Quatro

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— Que droga! — Kylie olhou novamente para a mensagem de texto

imaginando que ela fosse desaparecer ou esperando que uma "brincadeirinha" fosse

aparecer num passe de mágica no final. Nada desapareceu nem apareceu. Não era

uma brincadeirinha.

Mas espere um pouco. Sara não podia estar grávida. Isso não acontecia com

garotas como ela. Garotas espertas... Garotas que... Ah, bobagem! Isso acontece com

qualquer garota que transa sem camisinha. Ou transa com camisinha vagabunda.

Como poderia esquecer aquele filminho da escola que a mãe lhe recomendou?

Ou os folhetos que a mãe tinha levado para casa e, sem nenhuma cerimônia, deixado

sobre o travesseiro de Kylie como se fossem biscoitinhos para a hora de dormir?

Um balde de água fria. Kylie voltava para casa depois de um dos encontros

mais quentes com Trey, querendo reviver o melhor dos beijos excitantes e das

carícias ousadas, apenas para se deparar com estatísticas de gravidez e doenças

venéreas indesejadas. E a mãe sabia que Kylie só dormia depois de ler um pouco.

Naquela noite, não houve doces sonhos.

— Más notícias? — perguntou alguém.

Kylie ergueu a cabeça e viu á Garota do Sapo ocupando o assento vizinho do

outro lado do corredor, com as pernas junto ao peito e o queixo sobre os joelhos.

— Hum... Sim... Não. Quer dizer... — queria dizer que aquilo não era da conta

dela, mas ser grossa nunca foi seu forte. Bem, a menos que a pessoa realmente

pisasse nos seus calos, calos que sua mãe parecia conhecer muito bem. Sara tinha

dado à incapacidade de Kylie de ser mal-educada o nome de síndrome da "boa

moça". A mãe chamaria de boas maneiras; mas, como era mestra em causar reações

explosivas em Kylie, achava que a filha tinha lá suas falhas nesse departamento.

Kylie fechou apressadamente o celular para o caso de a Garota do Sapo ter

uma visão aguçada demais. Mas concluiu que devia se preocupar mais com a visão

aguçada do carinha loiro, com seus... Virou-se para o lado dele — e ele a olhava com

olhos... Azuis! Bem, pelo menos uma coisa estava clara: nada ali poderia ficar mais

esquisito do que já era.

— Sério, não é nada — disse, forçando-se a olhar para a Garota do Sapo sem

reparar em seus cabelos multicoloridos. O ônibus freou de repente e a mala de Kylie

caiu no chão. Ciente de que o loiro continuava de olho e com receio de que o assento

vazio fosse um convite para ele se aproximar, apressou-se a recolocar a mala na

poltrona.

— Meu nome é Miranda — sorriu a garota.

Kylie notou então que, tirando o cabelo e o sapo de estimação, ela parecia

bem normal. Kylie se apresentou, olhando rapidamente para confirmar que não

havia ali nenhum sapo.

— É a sua primeira vez em Shadow Falls? — perguntou Miranda.

Nascida à Meia-Noite - (Saga Acampamento Shadow Falls, #1) Onde histórias criam vida. Descubra agora