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"Te deixarei acordada até o nascer do sol...
Falando em línguas, nós não terminamos ainda,
Não tire minhas frases de contexto,
Eu sei que está pesando em sua mente."
- church, chase atlantic.

dias atuais...

kenji's pov;
Giro a pequena adaga em meu dedo indicador olhando para Grayson com um sorriso.

— A pobrezinha estava aterrorizada, eu particularmente fiquei com pena. — Faith diz largando sua bolsa em cima da mesa da sala, lhe dou um olhar de cima a baixo.

— Esse era o objetivo, além do mais, foi divertido. — Digo soltando uma risada nasal.

— Queria tanto ter visto a cara de cachorrinho assustado dela. — Kaden afirma tomando um gole de seu uísque com gelo. — Infelizmente só Grayson teve esse prazer. — Grayson ri maliciosamente.

— Ela é bonita. — Faith afirma se sentando no sofá ao lado de Connor.

Mordo a parte de dentro da minha bochecha, lembrando dos traços de Marie.

Os olhos verdes tão profundos como um oceano, o cabelo cheio e dourado, seus lábios que me levavam ao paraíso cada vez que eu os sentia.

Marie está mais que ciente da minha presença, e me conhecendo bem sabe que esse pequeno susto foi só o começo do que realmente quero dela.

E eu costumo ir até o inferno para ter o que quero.

— Me lembro dela no ensino médio, era uma menina quieta, se troquei duas palavras com ela no ensino médio foram muitas. — Connor da de ombros derramando mais uísque em seu copo.

— Ela era um porre, ela que me dedurou quando destruí a sala de teatro, vadia. — Kaden rosna com o nariz franzido. — O que você tanto queria com ela naquela época, Kenji? — Ele vira seu olhar para mim, estalo a língua antes de dizer.

— Antes eu não sei, mas agora só quero que ela pague o que me fez passar. — Murmuro passando a mão pelo cabelo.

— E é isso que vamos fazer, vamos fazer essa ratinha se arrepender do que fez. — Kaden sorri de lado e eu contribuo o sorriso, escuto uma risadinha vinda de Connor.

— Vou amar matar as saudades do tempo em que nós aterrorizávamos os outros. — Diz ele suspirando.

— Falando nisso... — Grayson começa dizendo e seu olhar se vira para Faith. — Está pronta para amanhã, não está? — Questiona, a menina faz uma careta.

— Não sei não pessoal, acho que já foi demais o que fizeram com ela hoje... — Ela diz, arrancando resmungos dos meninos.

— Você se comprometeu. — Grayson diz firmemente, Faith morde o lábio inferior e coça a cabeça.

— Tá, tudo bem. — A menina suspira revirando os olhos e cruzando os braços.

— Não é como se você fosse fazer o trabalho sujo, Faith, só vai dar uma ajudinha. — Connor explica.

Conhecemos ela em uma noite a alguns meses atrás, logo após eu ser solto do reformatório.

Os meninos conseguiram toda e qualquer informação da vida de Marie enquanto eu estava recluso, então fui liberado já sabendo cada detalhe.

Eles queriam comemorar minha volta então fecharam uma boate aqui em Baltimore, Faith era a menina que iria "trabalhar" para nós aquela noite.

Grayson é o único que ainda mantém relações com ela - se é que me entendem - apesar de todos nós já termos tirado a prova, Faith é nossa amiga apenas.

Ela sabe da minha história com Marie, sabe de todas as merdas que fiz e da merda final que ela fez, e foi isso que me fez querer vingança contra ela.

E com a ajuda dos meus amigos vou conseguir, já que eles a odeiam tanto quando eu.

[...]

Recebo uma foto de Faith por mensagem.

É uma foto de Marie como pedi para mandar quando a encontrasse na faculdade.

A foto foi tirada de longe, Marie está com o cabelo amarrado e sem seus cachos, está com uma calça jeans escura e um suéter verde musgo, ela está procurando algo em sua bolsa.

Na próxima foto, ela está entrando no prédio da faculdade, digito um joinha e mando para Faith.

Encaro por mais alguns minutos as fotos, Marie é uma garota encantadora, chama atenção mesmo mesmo não sendo propositalmente.

Depois daquela briga em sua apresentação nunca mais troquei uma palavra sequer com ela, mal vi ela direto.

Mas sei que ficou no internato Santa Ana em Pittsburgh o resto de seu segundo ano e o seu último ano todo, passou na faculdade lá mesmo, depois de três anos se mudou para Baltimore.

Me lembro quando éramos adolescentes, Marie dizia que queria ir para a Itália quando terminasse os estudos, sentia que lá era seu lugar, me contou que ofereciam uma bolsa de estudos para atletas, e ela como era uma bailarina talentosa tinha capacidade de conseguir.

Era... Após sua fratura na perna, não consegue mais fazer os passos mirabolantes que fazia antes, isso provavelmente a fez desistir da Itália e acabar ficando por aqui mesmo.

Marie me culpa pelo que aconteceu no palco naquela apresentação, talvez seja por isso que me odeia com cada átomo de seu corpo.

Passei os últimos quatro anos da minha vida planejando o que eu faria com a vida dela.

Quando soube que estava tendo problemas em Pittsburgh e pediria transferência para cá foi tudo mais fácil.

O prédio Ballard é da família da minha mãe, mesmo que ela tenha cortado contato comigo após o acontecido, parte dele está em meu nome então claro que conseguiria o apartamento 1011 para Marie, apesar de muitas propostas de possíveis residentes.

Era difícil Marie saber sobre os proprietários do prédio, já que o sobrenome conhecido em Thousand Oaks era o do meu pai, não da minha mãe, e ela nunca foi a fundo para ter qualquer informação.

Sinto falta da minha mãe, acho que nunca serei capaz de esquecer o olhar que ela me deu naquela manhã...

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