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"Sei que é para o melhor...
Sei que é para o melhor...
Sei que é para o melhor."
- waiting room, phoebe bridgers.

4 anos atrás...

marie's pov;
Hoje é o dia da grande apresentação.

Daqui alguns minutos entro no palco e meu coração está a mil.

Desde o acontecido no carro não falei mais com Kenji, recusei algumas ligações e ignorei algumas mensagens.

Se fosse alguns dias atrás eu estaria mais do que animada para dançar sabendo que ele estaria me olhando da plateia.

Agora eu prefiro não olhar mais na cara dele.

O apresentador nos chama para ir no palco e nós vamos em fileira nos posicionando nos devidos lugares.

A música começa e eu danço de acordo com o que ensaiamos.

Chega o meu tão esperado solo, vou até o meio do palco e começo a executar os passos.

Faço tudo certinho e sem esquecer de sorrir, a treinadora Louise ficaria possessa se eu não sorrisse, apesar de que desde que entrei na academia a vi sorrir umas 5 vezes, chutando alto.

Na hora de executar o jeté meu olhar pousa bem no meio da plateia, Kenji.

Ele está aqui, me encarando com uma certa carranca misturada com admiração, uma expressão totalmente confusa aos meus olhos.

Quando menos percebo minha perna está na posição errada e meus braços não me dão o equilíbrio que preciso para girar.

Clack.

É o barulho que escuto quando caio em cima da minha perna.

Depois disso foi uma série de burburinhos da plateia, literalmente o fim da apresentação.

A cortina se fecha e a música cessa.

Uma dor insuportável queima a perna em que cai em cima, a vaca da treinadora está gritando comigo algumas palavras que eu juro serem russas.

As meninas da minha turma se juntam ao meu redor preocupadas, mas minha mente está bloqueada pela feição de Kenji de poucos minutos atrás.

Filho da puta.

Sem explicações me levanto com uma dificuldade do cacete, e manco até a saída do palco que leva ao camarim.

Uma culpa me invade, estraguei a apresentação, estraguei a felicidade de todos os pais que estavam aqui para ver suas filhas.

Decepcionei minha mãe.

Esse sentimento é tão grande que esqueço da droga da dor na perna.

Tudo isso por um maldito menino.

Alguém agarra meu braço, é a treinadora Louise.

— Está feliz? Enfiou todos os ensaios que fizemos onde?! Responda Campbell! — Ela grita contra meu rosto, deixo a raiva tomar conta de mim.

— Vá se foder. — Rosno entre os dentes tirando bruscamente meu braço de seu agarre, a expressão da treinadora vai de ódio para choque.

Me viro e ando mancando para fora do camarim dando direto para o lobby do hotel em que a nossa apresentação ocorria, não quero olhar e nem receber olhares de ninguém agora, eu sou inteiramente um aglomerado de vergonha, culpa, e raiva nesse momento.

Como ele pôde estragar até a droga da apresentação que ele sabia da importância que tinha para mim? Como ele tem coragem de aparecer aqui?

Quando estou quase chegando na porta de vidro rotativa do hotel uma mão agarra meu braço, penso que é a treinadora novamente mas não, é pior.

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