"Quando estou perdendo o meu controle, a cidade gira em minha volta...
Você é o único que sabe, você faz tudo desacelerar."
- look after you, the fray.4 anos atrás...
marie's pov;
Tive mais uma briga de merda com a minha mãe para variar, o motivo? Meu pai.Não sei quantos neurônios daquela mulher queimaram desde que papai foi embora, por algum motivo ela pensa que se eu não tivesse me metido na briga ele não teria saído.
Claro mãe, você o trai e eu sou a culpada por tentar te defender, cadela louca.
Estou afogando minhas lágrimas em um balde de pipoca coberta com chocolate, meu celular vibra na cabeceira da cama, pego e vejo o nome de Kenji piscando no visor.
Atendo com prontidão.
— Está ocupada? — Pergunta assim que aperto o botão de aceitar.
— Um pouco. — Choramingo com uma fungada, mastigando outra pipoca.
— Ei... O que aconteceu? — Kenji questiona com um tom de preocupação.
— Minha mãe. — Respondo quietamente, escuto o suspiro dele do outro lado da ligação.
— Ela está dormindo? — Tiro meu celular da orelha para verificar as horas, 00:32.
— Com toda certeza, ela toma aqueles remédios que são capazes de desmaiar cavalos e acorda só daqui 10 horas, porque? — Afirmo e escuto ele rir me arrancando uma risadinha também.
— Chego aí em 5, me espere na garagem com dois travesseiros, e não coma toda a pipoca. — Pede ele e eu franzo a testa.
— Como sabe que estou comendo pipoca? — Pergunto rindo.
— Escutei você mastigando uma, estou indo. — Kenji desliga a chamada e eu olho para o celular, sorrindo sem perceber.
Pego dois travesseiros e uma coberta como ele pediu, tento equilibrar o balde de pipoca e o celular em uma mão e os travesseiros em outra sem derrubar tudo e fazer uma bagunça.
Consigo descer até a garagem sem fazer muito barulho, estico a coberta no chão e coloco os dois travesseiros apoiados na parede, não sei que ideia que Kenji tem em mente, então fico sentada o esperando.
Após uns dois minutos vejo sua silhueta em meio o escuro, ele desce a rampa da garagem e consigo ver seu rosto com mais clareza.
Quando Kenji percebe meu rosto inchado e vermelho uma expressão preocupada se forma em seu rosto e ele agacha para ficar na minha altura.
— Ei, estou aqui agora, você tá melhor? — Ele murmura passando a mão pelo meu rosto, um sorrisinho brinca no canto dos meus lábios.
— Sim, conseguiu me distrair com mais uma das suas ideias fora da caixa. — Respondo e ele da uma risadinha se inclinando para beijar minha testa depois meus lábios.
— Quem bom. — Fala se acomodando ao meu lado e dando tapinhas em seu peito indicando para eu deitar lá, então faço.
Me aconchego contra seu corpo enquanto ele da vários beijinhos no topo da minha cabeça.
— Quer conversar sobre a briga? — Questiona me olhando.
— Não, só quero esquecer as palavras que ela me disse. — Resmungo com um respiro pesado.
Kenji tira o celular do bolso e abre no aplicativo da Netflix, clica na barra de pesquisa e digita "Moana", o olho animada e ele me olha de volta sorrindo.
— Você me lembra um pouco ela. — Ele diz com um risinho apertando play e virando seu celular na horizontal.
Ele lembrou que meu filme favorito é Moana.
Aquilo aqueceu meu coração de uma forma inexplicável, ele me faz sentir de uma forma inexplicável.
O filme começa e ficamos lá abraçados na garagem comendo pipoca com chocolate e rindo sobre qualquer coisa.
Queria que fosse sempre assim.
Queria nos lembrar daquele jeito pra sempre.
[...]
Meu alarme toca, praticamente gritando no meu ouvido para eu acordar.
Bato no relógio com força e o barulho cessa.
8:30, tenho a porcaria de uma aula de balé em pleno sábado oito e meia da manhã.
Resmungo e me sento na cama esfregando os olhos, flashbacks da madrugada de hoje invadem minha mente me fazendo sorrir.
Mamãe abre a porta do quarto e parece surpresa quando me vê acordada, claro que se eu esperasse ela acordar provavelmente me atrasaria, me surpreende ela estar acordada esse horário.
— Já está de pé? — Questiona.
— Acordei com o despertador. — Respondo simples, me levantando da cama e indo até o banheiro, ela me segue e para atrás de mim me encarando pelo reflexo do espelho.
— Filha, me desculpe pelas coisas que disse ontem, você sabe que foi da boca pra fora. — Mamãe diz ressentida, sempre é da boca pra fora.
— Só esqueça disso. — Murmuro a olhando pelo reflexo com um sorriso forçado, ela assente e sai do meu quarto, solto a respiração que nem percebi que estava prendendo.
Em menos de uma hora estou pronta para ir para o balé, vou até o andar debaixo me dirigindo a cozinha e pegando meu suco de cenoura e beterraba da geladeira.
— Vamos? — Mamãe pergunta.
— Vamos. — Digo.
[...]
— Está se alongando corretamente? Porque vi você pulando alguns passos do alongamento, por isso está com as costas doloridas. — A treinadora Louise me repreende e eu me seguro para não revirar os olhos.
Ou talvez ficar mais de uma hora deitada no chão duro da garagem colaborou para isso.
— Sim, treinadora, me alonguei corretamente. — Respondo e ela me olha com um olhar de desdém, ou melhor, o seu olhar de sempre.
— Em seus lugares, todas! — A mulher bate palmas estrondosas, resmungo e me levanto indo até a barra de ferro para treinarmos mais alguns passos antes de começar os ensaios para a apresentação daqui 4 meses.
Treinamos uma, duas, três... Sete vezes até Louise dizer que estamos liberadas.
Burburinhos de comemoração se espalham ao redor do palco e a treinadora murmura algo que não entendi, agradeço a Deus.
Vou até meu armário para pegar minhas coisas, quando abro uma rosa branca cai de dentro, a pego com cuidado do chão e vejo um bilhete amarrado com um laço de cetim rosa, escrito:
"Não estou te vendo mas sei que está dançando lindamente como sempre faz.
Ass: Erick O'Connell."
Franzo a testa ao ler o nome desconhecido no bilhete, meu celular vibra no bolso do meu corta-vento me tirando a atenção da rosa.
'Kenji: Eu sou Erick O'Connell, para não achar que tem outro admirador secreto além de mim.'
Dou uma risadinha com a mensagem e respondo um "obrigada" seguido de um emoji de coração rosa.
Vejo a mensagem de minha mãe no visor avisando que chegou para me buscar, pego minha bolsa e a rosa e vou para o estacionamento.
— Uma rosa? — Pergunta ela assim que entro no carro, agora entendi o porque do codinome.
— Sim. — Entrego em sua mão e ela lê o bilhete, sua sobrancelha arqueia.
— Quem é Erick? — Questiona com um sorriso sugestivo, penso em uma resposta rápida.
— Ah, um carinha da escola, está na minha aula de teatro. — Respondo dando de ombros e afivelando o cinto.
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IVRESSE;
FanfictionKENJI; Nunca imaginei que meu objetivo de vida seria acabar com a vida de outra pessoa. Mas quem mexe com fogo eventualmente se queima. E espero que Marie esteja aguardando o que guardei para ela. MARIE; Eu sabia que era um erro desde o começo, mas...