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Maya Fiore
13 de abril de 2023
Los Angeles

Definitivamente a vida real é mais complicada do que a fantasia que vivi nos últimos tempos. Havia chegado em casa havia dois dias, Oliver e Mamãe me questionavam sobre o que eu fazia junto de Marquezine, parecia que eu estava fora de mim.

- Você sempre odiou ela e agora prefere ir pra um lugar onde ela está ao invés de vir pra casa. - Patricia disse, sua postura era de indignação, a mulher mexia as mãos rapidamente e esperava minha resposta.

- Quis só refrescar a cabeça, mãe. - Disse enquanto fazia nas orelhas de Augusto. - Não preciso ficar te explicando tudo que faço.

- Precisa sim, eu sou sua mãe. - Ela disse rapidamente e eu respirei fundo.

- Eu não odeio mais ela, tá? A gente resolveu tudo que tinha no passado, simples assim. - Disse sem paciência e olhei para o rosto de minha mãe. - Oliver quem me encheu o saco pra tentar ser simpática, fui e nos resolvemos.

- Você sabe que ela e você não tem nada a ver? - Minha mãe disse e eu sorri.

- A gente tá bem próxima, pode ficar tranquila, eu sei com quem ando. - Disse com o maxilar rígido de irritação.

- Você não sabe de nada, Maya. - Ela disse como se dissesse uma verdade absoluta. - Você não pode dar chance pras pessoas, bem capaz que ela te use pra ganhar um papel na sua série e depois te esqueça.

- Ela tá fazendo um puta filme, não tem o mínimo cabimento isso. - Disse e minha mãe riu.

- E você acha que ela quis virar sua amiga, simples assim? - Eu concordei. - Ingênua, isso não existe nós dias de hoje, você não entende mesmo, né?

- O que? - Disse e ouvi minha mãe respirar fundo.

- As pessoas se aproximam por ser interessante pra elas, pouco se importam com você. - Minha mãe disse e eu engoli seco.

- E o que isso tem a ver com a Bruna?

- Que ela não se aproximou de você por causa de querer te ter por perto, você pensou que era? - Fiquei quieta e ouvi um riso. - Filha, você precisa ver o mundo real, não existe mais isso, você tem dinheiro, fama, as pessoas não se importam com quem você é.

- Tá. - Disse me levantando, fui até meu quarto e fechei a porta, não queria ouvir mais nada, não queria mais nada mesmo. Não faz sentido, óbvio que não faz sentindo, não são assim as coisas, Marquezine definitivamente não está comigo por interesse.

Eu me deito e abraço meu travesseiro, apenas tento abafar as vozes de meus familiares conversando, mas eles riam alto, gritavam enquanto conversavam, eu simplesmente queria sumir.

Me levanto e pego uma mochila, coloco roupas, minha escova de dente, creme, perfume, desodorante e minha carteira. Coloco-a em minhas costas e saio em direção de meu carro.

- Onde tá indo? - Ouvi minha mãe gritar e eu respirei fundo me virando pra ela.

- Por aí. - Disse e sai de casa, sabia que ela ia encher meu saco por essa resposta, era óbvio. Ela saiu atrás de mim e bateu no vidro do carro enquanto eu estava lá dentro. - Fala. - Disse abaixando o vidro e vi sua expressão brava.

- Onde você vai? - Ela disse firme e eu respirei fundo.

- Na casa de uma amiga, só isso.

- De Marquezine? - Ela disse e eu fiquei quieta. - Se for, você não vai, eu não deixo.

- Eu tenho vinte e cinco anos, não preciso que você deixei nada. - Disse frustrada com essa conversa estar acontecendo.

- Você vive comigo, eu ainda mando em você. - Respirei fundo e segurei firme no volante.

- Não, não manda. - Disse e a encarei. - Eu quem pago tudo nessa casa, aluguel, conta, comida, literalmente tudo, além de também ajudar em uma parte do seu lazer luxuoso, mas nunca disse nada. - Engoli seco e continuei. - Eu vou ver de ir morar em outro lugar, não dá mais pra mim aqui, então veja se pensa como me tratar melhor quando a gente se ver de vez em quando.

- Mas e nós dois? - Ela disse se referindo a ela e Oliver.

- Eu só vou pagar o aluguel e as contas em respeito a vocês, mas assim como eu faço, vocês vão ter que fazer alguma coisa da vida se quiserem ter essa vida de agora, eu tenho meu dinheiro por conta de meu esforço e você só enxerga ele, não vê que antes de qualquer número na minha conta do banco existe uma pessoa. - Disse e a mulher se virou raivosa, ela entrou na casa e fechou a porta. Eu saí o mais rápido que consegui e dirigi até a casa de Marquezine que ficava alguns minutos da minha. Assim que estacionei na frente da casa da morena deixei com que as lágrimas rolassem, apoiei minha cabeça no volante e soluçava em desespero.

- O que eu tô fazendo? - Disse pra mim mesma, mas eu não sabia a resposta. Eu não sabia se eu deveria tocar a campainha de Marquezine, eu não sabia se deveria ter saído de casa e eu não sabia nada sobre o que faria.

Eu definitivamente estava perdida.

Peguei minha mochila e nem fiz questão de colocar em minhas costas. Toquei a campainha de Marquezine, o tempo parecia passar arrastado, mas logo a porta foi aberta e vi a figura da mulher mais linda do mundo, ela vestia uma camiseta branca larga que a cobria como um vestido. Seu rosto tinha uma maquiagem iniciada e seu cabelo estava arrumado. Bruna ia sair e eu estava atrapalhando.

- Eu volto outra hora. - Disse e Bruna franziu as sobrancelhas.

- Não. - Bruna disse e se aproximou de mim. - você tá chorando? O que aconteceu? - Ela colocou as mãos em meu rosto e depositou um beijo em minha testa.

- Eu tô atrapalhando, depois eu te conto. - Disse tentando me afastar de Marquezine.

- Você prometeu ser verdadeira comigo, Maya. - Bruna disse e eu respirei fundo.

- Amor, não faz isso comigo, por favor. - Disse e Bruna me abraçou.

- Fazer o que? - Bruna disse e eu só relaxei em seus braços.

- Minha mãe falou merda, de novo. - Disse e senti Bruna soltar um longo suspiro. Ela estava cheia desse assunto e eu estava atrapalhando. - Eu vou embora, vou atrapalhar sua noite.

- Maya, você não vai atrapalhar minha noite, eu ia jantar com Sasha, posso muito bem fazer isso amanhã ou depois. - Bruna disse e me trouxe pra dentro de sua casa. - Fica e conversa comigo, me fala o que ela disse.

Respirei fundo e continuei chorando no abraço de Marquezine.

Competição - Bruna MarquezineOnde histórias criam vida. Descubra agora