Vinte e Um

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— Dois sujeitos querem falar com você — avisou Holiday, fazendo-a entrar para no escritório. 

— Quem? — perguntou Kylie, desejando que Della tivesse se enganado. 

São da UPF. 

Kylie já tinha ouvido essa sigla várias vezes desde que chegara ao Acampamento Shadow Falls. Mas agora, quando as três letras se entrelaçaram em sua mente, uma nova versão lhe ocorreu: União de Pessoas Fantásticas. 

— Eles patrocinam este lugar — acrescentou Holiday, ajudando-a a subir os degraus. 

— Por quê? — quis saber Kylie, parando à porta. Por que querem conversar comigo? — Não estava certa de ser uma pessoa "fantástica".

O olhar de Holiday se suavizou.

— Principalmente curiosidade. Eles nunca viram ninguém que não pudessem ler.  

— Mas você não me disse que isso era comum com pessoas que veemfantasmas?

Holiday parecia buscar as palavras.  

— Não é só porque não a conseguem ler, Kylie. É também porque consideram um tanto bizarro o que conseguem captar de seu padrão cerebral.

A dor de cabeça de Kylie voltou. E o medo de ter mesmo um tumor agitou-lhe o peito. Viu-se de cabeça raspada e com cicatrizes imensas e horrendas serpenteando por seu couro cabeludo. Era horrível. Mas igualmente horrível seria admitir que fosse tão bizarra quanto outros. 

— Você é especial e eles sentem isso. Portanto, venha logo. Só vai levar um minuto e depois poderemos ter nossa própria conversa.

A mão de Holiday nas costas de Kylie ficou mais quente. Kylie soube de imediato que a líder do acampamento podia manipular emoções tanto quanto Derek. Todo o seu medo de ter um tumor e de entrar em contato com a União de Pessoas Fantásticas se desvaneceu quando o calor da mão de Holiday a penetrou. 

— Por que está fazendo isto? — Kylie afastou-se um pouco.

— Fazendo o quê?

— Tentando me acalmar — procurou ficar longe do alcance de Holiday.

Holiday arregalou os olhos.

— Uau! Pode sentir isto? Impressionante — tocou Kylie de novo. — Significa então...

— Pare — Kylie recuou novamente. Não lhe interessava o significado de "impressionante", ao menos no momento; estava, isto sim, preocupada o que lhe pudesse acontecer dentro do escritório e com a possibilidade ter um tumor no cérebro. — Você quase me faz achar que devia ter medo.

Holiday discordou com a cabeça. 

— Não há motivo para ter medo de nada — aproximou-se de novo e ficou olhando para sua mão.

Holiday ergueu as mãos.

— Confie em mim.

— Sinto muito — disse Kylie —, mas tenho passado maus bocados do em pessoas que podem manipular minhas emoções — de certa forma, referia-se também a Derek.

Holiday suspirou.

— Acredite ou não, Kylie, respeito sua atitude. Mas agora você deve com aqueles homens. Nada de ruim vai acontecer a você. Dou minha palavra.

Embora ainda não estivesse completamente convencida, ao olhar note para a expressão de Holiday, grande parte das preocupações de desapareceram. Mas isso se devia agora à sua própria intuição e não à influencia da líder. Por algum motivo, seus instintos lhe diziam que podia confiar em Holiday — talvez, por falta de opção. Em vários sentidos, Kylie era uma prisioneira no acampamento.

Nascida à Meia-Noite - (Saga Acampamento Shadow Falls, #1) Onde histórias criam vida. Descubra agora