ATO V - Parte três

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Quando James era muito pequeno e seus pais ainda o colocavam na cama, ele fingia dormir e depois saía furtivamente do quarto para sentar na escada e observar seus pais através dos trilhos. Ele não tinha certeza do porquê, a não ser o fato de que ele esperava pegá-los dançando lentamente no meio da sala, porque ele os pegava fazendo isso com frequência.

Na maioria das vezes, porém, ele apenas via seu pai lendo um livro ou fazendo anotações para suas poções, distraído em suas atividades, e lá estava sua mãe - observando. Apenas observando em silêncio, e talvez tenha sido o mistério que manteve James fugindo, porque ele nunca entendeu o que ela estava procurando.

Ele entende agora.

Há alguma coisa em olhar para alguém apenas para olhar, apenas para vê-lo, apenas para contemplá-lo quando quiser. James entende isso agora, enquanto se espalha no chão e passa os olhos pelo rosto de Regulus. Ele poderia fazer isso por horas em completo silêncio e nunca se cansar, e ficar satisfeito com cada detalhe. Ele lembra que sua mãe olhava para seu pai e nunca precisava que ele olhasse para trás, mas quando o fazia, ela sorria. Todas as vezes ela sorria.

James também entende isso. No momento em que o olhar de Regulus se volta para ele, James sente sua boca se curvar nos cantos. Ele não consegue explicar o que é, além do simples prazer da existência de outra pessoa. James está tão feliz com a existência de Regulus, e há algo especial nisso.

"O que?" Regulus murmura.

"Nada", James responde calmamente. "Estou apenas olhando para você."

"Por que você está olhando para mim?" Regulus não pisca, mantendo o olhar, mas ele está olhando através dos cílios como se achasse difícil olhar para James sem impedimentos.

James se pergunta a diferença entre eles. Em si mesmo, que não consegue desviar o olhar de Regulus agora, quando antes não conseguia ver tudo bem à sua frente. Em Regulus, que mal consegue olhar nos olhos, quando geralmente está tão ansioso para observar.

"Você é lindo", James diz a ele. "Mas é mais do que isso. É também que ver você me deixa feliz."

Regulus desvia o olhar, volta a olhar para seu livro, quieto. Ele não diz nada, o que é bom. James volta a simplesmente olhar para ele, contente em fazer isso por enquanto. Para sempre, espera.

O livro está na mesma página há quase vinte minutos. James tem muito cuidado para não mencionar isso, fingindo não notar. Ele se sente muito feliz por estar aqui.

Está quieto lá fora. Um dia lento de fim de semana os envolve, mesmo aqui nos arredores da Floresta Proibida. Eles estão bem na linha das árvores, onde são ralos e abertos para o terreno. Regulus está encostado em uma delas enquanto James se apoia no cotovelo e olha para ele. É um pouco de solidão longe de todos os outros, mas eles ainda são capazes de ver o castelo, sem realmente flertar com o perigo.

As coisas estão... delicadas entre eles, no momento. Regulus não vai tocá-lo, e James sabe, mesmo sem precisar perguntar, que Regulus não quer ser tocado agora. Há uma mudança que parece frágil, como se pudesse quebrar se eles fossem muito rudes, especificamente James. Ele não é a pessoa mais tediosa, um pouco como um dragão em uma loja de figurinhas, honestamente, mas sabe ser terno. Ele sabe como embalar coisas que precisam ser seguradas em mãos amorosas; parece que é para isso que ele foi criado.

Regulus está, pelo que James sabe, bastante envergonhado com a forma como agiu depois de ter não um, mas dois baseados. Ele dormiu catorze horas inteiras, completamente exausto, depois acordou com o tipo de desorientação e confusão que vem de dormir tanto por tanto tempo. Ao lidar com tudo o que aconteceu, ele ficou tão vermelho que James não conseguiu parar de rir, e Regulus ficou tão mortificado que não conseguiu segurar o olhar de James desde então. Não ajuda o fato de Sirius ter passado os últimos dois dias constantemente provocando Regulus por ser um pouco rebelde.

Just Lovers (like we were supposted to be) - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora