tão serio mas ao mesmo tempo tão apaixonante. Nunca pude dizer que Hueningkai é feio, porquê não era, mas nunca o vi tão bonito quanto hoje. Se o visse quando era mais nova ele de fato seria meu crush e eu faria uma fã account para ele. Seria de fato a líder de seu fã clube. 

- Está pronta? - ele para ao meu lado. 

- Não muito...- hesito. 

- Está tudo bem, ele é manso e muito fácil de controlar. 

Ele desce e eu percebo o quanto suas pernas são longas. Ele me oferece as rédeas e eu respiro fundo antes de subir. Me apoio com medo no cavalo que se esquiva um pouco, e ao sentir as mãos pesadas de Hueningkai em minha cintura fico mais calma. Ele me ajuda a subir e eu me sinto extremamente estranha lá em cima. 

- Tudo bem, agora é só o incentivar a andar. 

- E-Eu não consigo... - minhas mão começam a tremer. 

- Consegue sim, você não vai cair! 

- Quem me garante isso? - sinto vontade de descer. - Eu não acho que isso seja uma boa ideia, essa cela é tão dura como o chão e o pelo dele é tão áspero! Não, não quero mais. Uma vez vi em uma matéria de um cara que morreu de uma queda de um cavalo, fiquei sabendo que as quedas são tenebrosas, foi assim que minha mãe quebrou um pé, ela chorou muito e-...

Me assusto quando Hueningkai subiu no cavalo também, nossos corpos ficaram tão grudados que não se podia passar nem mesmo uma agulha. Seu corpo estava tão quente que eu não sentia o frio em meu corpo. Quando ele fala, sua respiração roça em meu ouvido me fazendo arrepiar. 

- Fecha os olhos. 

- Fechar os olhos? 

- Eu conduzo, tente aproveitar a brisa, assim não terá mais medo. 

Confirmo com a cabeça e fecho os olhos com força e quando o cavalo começa a andar eu aperto mais ainda meus olhos. Repetia sem parar pra mim mesma que estava tudo bem, eu não iria cair. Me concentrava no calor de Hueningkai e nos seus braços abraçando meu corpo para chegar até as rédeas. De fato isso é uma boa ideia para um date, Keeho parece entender muito sobre. 

Quando vejo que estava mais calma, ao sentir o vento fresco eu abro meus olhos. Era um pouco desconfortável mas não durava muito. 

- È...não é ruim. - escuto uma pequena risada. 

- Não mesmo. 

- Você parece bastante experiente. 

- Aprendi a andar a cavalo aos oito anos. 

- Sério?!

- Essa escola é do meu tio.

- Oh...

Sem perceber a velocidade do cavalo havia aumentado e ao perceber comecei a ficar com um leve frio na barriga mas não era ruim, era bom...

- Se segura. - Hueningkai sussurra em meu ouvido e acelera de uma vez. 

Com certeza meus gritos foram escutados de muito longe mas logo depois os gritos assustados foram preenchidos por risadas genuínas. Eu não estava mais com medo mas ainda sentia o frio na barriga, percebi que Hueningkai havia apertado mais o abraço para me deixar mais confortável com uma sensação maior de segurança. 

Mas de fato tudo o que é bom dura pouco. Um pombo resolveu pousar no meio do caminho e com o cavalo se aproximando em alta velocidade ele voou de uma vez e assustou o cavalo fazendo ele ir para trás com tudo. 

A única coisa em que pude sentir foi meu corpo ser abraçado e desviado do chão. Caí em algo duro mas não me causou tanto impacto. Minha respiração havia cortado, me senti desesperada. O cavalo ainda pisoteava assustado e uma de suas pisoteada vinha em minha direção. Não tinha muito o que fazer então fechei os olhos esperando o impacto mas em troca meu corpo foi abraçado de novo e girado para a esquerda. 

Ao abrir os olhos vejo Hueningkai sobre mim, me olhando assustado e em sua testa um líquido vermelho caia com cuidado. Ele enfrentou o maior impacto e mesmo todo machucado ainda me protegeu pela segunda vez... mas no momento a única coisa em que pude sentir foi preocupação ao ver o sangue tão vivo em sua testa. 

Between a paper and the heart [ PAUSA TEMPORÁRIA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora