Karaoke

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      Chico Buarque'on

  Acordei 11:00 da manhã, naquela preguiça. Tudo que queria agora era o abraço de Caetano para me despertar, mas quando fui me virar para o abraçar, não senti teu corpo ao meu lado, apenas meus  lençóis e alguns travesseiros jogados. Abri meus olhos confuso e me dei conta que Caetano não estava lá.

- Caetano? - Disse me levantando da cama pra ir o procurar. - Caetano cadê você?

  O procurei na casa toda. Fui a banheiro, cozinha, sala e simplesmente não o achei de jeito maneira. Fui pro meu quarto e me sentei transtornado e um tanto quanto triste na beira da cama.

  Me joguei na cama colocando as mãos na cabeça, por que ele foi embora assim do nada?

   Será que fiz alguma coisa que ele não gostou? Talvez ele esteja se sentindo aprisionado a mim, Caetano é um bicho solto e eu estou o aprisionando a mim, todo sensível ao amor. Ou talvez eu apenas temha me emocionado demais, afinal, ele só saiu sem da tchau.

  Melhor eu sair pra dar uma animada, por sorte já sei quem chamar.

- Toquinho? - falei no outro lado da linha. - livre hoje?

- Oba, carioca. - saudou Toquinho, pude sentir seu sorriso do outro lado da linha - Eu sempre estou livre pra beber e saber da sua péssima vida amorosa.

- - imitei uma risada, irônico - Que engraçadinho. querendo sair um pouco, saudades da farra. Mas então.. O mesmo de sempre?

  Estava sentado numa mesinha de um boteco qualquer do Rio de Janeiro, bebendo e Talvez afogando um pouquinho as mágoas.

- Eai chiquita! - Disse Toquinho alegre se sentando na minha frente.

- Oi Toquinho - disse desdenhoso e sorri leve para o mesmo

- Ihhh Caetanao negou sexo, é?

- Vai se fuder! - ri - só você mesmo pra me fazer rir nessa manhã de merda.

- La vem, o que que aconteceu agora? - perguntou Toquinho.

- Ontem o cae foi dormir lá em casa, ficamos de chamego o dia todo. Mas hoje quando acordei, ele não estava lá. - desviei o olhar, fitando minha cerveja. - Eu acho que eu fiz alguma coisa, ele não é covarde assim, feito eu. Se tudo estivesse bem eu acordaria do teu lado. Mas não, acordei só. Alguma coisa deve estar acontecendo, não sei

- Putz mano! - Toquinho me consolou - Fica tranquilo que eu tenho uma solução pra isso.

- Sério? Qual?

- Bora beber até cair! - sorriu.

- Como eu não pensei nisso antes?! - ri de seu conselho, que era o que eu seguiria.

 
  Já eram quatro horas da tarde e eu e Toquinho permaneciamos no mesmo boteco, estavamos relembrando e rindo de nossa infância.

- Não mas lembra quando você era apaixonado naquela menina no colegial? - Toquinho ria e bebia, não conseguia nem formular uma frase direito.

- Que menina?! - ri

- Aquela que sonhava em ser atriz, toda charmosa e perfumada.

- Ah! Marieta! - gargalhei - eu já tinha até esquecido de Marieta. Bons tempos.

- Você era caidinho por ela, né? Lembra quando vocês namoraram e ela te traiu com seu amigo? - Toquinho riu alto

- Disso não precisava lembrar, não! - sorri - Foi bom enquanto durou. Eu acho que eu que não fui o bastante pra ela.

  Marieta era minha paixão desde a 8° série, ela era toda linda, segura de si, sexy. Me lembrava até Caetano. Namoramos por um tempo, até ela me trair com um amigo meu. Desde então não temos contato. Mas eu gostaria de saber como ela anda. Vejo na TV ela correndo atrás de seu sonho, ela tinha talento pra TV mesmo, sempre fora solta.

- Toquinho... - chamei a atenção do mais novo - será que com Caetano vai ser igual? Tipo... A gente vai ser feliz e tudo mais, mas quando tudo estiver dando certo a gente vai decair e se afastar?

- Chico, não pensa assim. Isso é só paranoia. Caetano nunca seria capaz de fazer uma coisa dessas!

- Verdade...

  Estávamos bebendo e jogando conversa fora quando decidimos ir cantar no karaoke, a essa altura eu já estava alto, Toquinho nem se fala. Decidimos cantar "Disritmia" do Martinho Da Vila.
Fomos pro pequeno palco que tinha lá, cambaleantes e rindo de tudo.

- Eu quero me esconder de baixo dessa sua saia pra fugir do mundo - comecei cantando, com a voz rouca e arrastada por causa da bebida. Olhei pra Toquinho que tomava um gole de sua cerveja, esperando ele continuar a música.

- Pretendo também me embrenhar no emaranhado desses teus cabelos... - Cantarolou Toquinho alegre. Cantávamos  desafinados, mas isso não importava agora.

  Terminamos a música e o pouco de gente que estava lá nos aplaudiu, agradecemos a todos que aguentaram até o final da música e descemos do palco. Logo pagamos a conta e fomos andar sem rumo pelas ruas do meu Rio.

- Toquinho eu vou me declarar pra ele. - Decidi por fim.

- Ele quem?

- Caetano! - ri - quem mas seria?

- Boa ideia. - riu também, parecíamos dois drogados andando por aí de tardezinha. - Ali tem um orelhão, liga pra ele e se abre. 

  Assenti com a cabeça e fui cambaleando em direção ao orelhão. Coloquei uma moeda e disquei o número da casa de Caetano.

- Tá chamando - disse pra Toquinho, que fez um joinha com a mão.

  Esperei uns minutos ate meu amor me atender.

     Caetano Veloso'on

  Estava deitando na cama fitando o teto e pensando em malditos olhos verdes, até que ouço o telefone tocar lá na sala. Sem pressa nenhuma fui caminhando lentamente ao telefone.

- Alô quem é? - Falei no telefone, só consegui ouvir uma respiração desregulada no outro lado da linha.

- Cae.. Podemos conversar? - Disse Chico embriagado com a voz arrastada, creio que por causa da bebida.

- Chico? Conversar agora?

- Sim, por favor - Olhei preocupado para Djavan adormecido em minha cama.

- Não sei.. 'Ce for tem que ser bem rápido  - Ouvi Chico suspirar no outro lado da linha. Olhei de novo hesitante para Djavan.

- Tudo bem! É coisa de minutos, cae. Por favor...

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Não gostei, mas é oq temos pra hoje, viu?
Preparem o psicológico que lá vem bomba. Beijinhosss

 

 

 

Apesar de tudo, nósOnde histórias criam vida. Descubra agora