10| o que são esses lugares perfeitos?

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"Toda noite, eu vivo e morro, sinto a festa até meus ossos

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"Toda noite, eu vivo e morro, sinto a festa até meus ossos. Assisto quem torra grana estourar caixas de som, regurgito minhas entranhas sob a luz do outdoor, é só mais uma noite sem graça. Odeio todas as manchetes e o tempo, eu estou com dezenove anos e em chamas, mas quando estamos dançando, eu fico bem, no fim, é só mais uma noite sem graça"

CARLOS SAINZ

Verona e eu não trabalhamos mais juntos.

Não tem um grande motivo por trás, ela apenas recebeu uma proposta melhor de outra equipe e decidiu que iria aceitar. Também não foi a maior das mudanças, agora ela é a chefe de comunicações da Racing Bulls, ainda estamos juntos. Agora, não viajamos juntos mais, na maioria das corridas ela nem está, tem outras responsabilidades e, como sempre, eu entendo. Só que sinto falta de matar meu tempo fugindo com ela para algum canto do paddock, sinto falta de seu abraço quando subo no pódio e é por isso que mando tantos beijos para a câmera, pois sei que ela está me assistindo. Bom, ela e você também.

Mais uma vez estava voltando para casa, essa é a minha parte favorita, voltar para os braços dela e ficar ali dentro por horas. Acho que ainda não superei todas aquelas vezes que Verona e eu nos separamos, já que estou sempre com saudade e com um certo medo de perdê-la, ela acha isso engraçado, dá para ver em seus olhos que se diverte com a minha carência. Entendo, não deve ser muito normal ver um homem se humilhando por um abraço, o problema é que faço isso bem mais do que gostaria de admitir.

Havia sido uma boa etapa do campeonato, Max e eu subimos juntos ao pódio, desta vez, subi no lugar mais alto e, como sempre, queria que eles estivessem lá. Não era o mesmo sem ela, acho que passei tanto tempo sendo recebido em seus braços depois de um pódio que fiquei mal-acostumado, mas ela tinha os seus motivos. Liam Lawson estava sendo o orgulho de minha esposa, o garoto estava voando na Racing Bulls, chegou a tirar o Verstappen na qualificação de Singapura outra vez e estava conquistando tantos pontos que ninguém conseguia acreditar.

Bom, eu acreditava. O garoto era motivo de orgulho para a minha família, minha esposa o havia adotado quase como um filho, ele comia em nossa casa sempre que podia e, às vezes, ela passava o tempo que tinha com ele antes de uma corrida. Ele era quase nosso filho e eu sentia um grande orgulho dele. Sempre quis ter um pupilo, queria ser para alguém o que Alain Prost foi para mim, não tive muito como escolher, aquele garoto caiu no meu colo e eu não poderia agradecer mais.

Minha esposa também tinha uma parcela de culpa nessa relação, afinal, ela me obrigava a tomar conta dele, tudo bem, ele era um jovem um tanto inconsequente e precisei buscá-lo na balada duas vezes, ele bebia demais. Em partes eu o entendia, era um piloto na maior categoria de automobilismo da história e parecia estar no ápice da testosterona, era compreensível, na idade dele fiz coisas piores. O que, parando para pensar, era estranho. Londres não era minha cidade favorita, estava tão longe de ser, mas nossos trabalhos estavam ligados aquele lugar e, bom, não tinha como reclamar nem mudar muito.

Melodrama| Carlos Sainz.Onde histórias criam vida. Descubra agora