"Espalhe a notícia: você está indo embora ser um homem bom para outra pessoa. Desculpe, eu nunca fui boa como você, você ficava no meu peito e me deixava para baixo. Odiava ouvir meu nome nos lábios de uma multidão, fiz o meu melhor para existir só para você. Aposto que você se arrepende do dia que beijou uma compositora no escuro, agora ela tocará e cantará e te trancará em seu coração."
Carlos foi reconhecido três vezes no aeroporto.
Verona imaginou que aquilo fosse acontecer, mas ao contrário do que ela poderia esperar, ele não se estressou com a situação. Estava no carro a caminho do hotel quando ela mandou uma mensagem, estava dizendo que entraria em reunião, mas a porta do quarto estaria aberta e ele poderia apenas entrar. Não disse nada sobre o seu coração estar acelerado, nem mesmo sobre o quanto estava ansiosa para vê-lo outra vez, imaginou que ele soubesse todas aquelas coisas e, de certa forma, ele sabia. Estava se sentindo igual.
Poderia passar anos e anos longe dela, mas continuaria a amar da mesma forma. Não mudou nada, nem mesmo o frio na barriga por encontrá-la depois de muito tempo. Suas mãos estavam geladas, o motorista até tentava falar alguma coisa em espanhol, mas ele estava fora de órbita, respondia o que dava, sua mente pensava apenas no abraço que queria ofertar a ela. A semana que passariam no Brasil seria apenas o começo de tudo, as coisas voltariam a ser como eram, o amor iria voltar, se bem que ele nunca foi embora de verdade.
O hotel ficava em Ipanema e não parecia chegar nunca. Carlos já havia visitado outra vez, também com Verona, era mais um daqueles lugares que, com o tempo, se tornaram deles. Poderia acrescentar Mallorca, Porto Cervo e a própria cidade de Verona — sim, essa ironia os perseguia —, também poderia pensar em todos os lugares que ainda visitaria ao lado dela. Queria conhecer seu apartamento em Shanghai e todos os outros destinos que ainda estava por esperar. O carro parou e ele deu uma boa gorjeta, em euros, para o motorista.
Desceu e pegou sua mala com rapidez, torceu para que ninguém o visse, todavia, não importava muito também. Parou na recepção apenas para pegar um cartão e tê-lo consigo durante toda a viagem, afinal, ele conseguia perder aquilo com uma facilidade de impressionar, chegava a ser motivo de briga entre eles e, no momento, eles estavam longe demais desse cenário. Apertou os botões do elevador com pressa, teve raiva até da velocidade que ele subia, só queria chegar logo. Era tudo o que precisava.
Andou pelo corredor com pressa, lamentou-se mentalmente por estarem no último quarto do último andar, como poderiam sobreviver a tal tortura? O tempo parecia complicar de propósito. Ele não forçou o passo e entrou. Logo ouviu a voz que fazia seu coração errar as batidas. Andou devagar até o quarto que ficava antes da sala. Enrolou-se lá dentro, deixou a mala em algum lugar, tirou o agasalho que usava devido ao frio do avião e caminhou até a porta. Foi ali que a viu, estava sentada no chão, usava fones de ouvido e conversava com seu inglês perfeito.
Não era o melhor dia para ele, havia sido um dia complicado. Recebeu notícias ruins ainda no avião, estaria fora da equipe na próxima temporada, não poderia estar mais arrasado, todavia, se consolava com a volta de sua amada. Verona o viu e abriu um sorriso de orelha a orelha, levantou seu dedo indicador e mostrou que em três minutos ficaria pronta para conversar, ele se sentou em uma poltrona que ficava de frente para ela e tentou não morrer de ansiedade. Pegou o celular e abriu qualquer aplicativo, apenas para ver o tempo passar.
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Melodrama| Carlos Sainz.
FanfictionVocê consegue sentir o que é amor? Ele é complicado, quase sempre desastroso e, em alguns casos, feliz. Verona e Carlos precisaram de anos para entender que se amavam de verdade, mas, no caso deles, as coisas nunca foram simples. Entre idas e vinda...