C a p í t u l o • |10|

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— Vocês conversam todos os dias, com direito a apelidos carinhosos, para quem se odiavam, vocês estão bem

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— Vocês conversam todos os dias, com direito a apelidos carinhosos, para quem se odiavam, vocês estão bem. — zombou Nora, indo em direção ao pequeno frigobar pegar uma Heineken.

Olhei ela abrir e bebericar sua cerveja com certa zombaria, ela deu de ombros e disse que era bom para acalmar os ânimos já que meu pai não era uma pessoa fácil. E ainda tinha esse fator que caiu em nossos ombros.

— Nora, você sabia que isso aconteceria. — digo a ela, calmamente.

— Mas pela lei ele está sendo negligente com a própria filha! — exclamou, tentando controlar de novo sua raiva.

Sorri para ela como se aquilo já não me afetasse mais. Claro, aquilo era doloroso ele havia me apagado completamente da minha vida, por causa do meu bebê, eu estava disposta a aceitar o fardo que meus pais recusavam-se a manter-me em suas vidas, mas não havia muito o que se pudesse fazer. Passei a vida inteira vendo-os sendo fechados e ignorantes, nunca mudavam de ideia em relação a algo que achava que estava errado. Suas crenças religiosas o guiavan para um mundo a qual só ele achava que existia, menos eu. Minha mãe e Nora era somente vítimas desse fanatismo religioso. Ela sentou do seu lado da cama e vi seu olhar ficar perdido em algum momento de sua vida.

— O que foi? — perguntei.

— As vezes me pergunto, como seria minha vida se eu tivesse com meu bebê agora. — murmurou. Observei atentamente quando ela limpou uma lágrima que caía sobre seus olhos. — Mas também penso que se o tivesse, não teria chegado onde estou hoje. Acho que Deus fez tudo que podia para me fazer chegar aqui. Eu amo meu filho ou filha, mas acho que talvez tenha sido melhor assim...

Segurei sua mão, para lhe transmitir confiança e não ousei atrapalhar sua confissão.

— Quando contei ao Hector sobre a gravidez, ele imediatamente me atirou aos leões, seu pai me humilhou em público, acusando-me do golpe da barriga. — confessou, sua voz embargando em lágrimas. — Achei que meus pais me ajudariam, mas não foi bem assim que aconteceu.

— Eles não entendem como algumas coisas acontecem e por mais difícil que seja são egoístas em achar que podem escolher o destino de outras pessoas. — consolo-a.

Ela sorriu por um milésimo de segundo.

— Meu pai foi o primeiro a fazer minha mal e me enxotar de casa depois de outra humilhação na frente de toda a vizinhança. Dali começou minha trajetória. Embora hoje eu agradeça a eles, mas sinto pelo bebê que perdi. — confessou aos prantos.

Senti sua dor e sua angústia, talvez ela só quisesse o apoio de sua família como eu também, mas seguiu sozinha, chegou a Nova York sem ninguém para acolhê-la, foi firme em sua decisão e hoje tem uma posição grande. Ela era motivo para inspirações. Muitas deviam estar passando pelo mesmo que nós, e ela deveria escrever um livro baseado sobre isso. Mas por ora, queria deixa-la desabafar sua dor.

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