Capítulo 33

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GH.

Marolei com os caras por ali, mas quando deu 1h da manhã resolvi pegar o beco.

Subi na moto dando partida e cheguei na frente de casa, cumprimentando os moleques da segurança.

Quando ia entrando, ouvi alguém me chamando e me virei, vendo uma doida aí que eu ficava.

Michele: Nunca mais me ligou, nem apareceu lá por casa. — Falou me olhando.

GH: Tô de boa por esses tempos, pô, de fiel, tá ligada? — Falei sem paciência pra papo de nega chata.

Michele: Mas e aí? Eu não ligo, tu sabe. — Falou passando a mão pela minha corrente.

GH: O bagulho não é nem que eu tô de fiel, pô. É que eu não quero mermo, se ligou? — Perguntei grosso dando um tapa na mão dela, que fez cara de debochada.

Michele: Logo logo tu enjoa, vou tá te esperando da melhor forma. — Piscou e saiu dali.

Olhei pros seguranças que davam risada e me permiti rir também.

GH: Tão vendo como que é? Essas marmitas cada vez mais folgadas. — Falei e já fui entrando dentro de casa.

Assim que entrei encontrei a Maria Luísa e a Sara assistindo algo na tv, me amarrava pra caralho em ver elas assim, mas fechei a cara e fingi indiferença.

GH: Isso porque tu tava com sono né, filha da puta. — Falei encarando a Maria Luísa.

Malu: Eu tava, pergunta pra Sara quantas vezes já cochilei aqui, só tava te esperando mesmo. — Falou e a Sara concordou, sem tirar os olhos da tv.

GH: Bora subir então, tô cansadão também. E tu. — Apontei pra Sara. — Eu vou colocar um moleque na tua cola, maldita, porque hoje eu não te vi o dia inteiro. Tu se liga. — Falei puto e fui subindo, sendo seguido pela doidinha.

Entrei no quarto e já fui tomando aquele banho e escovando os dentes, Malu entrou e escovou também e depois a gente deitou.

Malu: Você seria capaz de me machucar? — Perguntou puxando o lençol e se virando pra mim.

GH: Do nada, parceira? — Perguntei bloqueando o celular e encarando ela.

Malu: Tipo, agir de acordo com a forma que todo mundo fala que vocês agem, mais cedo ou mais tarde.

GH: Não tô entendendo seus papos, gatinha. Fala mais direta, pô, pergunta o que cê quer. — Falei colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

Malu: Por exemplo, caso um dia eu não queira mais, você vai me perseguir e me impedir de ficar com outras pessoas? Ou até mesmo me matar? — Perguntou e eu segurei o riso, mina maluca, do nada.

GH: Qual foi, perturbada? Tá querendo terminar o bagulho já?

Malu: Não, cara. Só uma hipótese. Preciso saber como você agiria em certas situações. — Falou dando de ombros.

GH: Beleza, Maria Luísa. Assim, cara, não vou mentir, caso a gente termine, vou querer matar quem tu se envolver, tá ligado? Mas só se eu sentir que tu tá fazendo pra me provocar, se eu sentir que tu ainda gosta de mim e tá de cu doce. Mas se tu me disser que não quer mais nada comigo e eu sentir que é na pureza, aí tu vai e segue tua vida, não obrigo ninguém a tá comigo não. Mas vai seguir sua vida bem longe da minha favela e da minha vista, só isso, se ligou?

Malu: Entendi... e se um dia eu fizer algo que você não gosta e te irrite muito, corro risco de você levantar a mão pra mim?

GH: Pô, Malu, vou mentir pra tu não, na hora da raiva eu fico cego, já fiz muita merda por causa disso, então quando a gente se estressar o melhor que tu pode fazer é se afastar um pouco, dar um tempo pra eu colocar a mente no lugar, não quero te machucar de forma nenhuma, te curto pra caralho, já falei isso. — Falei sincero e ela sorriu, puxando minha mão pra ela.

Malu: Tudo bem, amor. Só isso que eu queria saber mesmo.

GH: Amor? Emocionou mesmo, parceirinha. — Falei e ela ficou vermelha, me fazendo dar alta risada.

Gostava de tá assim com ela, na maior paz, transparência, só vivendo o bagulho.

Maria Luísa tava me ensinando um bagulho que mulher nenhuma me ensinou em 40 anos de estrada, pô.

A novinha era mil grau, parceira mesmo, o jeito dela, tudo me fazia ver que ela valia a pena, que por ela valia a pena mudar e me esforçar pra ser um cara da hora, porque era isso que ela merecia.

Era um bagulho de proteção, carinho mesmo, e eu tava ligado que no momento que eu sentir que tô fazendo mal pra ela, vou meter o pé, porque não quero ver ela sofrer por mim, nem por ninguém.

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