Acordei depois de um pesadelo sobre a noite que estivera com Josh, desatei a chorar. Era a única imagem que eu carregaria por toda minha vida, a que me custou a minha família. Estava desesperada por um café e ficar sozinha com meus próprios pensamentos que agora mais pareciam com meus inimigos do que os vizinhos de Raleigh. Olhei para o relógio no meu celular e vi que ainda eram apenas 02:45AM da manhã. Eu passara a noite praticamente contando cada detalhe do meu sofrimento para Nora, sabia que ela me compreendia e havia segurado a minha mão. Mas seria errado demais imaginar meus pais fazendo o mesmo que ela fez? Era tanta coisa para processar que as vezes para mim não fazia sentido.
Comecei a chorar baixinho pela saudade que sentia dos meus pais, de Raleigh e tudo que era mais fácil ali. Onde eu já conhecia a todos e não tinha do que me envergonhar. Pensei em como Josh está agora depois que descobriu sobre o bebê, e queria muito saber porquê ele me abandonou desta forma esdrúxula. Eu deveria me importar? Eu só tinha 18 anos e nem ao menos sabia se seria uma boa mãe. Minha cabeça era uma névoa embaralhada com cada frase dita que me machucaram, os olhares maldosos em minha direção, a dor estampada no rosto dos meus pais, tudo isso ainda me afetava, era tão recente como se eu estivesse vivenciando isso outra vez. O novo traz empolgação mas também traz o medo do que poderia vir a seguir. Lembrei-me do estranho e o que ele pensaria sobre tudo isso? Acho que não é da conta dele.
Mordi o lençol para abafar meu grito enquanto chorava demasiadamente. Quem queria estar passando pelo o que estou passando? Desamparada, cheia de dor e carregando uma bagagem inteira. O que faria? Havia tantas perguntas sem respostas que tudo o que eu queria nesse momento era desaparecer da face da terra. Fiquei alguns minutos deitada naquela cama confortável antes de me levantar e tatear até a cozinha. Tomando cuidado para não acordar Nora, ela teria de ir para o tribunal daqui a pouco e não queria ser o motivo dela perder seu sono. Enquanto eu tentava não lembrar de toda aquela confusão, coloquei a chaleira com água para esquentar. Confesso, tive um pouco de trabalho para ligar o fogão automático de Nora, mas consegui sem muita dor de cabeça. Sentei naquela mesa e esperei a água ferver, precisava de um café.
Nora havia me dito que eu teria de fazer o pré-natal o quanto antes, teria de fazer uma bateria de exames e marcar meu primeiro ultrassom, ela disse que me acompanharia assim que terminasse sua primeira audiência do dia. Eu estava muito grata por ter uma tia como Nora, que está disposta a abraçar minha causa. Olhei para a imensa janela e o céu escuro estava ameaçando chover. Os olhos daquele estranho eram tão lindos e vívidos e logo me repreendi por estar lembrando dele novamente. Alisei a barriga sobre meu pijama e sorri como uma boba. Se tudo que eu estava passando era por ele, talvez seja por uma boa causa. Mas eu tinha medo, não sabia nem trocar uma fralda. Inseguranças e desespero, comecei a perguntar-me como eu seria como mãe e se teria coragem de enfrentar os desafios que serão lançados pelo árduo caminho. Tive um medo horrível de não sentir amor, de não saber cuidar e provavelmente poderia machuca-lo, mas mesmo como todo esse medo eu queria tentar.
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Uma Chance Para Amar
Romance"Eu prometo nunca abandonar você." Classificação: +16 Annelise Houtman é uma jovem que vivia com seus pais na Carolina da Norte. Com uma família cristã e conservadora, ela tinha uma reputação a zelar. Anne, passava a maior parte do tempo com seu nam...