Encontro com os mortos

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Segredos, são eles que acabam com nossa dignidade e elo, todo mundo tem um, eu tenho, você tem. Meu irmão tinha, e ele os escondia de todo mundo, inclusive de mim.
Quando dizia que gostava das praias escuras e sozinhas porque não havia ninguém para nós assistir, pensei que se escondia dos julgamentos da sociedade em que vivemos, mas agora sei que ele estava falando de outra coisa, algo muito mais afundo e sombrio, algo que há alguns dias atrás eu considerava besteira.

A sociedade secreta exite, ela é real, e meu irmão fazia parte dela.

Seguro o retrato com as mãos trêmulas, o retrato estava em uma das estantes principais de modo que alguém que entrasse pela porta notaria facilmente, quem deixou ele aqui. Queria que o víssemos.

Queria pedir uma explicação para Erique, mas acho que ele ficou tão surpreso quanto eu, de algum modo eu já sabia, no fundo sempre soube que David escondia algo de mim, julguei ser um segredo qualquer, o subestimei.
Minha reflexão é interrompida pelo baque da porta da frente.
— Alguém entrou.— Afirmou Erique,assutado. Me lembrei dos passos que se afastaram de nós quando entramos.
— Ou saiu!— Levantei uma das sobrancelhas e Erique fez menção de irmos verificar.

Quem quer que seja, se tiver entrado, teremos uma visão perfeita, não seremos pego de surpresa.
Caminhamos com passos finos até o final do corredor, Erique foi na frente. Assim que olhou para baixo, ainda escondido atrás da parede, se voltou para mim, a boca em formato de o, Erique perdeu o equilíbrio e se segurou na gola da minha jaqueta, quem o visse diria que era uma adolescente vendo seu ídolo, mas eu o conheço bem para saber que havia medo em seus olhos, medo porque os conhece o suficiente para saber bem do que são capazes. Não me contive e olhei para baixo, ficando visível para todos lá embaixo. No salão principal há um conjunto de ternos, talvez 20, a sociedade secreta.

Estão todos de costas, mas quando dei passos para frente, o da frentr se virou, me fitou com seus enorme olhos pretos e ansiosos, logo depois os outros se viraram. Procurei por entre seus rostos e não achei quem procurava, nenhum sinal de Ridley ou David.

  Eles não se movem, parecem nem se importar com nossa presença, ou para ser mais exato, talvez até gostassem dela.
Quero respostas, quero perguntar a cada um deles sobre meu irmão, tudo sobre ele, já que os 18 anos que passamos juntos não forma o suficiente para nos conhecermos, quero saber a verdade por trás dos seus segredos que pareciam tão bem compartilhados com eles. Dei um passos a frente decidido, o da frente ergueu a sobrancelha diante minha teimosia, antes de descer o primeiro degrau, Erique me puxou de volta ao corredor.
— Está maluco?
Pisquei os olhos diante de tal situação, eu realmente estava. Se não tivesse preocupado em sair daqui, abraçaria Erique por me impedir de cometer tal burrice.
— Vamos embora daqui.
Abraçaria Erique e até o beijaria se ele não tivesse me tirado desse corredor.
Depois que saímos, eles não vieram atrás de nós, mesmo que fomos ágeis eles são números poderiam ter cercado a casa inteira. Acho que não queriam mesmo que ficassemos na casa, não importa o que tenhamos descoberto, eles só não nós querem por perto.
    — Victor, cuidado.— Erique puxou o volante para não atropelar o cachorro na estrada.
Meu coração foi a mil., Ainda estou com eles na cabeça, pouco me importa e estiverem nos seguindo, apesar de parecem não estar. Dirigi sem rumo, apenas para espairecer as últimas informações, Erique também fez o mesmo, ao menos é o que imagino já que ficou quieto todo esse tempo sem questionar o porquê estamos andando em círculos.
— Quase o atropelou.
— Por um cachorro, Erique, sério? É com isso que está preocupado agora?
— Gritei e ele me olhou indiferente.
—Desculpa! É que, como você consegue ficar calmo em uma situação como essa?
— Quer dizer em ver algo que eu sempre soube e inclusive te alertei que existia?
— É, mas você não tinha certeza, eram só suposições.
— Eu sempre soube que existiam, Victor.  Você quem nunca acreditou.
— Tá mas agora eu acredito.
— Pelo menos isso, seria ignorância demais da sua parte se não acreditasse.
— Mas, em fim. Onde vamos agora? Não me diga que quer ir para casa, não é?
— Não! —Disse com os olhos firmes na estrada escura e chuvosa. — Quero saber a verdade de uma vez por todas, quero saber se Teddy Ridley está ou não vivo.
— Então vamos...— perguntou Erique ainda indeciso.
— Para onde vão os mortos quando morrem, Erique?
— Não sou muito religioso.
— Seus corpos, não suas almas.
Ele pensou um pouco e quando entendeu me olhou ansioso e assutando.
— Vamos ao...
Antes dele terminar a frase assenti com a cabeça.
Se não me engano, Erique disse que seu corpo fora enterrado no cemitério  de Santa Carla, me pergunto o porquê ele não preferiu ser enterrado na própria propriedade, isso se ele realmente estiver morto. A melhor forma de saber se o defunto realmente está sem pulsação quando o taxaram como morto, é olhando o seu túmulo.

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⏰ Última atualização: Mar 12 ⏰

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